Novo sistema de transporte: as primeiras impressões sobre o BRT
A reportagem do Cruzeiro do Sul viajou em duas linhas da zona norte na última sexta-feira (28), último dia útil de operação dessas linhas pelo sistema tradicional, pela manhã e no fim de tarde, nos dois sentidos, centro-bairro e vice-versa.
Nesta segunda-feira (31), primeiro dia útil de funcionamento do BRT nessas mesmas linhas, os repórteres Wesley Gonsalves e Marcel Scinocca refizeram o trajeto, já com os novos ônibus articulados do novo sistema de transporte.
Veja as primeiras impressões sobre o que melhorou e o que ainda precisa ser aperfeiçoado na opinião de usuários e até de motoristas.
Passageiros precisam ser melhor orientados nas estações. Crédito da foto: Fábio Rogério (30/8/2020)
Nesta segunda-feira (31), quando começou a funcionar o BRT em seu primeiro dia útil houve aumento no tempo do trajeto. A ida ao bairro, na segunda-feira de manhã, subiu para 44 minutos e 19 segundos. Aumento de 44,6%.
A volta demorou quase uma hora. Aumento de 36%. Na segunda-feira, com o BRT, à tarde, o percurso de ida foi de 50 minutos -- aumento de 23,6%. A volta ao Centro foi de 46 minutos, com aumento de 32% no tempo.
Um dos problemas notados pela reportagem está justamente na inclusão no itinerário do terminal de integração, que fica no bairro Vitória Régia.
Mesmo quando não ocorre baldeação, o trecho inclui obrigatoriamente a parada no local, o que acaba esticando o tempo de viagem.
Na primeira parada no local, foram mais de 13 minutos dentro da unidade. Ao retornar ao Terminal Santo Antônio, ainda na manhã de sexta-feira, houve redução e o tempo da parada foi de 7 minutos e13 segundos.
Falta de sinalização
À tarde, foram mais 4 minutos na ida e 6 minutos na volta, tudo dentro do terminal de integração. Na primeira viagem, pela manhã, o tempo parado se justificou pelo fato, conforme o motorista, da falta de sinalização ou indicação de onde ele deveria parar.
Além disso, no ponto final do Vitória Régia 3, outro problema identificado pelos motoristas: diversos galhos de árvores que deveriam ter sido aparados se chocam com o ar-condicionado dos veículos, que são mais altos que os que rodavam no itinerário até sábado (29). Dessa forma, os profissionais tinham dois caminhos: correr o risco de danificar o aparelho ou invadir a contramão.
É também dos motoristas outras reclamações. Uma delas diz respeito aos retrovisores internos dos veículos. Conforme dois dos motoristas, é impossível enxergar corretamente a movimentação de passageiros na última porta. “Isso pode dar um problema, gerar um acidente”, advertiu um deles.
Eles também citam a falta de sincronização dos semáforos com o sistema. Os motoristas são obrigados a parar em muitos deles, aumentando o tempo do percurso.
A manobra em alguns lugares é perigosa, apontam os profissionais. Um dos perigos está na estação que fica em frente ao Shopping Cidade. O risco é para quem precisa sair da avenida avenida Ulisses Guimarães para acessar a faixa exclusiva da Itavuvu.
Outro ponto considerado perigoso é para os ônibus maiores que somente transitam no corretor BRT. A situação ocorre na estação que fica em frente ao hipermercado Coop, no sentido Centro.
Durante o percurso foi possível identificar várias situações que mostram que muitas pessoas e motoristas de automóveis de passeio também não colaboram.
Riscos de acidentes
Em um dos episódios, uma mulher decide deixar o veículo e retornar à estação, quando a porta está se fechando. Assim, por pouco não ocorreu um acidente.
Já os veículos de passeio, entretanto, em muitos casos, ignoraram a presença do ônibus e cruzaram a faixa exclusiva.
Muitos usuários não gostaram do que viram. Caso da vendedora Evelin Renata. “Achei ruim porque ele fica parando e demora mais tempo para chegar”, reclama.
Assim como a vendedora, o técnico Geraldo de Paula também reclamou. “Hoje tenho que pegar três ônibus para ir para casa”.
Contudo, a reportagem também ouviu elogios dos usuários. Um dos mais contundentes foi da cuidadora Maria Aparecida Martins.
Conforme ela, o conforto dos ônibus e principalmente o tempo do percurso, que para ela, que não pegou no ponto final, foi menor que em outros dias. (Wesley Gonsalves e Marcel Scinocca)