PF cumpre mandado de busca e apreensão na casa de Rodrigo Manga e na prefeitura

Ordem emitida pelo TRF3 envolve investigação sobre contratos de serviços para a saúde pública de Sorocaba

Por Tom Rocha

FÁBIO ROGÉRIO (10/4/2025)
Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em Sorocaba

A Polícia Federal realizou nas primeiras horas da manhã de ontem (10) a Operação Copia e Cola na Prefeitura de Sorocaba, na residência do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) e em diversos outros locais, entre eles outras casas em condomínios de luxo. Os agentes cumpriram mandados de buscas e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Os investigados poderão responder, de acordo com suas condutas individualizadas, pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, ocultação de capitais (lavagem de dinheiro), peculato, contratação direta ilegal e frustração de licitação. “Ressalto que as imagens de dinheiro apreendido, Porsche e metralhadoras não foram apreendidos em minha casa”, disse Manga em uma coletiva de imprensa, no começo da noite de ontem. Ele alegou perseguição política e que os desdobramentos da operação são uma continuidade de eventos iniciados em 2022, com a qual colabora e que ainda está em curso (leia reportagem nesta página).

A Polícia Federal confirma isso em sua comunicação inicial sobre a operação. As investigações começaram em 2022, após suspeitas de fraudes na contratação de uma Organização Social (OS) para administrar, operacionalizar e executar ações e serviços de saúde na cidade. Também foram identificados atos de lavagem de dinheiro, por meio de depósitos em espécie, pagamento de boletos e negociações imobiliárias. Foi determinado o sequestro de bens e valores em um total de até R$ 20 milhões e a proibição da OS investigada de contratar com o Poder Público. O nome da OS não foi informado durante a operação.

Entre as pessoas investigadas, além de Manga, estão os ex-secretários — Vinicius Rodrigues, da Saúde, e Fausto Bossolo, de Governo e Administração — e Marco Silva Mott, empresário sorocabano do ramo imobiliário e de estacionamentos. Ninguém foi preso ontem, informa a assessoria da Polícia Federal. Algumas pessoas foram intimadas para serem ouvidas, mas não são os alvos das investigações e sim testemunhas. Manga disse na coletiva que ainda não sabia se era investigado ou indiciado, que não teve tempo de ver isso com seu advogado. A reportagem tentou contato com os ex-secretários e com o empresário, e seus advogados. Vinicius disse que “não foi o responsável por nenhuma das contratualizações entre a organização investigada e a Prefeitura de Sorocaba e que durante sua gestão, conforme a lei municipal determinava, qualquer contratação acima de R$ 1 milhão era realizada diretamente pelo prefeito”.

A defesa de Marco Mott disse que não vai se manifestar até ter acesso aos autos da investigação. O espaço continua aberto para a manifestação dos demais citados.

Entre os locais onde foram cumpridos os mandados de busca e apreensão, está uma igreja, localizada em um endereço ligado ao casal de pastores Josivaldo Souza e Simone Rodrigues Frate de Souza, cunhada de Rodrigo Manga e irmã de Sirlange Frate Maganhato, primeira-dama de Sorocaba. Houve a apreensão de R$ 863.854,00 acondicionados em caixas dentro de um carro de um dos investigados ligados à igreja, que foi identificado como parte do núcleo que realizava movimentações financeiras e pagamentos de contas de outros integrantes. A reportagem tentou contato com os advogados dos pastores, mas não conseguiu até o fechamento desta edição, e o espaço segue igualmente aberto para as suas manifestações.

Dinheiro vivo também foi apreendido em Sorocaba, mas a PF não detalhou os locais. Entre o que foi apreendido, estão documentos relacionados à Secretaria de Saúde, dinheiro, armas de fogo (seis de longo calibre, 11 pistolas e diversas munições de outros calibres), que são de propriedade de um dos investigados. Segundo informações, ele teria os documentos necessários para o porte. Pilhas de cópias, documentos, o celular de Manga, diversos veículos e outros materiais apreendidos serão periciados pela Polícia Federal. (Com colaboração de Gabrielle Camargo Pustiglione e Beatriz Falcão)