Diálogo e apoio da família são armas contra o suicídio

Perceber sinais de alerta pode ajudar na prevenção

Por Gabrielle Camargo Pustiglione

CVV de Sorocaba, que atua na prevenção ao suicídio, atende cerca de 7,9 mil pessoas por mês"É muito importante conversar com alguém de confiança e não hesitar em pedir ajuda", orienta psicóloga

Setembro é o mês da campanha de prevenção ao suicídio. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, todos os anos, mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida em todo o planeta, ou seja, uma a cada 100 mortes registradas. Ainda de acordo com a OMS, a taxa mundial de suicídio está diminuindo — caiu 36% entre 2000 e 2019. Nas Américas, no entanto, a tendência segue caminho inverso, aumentando cerca de 17% no mesmo período. Entre os jovens de 15 a 29 anos, essa é a quarta causa de morte mais recorrente, atrás de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

A psicóloga Ana Sílvia Carvalho de Oliveira, explica que o suicídio é uma ocorrência complexa, influenciada por fatores psicológicos, biológicos, sociais e culturais. “Apesar de 68% dos brasileiros relatarem sentimento de nervosismo, ansiedade e tensão, mais da metade da população nunca procurou um profissional da saúde para lidar com questões relacionadas a transtornos de ansiedade”, salienta a profissional.

Prevenção

A boa notícia, segundo Ana Sílvia, é que o suicídio pode ser prevenido. Para isso, saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo pode ser o primeiro e mais importante passo. “Um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais que chamam a atenção de familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo, como o aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas”, explica a psicóloga, acrescentando que “essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real”.

Ana Sílvia ressalta que as pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.

“Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida podem ser insuportáveis. Pode ser muito difícil saber o que fazer e como superá-los, mas existe ajuda disponível. É muito importante conversar com alguém de confiança e não hesitar em pedir ajuda”, lembra a profissional.

Valorização da Vida

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma referência no Brasil quando se trata de apoio emocional e prevenção ao suicídio. Criado em 1962, em São Paulo, o serviço atende pessoas de todo o País de forma gratuita, com sigilo e anonimato.

Em Sorocaba, o CVV oferece apoio emocional gratuito 24 horas por dia, em todos os dias da semana, por meio de 88 voluntários. Em 2023, a instituição local atingiu mais de 100 mil atendimentos. Neste ano, foram mais de 55 mil somente até julho. Segundo Alcebiades Alvarenga, um dos fundadores do CVV Sorocaba, cerca de 7,9 mil pessoas recebem atendimento mensalmente na cidade.

O CVV oferece atendimento pelo telefone 188 — sem custo de ligação —, por chat, e-mail e carta. Além disso, a entidade disponibiliza em seu site (https://www.cvv.org.br/conheca-mais/) material para que as pessoas possam se informar a respeito do tema.