Intercidades inicia estudos de viabilidade

Projeto do trem que ligará Sorocaba a São Paulo está em fase de reavaliação, processo natural em grandes obras de infraestrutura

Por Virginia Kleinhappel Valio

Estudo indica compartilhamento da faixa ferroviária do metrô de SP nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda

Os estudos de viabilidade do projeto do Trem Intercidades (TIC) Eixo Oeste, que permitirá a ligação da capital paulista a Sorocaba por linha férrea, já estão em andamento. Para isso, a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) contratou a International Finance Corporation (IFC), instituição do Grupo Banco Mundial. O Cruzeiro do Sul questionou o Governo do Estado de SP em busca de informações, mas não recebeu muitos detalhes. O projeto está agora em fase de reavaliação.

A promessa de um trem que ligue Sorocaba a São Paulo já foi feita por muitos políticos nos últimos anos. A criação dessas quatro linhas de rede ferroviária regional foi uma das principais propostas do plano de governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). O MetrôCPTM teve acesso a detalhes do projeto e divulgou em seu site no dia 17 de julho. O processo de reavaliação, no qual se encontra atualmente o projeto, é natural em grandes obras de infraestrutura como essa.

O Plano de Ação de Transporte e Logística para a Macrometrópole Paulista (PAM-TL), concluído pelo Consórcio PRO-TL em dezembro de 2020, prevê a implantação de um conjunto de serviços ferroviários de passageiros ligando a cidade de São Paulo a quatro vetores: Sorocaba, Campinas (e Aeroporto de Viracopos), Santos e São José dos Campos.

Segundo o MetrôCPTM, será realizado compartilhamento da faixa ferroviária do metrô de SP, nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda -- esta última acessada por meio de baldeação nas estações Osasco e Presidente Altino da linha 8. O plano de ação prevê que o TIC Sorocaba tenha cinco estações: Palmeiras-Barra Funda, Antônio João, São Roque, Brigadeiro Tobias e Sorocaba. O tempo de viagem estimado é de 89 minutos.

Em geral, essas linhas se desenvolverão ao longo das faixas de domínio ferroviário já existentes, aproveitando e melhorando infraestruturas e sistemas, para permitir a circulação de trens elétricos de dois andares, com capacidade total para 1.200 passageiros (há pequenas variações em torno desse número, dependendo do fabricante), desenvolvendo a velocidade máxima de 160 km/h.

O início da obra ficaria condicionado a 2024 -- portanto, seus contratos precisariam ser firmados ainda em 2023. Os projetos serão implementados por meio de Contratos de Parcerias (concessões e/ou Parcerias Público-Privadas). De acordo com o MetrôCPTM, a frota estimada é de 16 trens de 12 carros (24 trens de seis carros acoplados). Já a estimativa para o custo de viagens, que possuem como base o ano de 2019, é baseado no quadro praticado atualmente pelo serviço de ônibus rodoviários, aplicando-se um valor máximo de R$ 32,49 para a viagem entre Sorocaba e São Paulo.

O TIC Sorocaba deverá ter 101,2 km de extensão. Os dados iniciais apontam uma demanda isolada de 99.487 passageiros por dia e 141.945 em um cenário de TIC operando em rede, ou seja, implantados nas quatro cidades (Sorocaba, Campinas, Santos e São José dos Campos). A estimativa de investimento, somente para o TIC Sorocaba, é de R$ 8,1 bilhões para a infraestrutura geral e R$ 1,6 bilhão para a compra dos trens, totalizando R$ 9,7 bilhões.

Por fim, o MetrôCPTM destaca que os estudos de demanda, que foram realizados nos cenários de pós-pandemia, serão reavaliados em um novo projeto, cujo nome será “Origem Destino 2023”. O novo estudo, contendo informações atualizadas, darão uma maior previsibilidade em relação ao novo eixo regional. Conforme a Secretaria de Parceria em Investimentos do Governo do Estado, essas estimativas devem ser revisadas com os levantamentos em andamento neste momento, que têm previsão de conclusão para 2024. (Virginia Kleinhappel Valio)