Orelhões ainda resistem em Sorocaba
Criados no início da década de 1970 para popularizar a telefonia no Brasil, os Telefones de Uso Público (TUPs), popularmente conhecidos como “orelhões” devido ao seu design característico são raros em espaços públicos de Sorocaba e sua existência parece estar com os dias contados.
De acordo com relatório da Agência da Nacional de Telecomunicações (Anatel), Sorocaba conta atualmente com 333 orelhões, 80 deles instalados em locais acessíveis e com funcionamento 24 horas por dia, 17 adaptados para cadeirantes e 61 adaptados para deficientes auditivos e de fala. No entanto, em consulta ao sistema virtual “Fique ligado”, da própria Anatel, que permite a pesquisa em mapas digitais para a localização dos orelhões, o número de aparelhos disponíveis na cidade é de 162.
Se considerados os 333 orelhões disponíveis, o número corresponde a um orelhão para cada 1.981 habitantes de Sorocaba. A redução significativa dos equipamentos em todo o País se acentuou drasticamente no final de 2018, quando o governo federal editou por decreto o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público (PGMU), que estabelece as obrigações e metas de universalização para os serviços de telecomunicações das empresas concessionárias.
Até então, a meta de densidade era de quatro TUPs por 1 mil habitantes, o que, no caso de Sorocaba, representaria um total de 2.580 orelhões. O plano vigente, no entanto, excluiu meta ou número mínimo de orelhões por porção de habitantes e prevê apenas que os equipamentos podem ser instalados “mediante solicitação”, em todas as localidades com mais de 100 habitantes, em determinados locais situados em área urbana e em área rural.
A redução expressiva do número de orelhões, que num passado não tão distante -- antes da internet -- foram objetos de disputa de usuários que chegavam a formar filas para dar um simples recado ou marcar uma consulta médica, falar com os amigos, ou mesmo namorar, mostra que os equipamentos obsoletos estão condenados à extinção após a popularização dos smarthphones e a queda no preço dos serviços de telefonia móvel, parece não impor transtornos ou prejuízos à população em geral.
Baixa procura
Assim como a telefonia fixa em geral, os orelhões vem perdendo relevância, ao menos nas grandes cidades. A Vivo, empresa que detém a concessão dos telefones de uso público em Sorocaba, afirma que com as novas tecnologias de comunicação, em especial o massivo uso serviço móvel e a crescente demanda por uso de dados e expansão da rede 4G, a utilização dos orelhões está em “acentuado declínio”. No período de janeiro a maio de 2020, os telefones de uso público do estado de São Paulo tiveram, em média, utilização de 1 crédito a cada 6 dias, sendo que mais da metade não teve utilização alguma. “Dessa parte da base ainda utilizada, quando comparamos os cinco primeiros meses de 2020 com o mesmo período de 2019, este uso caiu mais 50%”.
Para fazer ligação, o usuário tem a opção de ligar a cobrar, digitando 9090 antes do número desejado, ou usando cartões telefônicos, que variam entre R$ 2,65 (20 unidades de crédito, que corresponde a cerca de 40 minutos de ligação local) a R$ 9,78 (75 unidades/créditos, que dá direito a cerca de 150 minutos em ligações locais). A Vivo não divulgou a relação de estabelecimentos de Sorocaba que vendem o cartão, mas o site da concessionária informa que eles podem ser adquiridos em padarias, supermercados, bancas de jornais, shoppings centers, farmácias, agências dos Correios e demais pontos comerciais. Segundo a empresa, são mais de 20 mil pontos de venda no Estado de São Paulo.
Em relação às manutenções dos orelhões, a Vivo afirma que possui um sistema remoto que detecta defeitos nos aparelhos e que também realiza vistorias periódicas e presenciais dos orelhões para garantir o pleno funcionamento dos aparelhos à população. Mensalmente, segundo a empresa, cerca de 25% dos telefones públicos do Estado de São Paulo sofrem algum tipo de vandalismo. Para solicitar reparos, o usuário pode entrar em contato com a Central de Atendimento 103 15 (ligação gratuita) que funciona 24 horas nos sete dias da semana, através do nosso site www.vivo.com.br. Caso a reclamação não seja atendida no prazo, o consumidor deve entrar em contato com a Anatel por meio de um de seus canais de relacionamento com os consumidores. (Felipe Shikama)