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Investigação

PF e autoridades italianas desarticulam rede internacional de narcotráfico

Mandados também foram cumpridos na região, em Boituva e Votorantim

10 de Dezembro de 2024 às 09:09
Da Redação [email protected]
Polícia Federal de Curitiba
Polícia Federal de Curitiba (Crédito: Divulgação / Polícia Federal)

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal de Curitiba, na manhã desta terça-feira (10), nas cidades de Boituva e Votorantim, durante a Operação Mafiusi, resultado de uma colaboração entre as autoridades brasileiras e italianas. Participaram da ação a PF, o Ministério Público Federal, a Receita Federal, a Procuradoria-Geral da República e a Guarda Civil Espanhola. As investigações também contaram com o apoio da Eurojust, da Europol e da Interpol. Ainda não há informações sobre o que foi apreendido na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). 

De acordo com a polícia, foram deflagradas operações conjuntas, tanto no Brasil quanto na Itália, o que resultou em prisões em ambos os países, desmantelando dois grupos criminosos interligados responsáveis pelo tráfico de grandes quantidades de cocaína da América do Sul para a Europa. As investigações envolveram uma rede complexa que operava principalmente por meio do Porto de Paranaguá, no Brasil, e por meio de aeronaves privadas.

Ao todo, foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva no Brasil, um mandado de prisão na Espanha e 31 mandados de busca e apreensão em endereços dos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Roraima.

Também foram decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam um valor estimado de R$ 126 milhões.

Investigação

A equipe conjunta de investigação constituída entre Brasil e Itália foi instituída após a prisão de dois membros da máfia italiana na Praia Grande, em São Paulo, em 2019. Desde então iniciou uma cooperação jurídica e policial internacional entre os dois países. 

As operações realizadas hoje são um desdobramento da Operação Retis, que já havia desarticulado organizações criminosas responsáveis pela logística do tráfico de drogas no Porto de Paranaguá. Essas redes criminosas eram encarregadas de todo o aparato necessário para enviar cocaína da América do Sul para a Europa, utilizando esse ponto estratégico. Durante a operação, foi identificado que os traficantes que contratavam essa logística eram indivíduos de São Paulo, ligados a uma facção criminosas originária daquele estado, além de membros de uma organização mafiosa italiana que atuava no Brasil, sendo responsáveis pela intermediação da compra e envio da droga para o continente europeu.

A Operação Mafiusi consiste no aprofundamento das investigações em face do núcleo de indivíduos provenientes do Estado de São Paulo, também associados aos mafiosos italianos e que, assim como estes, forneciam os carregamentos de cocaína que eram enviados para Europa através da logística mantida em Paranaguá pela Organização Criminosa a Operação Retis.

As investigações também descobriram que, além do tráfico de drogas, o grupo estava envolvido em um complexo esquema de lavagem de dinheiro, movimentando bilhões de reais entre empresas e contas bancárias de fachada, além de adquirir bens e realizar transações fraudulentas. Durante o período de investigação, entre 2018 e 2022, a movimentação financeira dos investigados alcançou aproximadamente R$ 2 bilhões.

Diligências concluíram que o núcleo investigado fazia parte de uma organização criminosa internacional, dedicada ao tráfico de grandes quantidades de cocaína da América do Sul para a Europa. O Porto de Paranaguá era o principal ponto de saída, e o Porto de Valência, na Espanha, o de chegada. A droga era transportada principalmente pelo método “RIP ON – RIP OFF”, ocultada em contêineres com cargas como cerâmica, louça sanitária ou madeira. Além do transporte marítimo, a organização também usava aeronaves privadas para enviar cocaína para a Bélgica, onde membros da organização retiravam a droga antes da fiscalização nos aeroportos.