Qualidade do ar melhora em Sorocaba, diz Cetesb

Por Ana Claudia Martins

Cidade apresentou porcentual considerado bom de 99% durante o ano passado, contra 95,5% no ano anterior. Crédito da foto: Fábio Rogério (28/7/2020)

Cidade apresentou porcentual considerado bom de 99% durante o ano passado, contra 95,5% no ano anterior. Crédito da foto: Fábio Rogério (28/7/2020)

 

Um relatório anual divulgado na segunda-feira (27) pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontou melhora da qualidade do ar em Sorocaba durante o ano de 2019. Na comparação com os dados de 2018, a cidade apresentou porcentual de qualidade do ar considerada boa de 99% durante o ano passado, contra 95,5% no ano anterior. Ou seja, aumento de 3,5% na classificação.

Ainda conforme os dados do relatório, ao logo do ano passado a qualidade do ar foi considerada 99% boa na cidade e somente 1% moderada. Já em 2018 os números foram 95,5% boa e 4,5% moderada.

Os dados do relatório mostram, ainda, que nos últimos cinco anos a qualidade do ar também melhorou progressivamente em Sorocaba passando, de 94,1 % boa em 2015 para 99% em 2019, isto é, 4,9% melhor.

Em 2016 o resultado foi melhor do que no ano anterior (95,5% boa), praticamente igual em 2017 (95,3% boa), mantendo quase o mesmo índice em 2018: 95,5% boa, chegando a 99% em 2019.

Já na comparação com dados de cidades do mesmo porte como São José dos Campos (98,9% boa) e Ribeirão Preto (83,5% boa), Sorocaba registrou qualidade do ar melhor do que os dois municípios. Já Santos em 2019 apresentou resultado melhor com 100% boa.

Análise

Na análise dos dados de Sorocaba, a gerente da Divisão da Qualidade do Ar da Cetesb, Maria Lúcia Guardani, afirma que em 2019, na maior parte do ano, a qualidade do ar foi considerada boa na cidade. Segundo ela, quando a qualidade do ar é considerada moderada, pessoas de grupos sensíveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas, podem apresentar sintomas como tosse seca e cansaço. Porém, a população, em geral, não é afetada.

Maria Lúcia explica ainda que em Sorocaba, assim como na região e em outras partes do Estado, a piora na qualidade do ar ocorre geralmente no período do inverno, por conta da influência das condições meteorológicas. “A piora na qualidade do ar ocorre em praticamente todo o Estado de São Paulo, sobretudo, no inverno, por conta do período seco, já que chove menos nos meses de junho, julho e agosto. E a chuva é o que lava a atmosfera e com isso ajuda a dispersas os poluentes, especialmente o material particulado, que são partículas extremamente finas. Então, sem chuva, elas ficam na atmosfera, piorando a qualidade do ar”, aponta.

Ainda conforme a gerente, em Sorocaba atualmente existem duas estações medidoras, sendo uma automática e outra manual. A automática fica na Vila Lucy, na rua Nhonhô Pires, desde 28 de janeiro de 2000. E a estação manual fica no centro de Sorocaba, na praça Dr. Arthur Fajardo, mais conhecida como praça do Canhão, e é mais antiga, com início da operação em julho de 1986.

A gerente da Divisão da Qualidade do Ar da Cetesb disse ainda que as estações são importantes para o monitoramento e diagnóstico da qualidade do ar em todo o Estado em relação às principais fontes de emissão de poluentes nas regiões. “Destaca-se Sorocaba pelo seu porte e por possuir indústrias consideradas prioritárias para o controle da poluição atmosférica. A qualidade do ar é diretamente influenciada pela distribuição e intensidade das emissões de poluentes atmosféricos de origem industrial, veicular, entre outros. E o nível de poluição atmosférica é determinado pela quantificação das substâncias poluentes presentes no ar. Na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) encontram-se também as maiores indústrias cimenteiras do Estado, além de áreas de queima de palha de cana-de-açúcar, e uma frota veicular aproximada de 715 mil veículos”, aponta Maria Lúcia.

Condições meteorológicas influenciam na quantidade de poluentes no ar

De acordo com a Cetesb, a qualidade do ar pode mudar em razão das condições meteorológicas, que determinam uma maior ou menor diluição dos poluentes. A Cetesb afirma que a qualidade do ar piora com relação aos parâmetros de monóxido de carbono, material particulado e dióxido de enxofre durante os meses de inverno, quando as condições meteorológicas são mais desfavoráveis à dispersão dos poluentes. “Já o ozônio apresenta maiores concentrações na primavera e verão, por ser um poluente secundário que depende, dentre outros fatores, da intensidade de luz solar para ser formado”, diz o órgão.

Em 2019, conforme a Cetesb, o mês de janeiro foi marcado pela atuação de um sistema de alta pressão anômalo e, a partir de fevereiro, pela atuação do fenômeno El Niño Oscilação Sul (Enos) no oceano Pacífico Equatorial. A partir de meados de abril, foram observados sinais de enfraquecimento do fenômeno Enos e, no início de julho, quando as temperaturas da superfície do mar do Pacífico Equatorial Central e Leste estiveram dentro da normalidade, indicou o término do evento Enos. Essas condições de normalidade das condições oceânicas e atmosféricas se mantiveram no decorrer de todo o segundo semestre do ano.

O período de maio a setembro é, geralmente, o mais desfavorável para a dispersão de poluentes primários no Estado de São Paulo. “Em 2019, houve 36 dias com condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes, correspondendo a 24% do período, sendo um pouco superior ao ocorrido em 2018”, diz a agência ambiental.

A Cetesb explica que, apesar de o número de dias desfavoráveis à dispersão de poluentes, entre maio e setembro de 2019, ter sido o maior dos últimos cinco anos e da distribuição mensal das chuvas não ter sido regular (as chuvas se concentraram nas primeiras semanas de cada mês), não ocorreram períodos prolongados de dias consecutivos desfavoráveis, ou seja, houve alternância entre dias favoráveis e alguns dias desfavoráveis no Estado. “Também não ocorreram períodos prolongados de estiagem como os observados em setembro de 2017 e julho de 2018, nem foram observados dias consecutivos muito secos (umidade relativa abaixo de 20%), reduzindo a possibilidade de ressuspensão da poeira do solo, bem como a ocorrência de focos de queimadas”, aponta o órgão.

A Cesteb contou, em 2019, com 62 estações automáticas fixas, duas estações automáticas móveis e 23 pontos de monitoramento manual, distribuídos no Estado. (Ana Cláudia Martins)