Cafezinho aumenta e preocupa sorocabanos

Por Cruzeiro do Sul

Marcello Casal jr/Agência Brasil
Alta reflete um cenário global de menor oferta devido a questões climáticas


O novo boletim da Universidade de Sorocaba (Uniso) revelou que o café foi um dos produtos que mais encareceu na cesta básica de Sorocaba em janeiro de 2025. O preço do pacote de 500g saltou 11,36% em apenas um mês, passando de R$ 23,22 em dezembro para R$ 25,86 em janeiro. No acumulado dos últimos 12 meses, o aumento foi ainda mais expressivo: 50,20%. A alta no café reflete um cenário global de menor oferta devido a questões climáticas.

No centro de Sorocaba, consumidores relatam sentir no bolso o impacto desse aumento. O comerciante Daniel de Souza acredita que o café foi o item que mais subiu recentemente. Para driblar a alta, a estratégia tem sido reduzir o consumo.

“Tem que tomar menos, é só fazer isso, porque não dá para substituir. Você tem que tomar menos”, afirma Daniel. Segundo ele, outros produtos também subiram, mas de forma moderada. “Eu faço uma economia, normalmente. Mas quando precisa economizar, a gente come menos, gasta menos. Coisas supérfluas, por exemplo, a gente não compra. O que eu consumo menos agora? Acho que carne. A carne subiu bastante. Umas duas vezes por semana, não dá mais que isso”.

O professor Celso Mariano Camargo Filho reforça a percepção de que o café lidera a alta de preços. “O vilão de todos é o café. O café está absurdo de caro”, reclama. Ele também cita outros alimentos que pesam no orçamento, como feijão, óleo, tomate e carne.

Além do café, os alimentos que mais subiram no último mês foram o vinagre (14,37%), a farinha de mandioca (7,27%) e o frango (5,30%). Já a carne de primeira registrou uma leve queda de 3,15%, enquanto a de segunda teve redução de 0,87%. Apesar da percepção dos consumidores, a carne bovina, ao contrário do café, não foi um dos itens que mais subiram na cesta básica em janeiro.

Por outro lado, alguns alimentos apresentaram queda significativa no mês, como a batata (-19,68%), a farinha de trigo (-9,78%), o biscoito água e sal (-7,05%) e o macarrão (-6,25%).

A cesta básica está mais cara?

Mesmo com alguns produtos em baixa, a cesta básica sorocabana ficou 9,79% mais cara em relação a janeiro de 2024. Em dezembro, o custo médio da cesta era de R$ 1.165,61, mas teve uma leve redução de 1,10% em janeiro, chegando a R$ 1.152,82.

A pesquisa da Uniso aponta que o preço da cesta recuou menos do que a inflação oficial (IPCA-15), que teve variação de 0,11% no mês. A desaceleração nos preços de alguns itens ajudou a conter o avanço, mas ainda assim os consumidores sentem dificuldade em equilibrar o orçamento.

Para muitos, como o professor Celso, a sensação é de que não há mais alternativas. “A gente pesquisa os preços mais baixos, mas os produtos que a gente mais precisa são os que mais aumentam. Não tem como fugir. Todos os mercados estão caros”.

Enquanto isso, especialistas recomendam planejamento e substituições para aliviar o impacto no bolso. Segundo a Uniso, algumas alternativas podem ser a troca da carne bovina por frango ou carne suína, e da batata por mandioca. Mas, no caso do café, como bem disse Daniel, “não dá para substituir”. (João Frizo
programa de estágio)