Alunos do Conservatório de Tatuí entram em greve contra fim do alojamento

O movimento acontece em razão da ordem de despejo que os moradores receberam do governo estadual no mês passado

Por Luis Felipe Pio

Sceic informa que reforma do alojamento custaria cerca de R$ 9 milhões

 

Alunos do conservatório de Tatuí estão em greve contra o desmonte do alojamento público desde sábado (25). O movimento acontece em razão da ordem de despejo que os moradores receberam do governo estadual no mês passado. A greve foi decidida por votação entre os estudantes e deve durar até que a decisão de manter o alojamento disponível aos alunos seja tomada. Atualmente, cerca de 200 pessoas vivem no local.

Grupos artísticos do conservatório paralisaram suas atividades e concertos foram cancelados, no entanto a Sustenidos, empresa que administra o conservatório, disse, em nota, que, na segunda-feira (27), reiterou aos alunos que as atividades letivas estão mantidas. Nem a equipe nem os professores aderiram à greve, segundo a empresa. Informações a respeito do posicionamento da instituição perante a reivindicação dos estudantes não foram comunicadas.

Os alunos seguem com a paralisação e com apresentações culturais em frente ao alojamento. A programação pode ser acessada por meio da rede social do movimento (@desalojadosconserva).

Relembre

Em outubro, os estudantes que vivem no alojamento do conservatório receberam um comunicado informando que o local seria fechado em janeiro de 2024, por determinação do Governo do Estado de São Paulo. Em substituição, os alunos receberiam do governo a quantia mensal de R$ 450 para arcar com despesas, como aluguel e alimentação. Os moradores, no entanto, consideram o montante insuficiente para a manutenção de suas necessidades básicas e, por isso, estão fazendo uma mobilização em prol da manutenção do alojamento, que recebe alunos vindos de diferentes Estados e países.

Em nota, a Secretaria Estadual de Cultura, Economia e Indústria Criativas (Sceic) afirmou que o custeio anual do alojamento hoje fica em cerca de R$ 1 milhão. Também disse que o local necessita de reforma estrutural e modernização.

Um aluno do conservatório, que preferiu não ser identificado, disse que, em reunião com representantes da Sceic, foi explicado aos estudantes que a quantia de R$ 450 foi ofertada com base em “pesquisas de custo de vida”. Também foi dito que o alojamento está ‘deteriorado‘ e precisaria passar por uma reforma que custaria ao Estado cerca de R$ 9 milhões -- por isso, a melhor opção seria desativá-lo. O Cruzeiro do Sul questionou a pasta estadual sobre a necessidade de reforma do alojamento, valor das obras e cálculo do custeio oferecido aos estudantes, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. (Luís Pio - programa de estágio)