Paraguaios encontrados em fábrica de cigarros chegavam ao local vendados
Os cinco paraguaios encontrados trabalhando em uma fábrica clandestina de cigarros em Piedade chegavam ao local vendados e encapuzados. A informação foi divulgada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (29), após a Operação 136, que prendeu dois envolvidos no crime.
Segundo o delegado Márcio Magno Carvalho Xavier, o objetivo era que eles não vissem para onde estavam sendo levados. Os paraguaios e um homem brasileiro foram resgatados em junho em situação de trabalho análogo à escravidão.
Ainda conforme o delegado, os paraguaios foram aliciados com uma oferta de emprego no Brasil. Alguns deles sabiam que se tratava de uma fábrica ilegal, mas outros não. No local, eles chegavam a trabalhar por dez horas seguidas.
A investigação também apontou que, ao chegarem no local, eles tinham seus celulares confiscados. O galpão possuía bloqueadores de sinal de celular para evitar o uso dos aparelhos pelos trabalhadores.
Magno explicou que, após a descoberta da fábrica, os homens foram acolhidos por uma ong de assistência social. Após receberem esse atendimento, foram encaminhados de volta ao Paraguai.
Presos atuavam como “fiscais”
Os dois homens presos hoje pela Polícia Federal são acusados de atuarem como “fiscais” do trabalho no galpão de produção de cigarros. Conforme a PF, eles também eram os responsáveis pelo transporte dos paraguaios até o local.
Os dois acusados foram alvo de mandados de prisão preventiva, assim como o homem apontado como o dono da fábrica. Este último, porém, não foi encontrado e segue foragido.
A Polícia Federal também cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao investigados. Os mandados foram cumpridos em Sorocaba, São Paulo, Embu e Taboão da Serra.
Os presos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba. Eles devem prestar depoimento semana que vem na Delegacia da PF em Sorocaba, que investigado o caso.
Os crimes investigados são contrabando, tráfico internacional de pessoas, redução à condição análoga à de escravos, falsificação de selo/sinal público e sonegação fiscal, entre outros.
Fábrica foi descoberta em junho
A fábrica clandestina de cigarros foi descoberta pela Polícia Militar no dia 16 de junho. Seis homens trabalhavam no local durante o flagrante em situação análoga à de escravo. Cinco paraguaios e um brasileiro, natural do Rio de Janeiro, foram detidos e liberados.
No local foram encontradas máquinas, matéria prima para fabricação de cigarro e pacotes de cigarros. Foram necessários cinco caminhões para recolher todo o material, que foi apreendido pela Receita Federal.
Na ocasião, os cidadãos que tomavam conta do imóvel conseguiram fugir. Com o aprofundamento das investigações, porém, foi possível apurar a autoria e materialidade de diversos crimes. (Com informações de Nicole Bonentti)