Ibrapper pede ajuda para manter atendimento

Instituto dá assistência atualmente a 440 pessoas ostomizadas em Sorocaba e custos aumentaram

Por Gabrielle Camargo Pustiglione

Pacientes recebem práticas terapêuticas por meio do trabalho de voluntários

O instituto Ibrapper, instituição que atende pacientes oncológicos com o trabalho de voluntários em diversas especialidades, pede ajuda para continuar o atendimento e ofertar bolsas coletoras para pacientes ostomizados. A presidente Cleide Machado falou sobre a luta pela busca de dignidade para os ostomizados, que são pacientes que passaram por procedimentos para nova abertura ou caminho para a eliminação de urina e fezes.

Segundo Cleide, a instituição teve um grande crescimento de atendimentos desde que o serviço de distribuição de bolsas coletoras no Hospital Regional foi encerrado há três anos. “Nós estamos conseguindo atender todos, mesmo sendo apenas 35 (pacientes) com as verbas recebidas da Prefeitura de Sorocaba. Atualmente atendemos 440 pessoas, mas precisamos de ajuda para dar continuidade aos trabalhos. Contamos com a colaboração de parceiros, mas o custo da instituição é alto”, comenta Cleide.

O Ibrapper tem como objetivo dar apoio aos pacientes oncológicos, ostomizados e seus familiares por meio de terapias complementares para uma melhor qualidade de vida de modo voluntário. A entidade presta atendimentos a pacientes oncológicos com as terapias complementares e cuidados paliativos para o equilíbrio físico e emocional ao indivíduo seja durante ou após o tratamento oncológico, assim proporcionar a melhora na qualidade de vida. A equipe de profissionais da instituição conta com o trabalho voluntário de assistente social, reflexoterapeutas, psicólogo, psicanalista, fisioterapeuta, terapeuta floral quântico, nutricionista e enfermeiras estomaterapeutas.

Um dos principais serviços da instituição é fornecer bolsas coletoras para pacientes ostomizados. De acordo com Cleide Machado, cada bolsa coletora custa em média R$ 200. Os pacientes chegam à instituição precisando da bolsa coletora. Elas têm um custo alto, e nós fornecemos gratuitamente, são diversos modelos existentes e cada paciente necessita de uma bolsa específica. Damos todo suporte na utilização”, conta.

André Luís de Oliveira é terapeuta, voluntário na logística de entrega e controle das bolsas de ostomia e insumos na instituição, e comenta sobre o trabalho que a entidade realiza. “O Ibrapper é um instituto que ajuda pessoas que passaram ou estão passando pela doença do câncer, prestando apoio terapêutico para melhorar a qualidade de vida do paciente e seu parente mais próximo. Nos últimos anos tem prestado um serviço muito importante aos ostomizados, justamente onde o poder público tem negligenciado as pessoas que não têm condições de arcar com as despesas de bolsas e insumos necessários para sua sobrevivência. No Ibrapper, eu faço voluntariado principalmente neste atendimento de entrega e em acompanhar a necessidade de cada paciente da quantidade e modelo de bolsas de ostomia. Assim, percebo constantemente os dramas vividos por cada um. Posso dizer que hoje sem a assistência do Ibrapper em Sorocaba e região, centenas de pessoas não conseguiriam manter a higiene e a saúde”, explica o terapeuta.

Irene Aparecida Dessordi Sabadim tem 58 anos, foi diagnosticada com câncer de intestino em 2023 e em abril de 2024 passou por duas cirurgias. Irene conta que na segunda cirurgia, no centro cirúrgico da Santa Casa, foram retirados 59 nódulos, sendo 10 malignos. “Fiquei 16 dias internada na Santa Casa de Sorocaba só para fazer as cirurgias, saí do hospital totalmente frágil, 20 quilos mais magra e sem nenhuma esperança de vida. Meu corpo e meu emocional estavam totalmente abalados”, contou Irene.

Sem rumo e pensando em desistir, Irene recebeu a indicação da Ibrapper. “Fui muito bem acolhida, esta instituição foi para mim uma luz, uma esperança e um apoio de grande importância para a minha recuperação. Quando cheguei lá eu só conseguia chorar o tempo todo, já havia doado quase todas as minhas roupas, livros e objetos, só pensava que morreria dentro de poucos dias. Não suportei fazer quimioterapia porque eu estava muito debilitada e a médica suspendeu a quimioterapia na segunda sessão. Foi então que recebi muito apoio e cuidados de cada uma das pessoas da Ibrapper. Hoje consigo andar, viajar para cidades próximas e até faço os trabalhos de casa. Não sei como seria a minha vida sem o apoio de Deus e da Ibrapper pois não recebo aposentadoria e nenhum auxílio da Previdência e não tenho condições de voltar ao mercado de trabalho”, relata a paciente.

Ostomizada há dois anos, devido à cirurgia para retirada do tumor no intestino, Elaine Falcão, 48 anos, recebeu do médico a indicação do uso da bolsa para fazer o tratamento de quimioterapia com segurança e recebeu a indicação do instituto Ibrapper por uma médica voluntária na entidade. “O trabalho do instituto é fundamental na vida de muitos pacientes além da bolsa coletora que seria ofertada pelo Hospital Regional, mas que há três anos parou com o serviço. Para mim, esse acolhimento foi muito importante, nunca saí de lá sem atendimento. Hoje faço quimioterapia a cada 15 dias e passo com terapeutas para amenizar os efeitos colaterais. É muito importante, já tive um ótimo resultado. O trabalho na doação das bolsas é muito importante para os pacientes. Muitos procuram a instituição por não terem condições psicológicas e financeiras para custear o tratamento. Hoje temos no mercado vários tipos de bolsas, com custo alto e indicadas para cada tipo de paciente. Algumas vezes acabam tendo alergia e precisam usar outra. Devido à alta demanda e custo elevado, a instituição precisa de ajuda para continuar esse trabalho”, diz Elaine.

Emendas

O Ibrapper recebeu R$ 375 mil em emendas parlamentares no último exercício, recursos provenientes dos vereadores João Donizeti, Luís Santos, Vinicius Aith, Rodrigo Treviso, Francisco França, Salatiel Hergesel, Dylan Dantas, Hélio Brasileiro e Silvano Jr. O valor é destinado à aquisição de insumos, manutenção de equipes especializadas e suporte aos pacientes, conforme as diretrizes estabelecidas no convênio.

A ampliação do repasse está diretamente vinculada às emendas impositivas apresentadas pelos parlamentares. Por se tratar de um serviço de alta complexidade, o município depende das emendas aprovadas pela Câmara para viabilizar novos investimentos.

A Prefeitura de Sorocaba respondeu que mantém uma articulação contínua com todas as esferas de governo, incluindo o governo estadual, visando à ampliação de parcerias e recursos para o fortalecimento da rede de saúde. “A gestão municipal entende a relevância do trabalho desenvolvido pela Ibrapper e reconhece que iniciativas como essa requerem esforços conjuntos para assegurar a continuidade e ampliação do atendimento”, informou a administração municipal.