Volta do horário de verão divide opiniões

Governo federal avalia se vai retomar a medida para reduzir consumo de energia em horário de pico

Por Vinicius Camargo

Se os relógios forem adiantados em uma hora haverá mais tempo de iluminação natural para tarefas do dia a dia


A possibilidade de retorno do horário de verão — extinto desde 2019 — divide opiniões entre os sorocabanos. Alguns consideram que adiantar o relógio em uma hora permite aproveitar melhor o dia e oferece mais segurança na volta para casa após o trabalho. Outras pessoas discordam da medida, pois teriam de acordar ainda mais cedo. Há também quem já está acostumado a levantar da madrugada e, por isso, é indiferente à decisão de se adiantar os relógios em uma hora ou não.

O regresso do horário diferenciado foi recomendado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), entidade responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia. O governo federal ainda avalia.

Segundo o ONS, o objetivo é garantir a segurança do fornecimento de energia no País, já que o prolongamento da estiagem tem afetado a capacidade dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Ainda de acordo com o ONS, a seca exige o acionamento frequente das termelétricas, gerando aumento na conta de luz. Com a medida, a mobilização dessas usinas diminuiria.

Favorável à mudança, a diarista Larissa Jaqueline Aparecida da Rosa Venceslau, de 29 anos, aponta pontos positivos e negativos. Acordar mais cedo é ruim, mas ela se sente mais segura para ir embora das residências onde trabalha. “É melhor, porque está de dia ainda. À noite, é muito perigoso, porque está tendo muitos roubos.”

Larissa também acredita ter mais tempo para as tarefas domésticas. Por outro lado, a hora demora para passar enquanto está trabalhando, diz ela.

O aposentado João Monteiro, de 59 anos, concorda com a medida, mas com ressalvas. Como anoitece mais tarde e o dia se prolonga, ele consegue realizar mais programas externos de lazer. Porém, o ajuste no relógio afeta a qualidade do seu sono. Além disso, o sorocabano não vê alteração no valor da tarifa de energia.

De acordo com Monteiro, devido às mudanças climáticas o calor permanece durante o dia todo, com ar-condicionado e ventilador mais tempo ligados. Para ele, com o aumento do período de claridade, o uso desses equipamentos aumentaria e, consequentemente, o consumo de energia também. “Você acha que vai reduzir a conta? Vai aumentar mais ainda”, considera.

Contrária ao horário de verão, a vendedora Gessilda Dourado, de 63 anos, não nota qualquer redução na tarifa. Ela ainda critica o fato de poder dormir menos, sendo que já tem poucas horas de sono. “Eu levanto às 5h e teria que levantar às 4h.”

O radialista Decio Clementino, de 69 anos, não possui opinião formada. Segundo ele, como é acostumado a acordar de madrugada, por causa do seu programa, a sua rotina não muda com ou sem a alteração. “Levanto às 2h da manhã há 40 anos”, conta. (Vinicius Camargo)