Em tempos de bandeira tarifária vermelha, a ordem é economizar

Energia elétrica tem custo adicional de R$ 4,46 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos

Por Vinicius Camargo

Luiz Antonio tem estratégias para economizar energia elétrica e as medidas têm dado certo


Banhos rápidos; acumular roupas para lavar e passar; manter eletrônicos e eletrodomésticos fora das tomadas; e deixar luzes apagadas. Essas são as medidas adotadas por sorocabanos para tentar economizar energia e, consequentemente, dinheiro. As ações se tornaram necessárias após a adoção da bandeira tarifária vermelha em setembro e a expectativa de que o valor adicional na conta de luz siga até o fim do ano. Para ajudar os clientes a poupar, a CPFL Piratininga elaborou um guia com dicas de como reduzir o consumo.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adotou a taxa de cobrança mais alta devido à previsão de escassez de chuvas e ao tempo seco, com temperaturas altas. Segundo o órgão, esse clima motivou o acionamento de usinas térmicas, aumentando os custos da operação do sistema elétrico. Enquanto vigorar a bandeira vermelha, serão cobrados R$ 4,46 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Há maneiras de ao menos diminuir os impactos dessa alta na tarifa de energia, para evitar sustos no fim do mês. Uma das recomendações da CPFL é escolher equipamentos com selo de eficiência do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)/Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Mas, não basta só optar por produtos com essas certificações; é preciso, também, usá-los de forma correta, lícita e segura.

Segundo a distribuidora, o chuveiro é o aparelho com maior demanda energética, respondendo por 35% do consumo mensal das casas. Esse percentual pode ser reduzido para 30% com o ajuste da temperatura para a posição verão e banhos rápidos. Já a geladeira representa de 25% a 30% da conta. Para baixar o gasto gerado pelo eletrodoméstico, deve-se evitar abrir a porta sem necessidade e colocá-lo longe de fontes de calor.

Com consumo de 15% a 25%, as lâmpadas podem ser trocadas por modelos de led, pois eles são 85% mais econômicos em relação aos incandescentes. Vale, ainda, aproveitar a luz natural, sempre que possível. Outra dica é instalar o ar-condicionado — cujo peso na conta é de 15% — em local bem ventilado, manter portas e janelas fechadas, além de limpar os filtros regularmente.

Atenção com novos aparelhos

Novos aparelhos, como adegas e cervejeiras, podem consumir mais, de acordo com a CPFL. Por isso, é importante conhecer as demandas de cada um e planejar a utilização. A companhia informa que uma cervejeira, por exemplo, consome cerca de 130 kWh por mês, e uma geladeira comum, apenas 83 kWh.

Rever os hábitos

Moradora de uma casa com quatro pessoas, a servidora pública Maria de Fátima Vicente, de 40 anos, adota algumas dessas medidas para a conta de luz não pesar no bolso. Ela, o marido e os dois filhos só tomam banhos rápidos. Acumulam roupas para lavar apenas duas vezes por semana. Passam somente as peças muito amassadas. Durante o dia, deixam as luzes apagadas e aproveitam a iluminação natural. Evitam assistir televisão por longos períodos. Mantêm eletrônicos e eletrodomésticos desconectados, quando eles não estão em uso. Inclusive, a sorocabana conta que não deixar nada ligado na tomada é uma das providências que mais a ajudam a poupar. “Eu economizo de R$ 20 a R$ 30 na minha conta de energia”.

Pode parecer curioso, mas Maria também utiliza todos os aparelhos, principalmente para cozinhar, na voltagem maior, de 220 volts. E ela tem uma explicação para isso. “Eu prefiro, porque, quanto mais potente, mais rápido é o preparo (dos alimentos) e menos tempo (o equipamento) fica ligado”.

O porteiro Luiz Antonio Feitosa, de 40 anos, toma quase todas essas mesmas providências. Ele e a mãe têm até uma estratégia para tomar banho quente sem precisar colocar o chuveiro nas fases mais fortes. “Procuramos tomar banho no final do dia, porque a claridade do sol bate na caixa d’água e aquece a água por um longo período”, diz.

De acordo com Feitosa, as ações dão resultado, porque paga R$ 90 de energia e considera o valor razoável. “A economia gira em torno de 30% a 40%”. Para economizar ainda mais, ele pretende, futuramente, instalar sistema de aquecimento solar em sua residência. (Vinicius Camargo)