Uma pessoa morre afogada a cada 90 minutos no Brasil

Bombeiro ensina a evitar acidente que é maior causa de óbitos de crianças

Por Vanessa Ferranti

Represa de Itupararanga teve dois acidentes fatais apenas no mês passado

 

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) aponta que a cada hora e meia uma pessoa morre afogada no Brasil. Além disso, segundo a organização, afogamento é a principal causa de morte de crianças entre 1 e 4 anos de idade no País.

Na região de Sorocaba duas mortes por afogamento foram registradas no mês passado. Um dos casos aconteceu em 7 de setembro. Um jovem de 22 anos atravessava a represa de Itupararanga em um barco com mais três pessoas, quando o veículo bateu em uma pedra e virou. Três ocupantes conseguiram nadar até a margem e foram socorridos. O corpo da vítima foi encontrado três dias após o acidente.

Dez dias depois, em 17 de setembro, um homem de 37 anos morreu afogado também na represa de Itupararanga, mas no município de Alumínio. A vítima era de Barueri e estava no local com a família quando tentou atravessar a represa nadando.

É possível evitar

A boa notícia, de acordo com o Corpo de Bombeiros, é que acidentes como esses podem ser evitados. Para isso, é preciso ter atenção e cautela durante os passeios em praias, lagoas, rios, piscinas e represas. O tenente Eduardo Faria de Souza, do 15º Grupamento de Bombeiro Militar, explica que nas praias as pessoas devem sempre procurar os lugares protegidos por guarda-vidas. É importante, também, não utilizar colchão inflável ou boia de braço, pois esses equipamentos dão uma sensação de segurança mas podem furar, se atingidos por um objeto cortante. Também não se deve entrar na água após ingerir bebida alcoólica e, no mar, sempre permanecer em áreas onde é possível ter contato com o chão.

“Aquela velha frase ‘água no umbigo, sinal de perigo’ é muito verdadeira porque as pessoas acabam se aventurando. Vão entrando em águas mais profundas e pode vir uma ondulação maior ou estarem em cima de um banco de areia. Se ela perder o contato com o solo e não souber nadar, pode iniciar o processo de afogamento”, informou o tenente.

No caso de rios e lagoas, atentar-se a lugares com correntezas, porque os banhistas podem ser arrastados pela força das águas. Na cachoeira, é importante ter cuidado com as pedras escorregadias e objetos que podem cair da parte de cima do local. “Tivemos um acidente recente de uma moça que caiu, bateu a cabeça e se afogou porque ficou inconsciente em um local com apenas 40 centímetros de água”, contou o tenente Faria.

Já em relação às represas, o bombeiro explica que elas proporcionam uma sensação de segurança, no entanto, podem enganar. “Às vezes a pessoa está andando e 1 metro à frente dela tem um vale, que chamamos ‘leito do rio’, com 10, 20 metros de profundidade. Então, é preciso tomar muito cuidado com as represas e entrar apenas em lugares que sejam conhecidos”, ressaltou.

Na região

Na região de Sorocaba, as represas ficam em áreas particulares; por esse motivo, a prevenção dos afogamentos não é realizada pelo Corpo de Bombeiros. Dessa forma, ao frequentar um clube ou marina é importante verificar antes quais são os meios de segurança aquática que a empresa fornece no local. Além disso, em todas as situações envolvendo natação é necessário monitorar e dar atenção especial às crianças.

Porém, se não for possível evitar o acidente é preciso ter cautela ao socorrer a vítima. O primeiro passo é tentar arremessar algum objeto que forneça sustentabilidade a ela, como uma boia, corda, bambu, mangueira ou outra coisa que ela possa agarrar para não afundar, e chamar uma pessoa habilitada para retirar a vítima da água.

Se não houver ninguém para fazer o resgate no local, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado pelo telefone 193 ou pelo aplicativo “Bombeiros Emergência”. “Só entrar na água em último caso, porque se você não tiver habilidade natatória suficiente, você vai se transformar em uma nova vítima. Já temos casos de famílias inteiras que morreram porque o filho começou a se afogar, o pai tentou ajudar e se afogou também, outro irmão foi ajudar e morreu, além da mãe. Só entre na água se você tiver certeza da sua habilidade natatória e que você vai conseguir tirar aquela pessoa de lá”, enfatizou Faria. (Vanessa Ferranti)