Consciência Negra: uma conquista histórica e que merece reflexões
Representantes da comunidade negra ressaltam debate sobre a inclusão e contra o racismo
Sorocaba e o Brasil celebram o primeiro feriado nacional dedicado ao Dia da Consciência Negra hoje (20), um marco importante na valorização da cultura afro-brasileira e na luta pela equidade racial. Desde 2007 a data já era feriado municipal em Sorocaba e, em 2023, foi oficializada como feriado no Estado de São Paulo. Agora, em 2024, ela é reconhecida em âmbito nacional, uma medida que reflete o crescente reconhecimento da relevância histórica e cultural da comunidade negra no País.
O dia 20 de novembro foi escolhido para homenagear Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 1695 por tropas portuguesas. Zumbi é símbolo da resistência à escravidão e da luta por liberdade, sendo incluído no Livro dos Heróis da Pátria desde 1997.
Além de recordar a trajetória de Zumbi, a data é um momento de reflexão sobre as desigualdades raciais ainda persistentes no Brasil. Para a jornalista Luciana Araújo, integrante do movimento Mobiliza Saracura Vai-vai, é essencial manter o debate sobre a inclusão social e o enfrentamento ao racismo. “Ainda falta muito para a população negra estar em igualdade social com os não negros no Brasil”, afirma.
Em Sorocaba, o Dia da Consciência Negra é marcado por eventos que destacam a cultura afro-brasileira, como a Feira Crespa. A feira acontecerá hoje (20), das 13h às 22h, no Parque das Águas, localizado no Jardim Abaeté. Além de atrações musicais gratuitas, o evento contará com Praça de Alimentação, com 15 barracas alimentícias, além de mais 34 barracas de artesanato, vestuário e beleza, que contemplam as culturas africana e afro-brasileira.
Realizada pela Prefeitura de Sorocaba, por meio da Coordenadoria de Igualdade Racial da Secretaria da Cidadania (Secid) e da Secretaria de Cultura (Secult), o evento é aberto ao público e celebra a data com o intuito de valorizar e divulgar essa importante interação entre as culturas brasileira e africana.
Gleice Barbara Marciano, pesquisadora do Núcleo de Cultura Afro-brasileira (Nucab) da Universidade de Sorocaba (Uniso), enfatiza a importância da data para o reconhecimento histórico e a manutenção das tradições. Descendente de uma família negra sorocabana, ela destaca o peso simbólico do feriado. “Sou da terceira geração livre brasileira e carrego comigo toda essa história de negritude. E, desta forma, meus avós, pais, irmãos, filhos, sobrinhos, sobrinhos-netos continuamos a manter nossa ancestralidade de geração a geração”, afirma Gleice.
O feriado é celebrado depois que seis estados brasileiros — São Paulo, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro — já haviam oficializado a data. A inclusão no calendário nacional é um passo importante para reforçar a conscientização em todo o País.
Criado como movimento em 1971, em Porto Alegre, pelo poeta Oliveira Silveira e o Grupo Palmares, o Dia da Consciência Negra foi incorporado ao calendário oficial em 2011, durante o governo de Dilma Rousseff. Ainda assim, sua adoção como feriado vinha sendo limitada a pouco mais de mil municípios. (João Frizo - programa de estágio)