O que leva alguém a causar incêndios?

As pessoas que causam incêndios propositais podem ser piromaníacas (com fascínio por atear fogo em coisas ou pessoas), mas essa não é a única explicação para essa conduta. Segundo uma psicóloga e uma psiquiatra, alguns são apenas incendiários e cometem os crimes para obter benefícios ou prejudicar terceiros. Outras, embora não enfrentem a piromania, provocam as queimadas por estar com a saúde mental abalada.

Conforme o Corpo de Bombeiros, a maioria das ocorrências registradas recentemente na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) foi ocasionada por ação humana. No dia 14, um homem foi flagrado colocando fogo em uma área de mata na avenida Paraná, entre os bairros Cajuru e Éden. As chamas atingiram boa parte da vegetação. Ninguém ficou ferido. Na última sexta-feira (20), um homem foi detido por policiais ambientais ateando fogo também em uma área de mata ao lado da rodovia SP-250, em Piedade.

De acordo com Jane Mary dos Santos, psicóloga clínica e hospitalar, incendiários agem por maldade, enquanto piromaníacos possuem um transtorno psíquico. Os pacientes com essa mania não conseguem controlar os seus impulsos e acabam iniciando as queimadas. “Ele (piromaníaco) sente prazer em incendiar, porque esse ato alivia a sua ansiedade”, explica a terapeuta.

Jane informa que, além do fogo, essas pessoas gostam do processo de planejamento da ação e da confusão gerada pelo incêndio.

Em outros casos, o incêndio internacional não está relacionado ao distúrbio, mas sim a problemas emocionais. Segundo a psiquiatra Silvia Helena Cardoso, a atitude impulsiva também pode ter ligação com situações de estresse e incapacidade de administrar sentimentos. “Para sentir-se melhor, o indivíduo exterioriza emoções negativas por meio de comportamentos destrutivos.”

A piromania

A origem da compulsão pelo fogo apresenta associação com relações parentais abusivas e negligentes, assim como traumas. A psicóloga Jane diz que não é possível estabelecer relação entre o transtorno e a psicopatia, porque diversos estudos ainda estão em andamento e trata-se de uma análise complexa.

No entanto, conforme a psiquiatra Silvia, piromaníacos apresentam algumas características de psicopatas. São elas: egocentrismo, falta de empatia e remorso, comportamento antissocial e dificuldade de inibir ações prejudiciais aos outros.

Apesar desses comportamentos serem indicativos, o transtorno não possui sintomas bem definidos. “São indivíduos que procuram não chamar a atenção. Então, não tem como classificar que isso ou aquilo é um sintoma”, esclarece Jane.

Tratamento

O transtorno tem tratamento com a psicoterapia e o acompanhamento com psiquiatra. A terapia comportamental é outro recurso empregado.