5G ainda ‘engatinha’ nas cidades da região

Anatel liberou para todo o Estado, mas prefeituras e operadoras esbarram na regulamentação

Por Thaís Marcolino

Sorocaba iniciou em 2022 a instalação da infraestrutura para funcionamento do novo sistema

 

Em um mundo cada vez mais conectado, a possibilidade de ter uma internet veloz atrai a muitos. A velocidade 5G está liberada para os 645 municípios do Estado de São Paulo. Porém, para que os consumidores possam usar a tecnologia em sua totalidade, há alguns fatores pendentes e que dependem de cada município e operadoras, como a lei das antenas -- que regulamenta onde os novos equipamentos serão instalados -- e da limpeza de faixa -- troca das antenas parabólicas de TV tradicionais pelas digitais, para evitar interferências. De acordo com o levantamento realizado pelo jornal Cruzeiro do Sul junto às prefeituras da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), elas seguem, no geral, em análise e processo jurídico. Não há uma data estipulada para a liberação completa à população em cada cidade.

Em Votorantim, por exemplo, o Projeto de Lei está em fase de elaboração, por meio de parceira entre a Secretaria de Planejamento e a agência InvestSP. A cidade participa, também, do programa estadual TecnoCidades, cujo foco é acelerar a chegada da internet 5G. “Estudos técnicos estão sendo realizados para a regulamentação dos pontos onde poderão ser instaladas as novas antenas”, informou a municipalidade por meio de nota.

Sorocaba e Itu são, até o momento, as únicas da RMS que possuem a tecnologia em funcionamento, apesar de estar em poucos locais de maneira efetiva. Os sorocabanos conseguem conectar com mais efetividade na região central, Prefeitura e Parque das Águas. Para tanto, é necessário que os celulares e chips sejam compatíveis à tecnologia.

Diferente das estações de 4G -- alocadas em um terreno com uma ou mais torres --, a 5G fica nos postes de luz. Entretanto, a distância que cada ponto cobre é menor. Nas torres atuais (4ª geração), o sinal pode chegar a um raio de três a 6,5 quilômetros, enquanto a de 5ª geração fica entre 1,6 a 5 quilômetros. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as antenas devem estar a uma distância de 300 metros entre si, no Brasil.

Expectativa x realidade

A reportagem percorreu ruas próximas à praça Coronel Fernando Prestes e conversou com algumas pessoas sobre o tema. A opinião de Luis Fernando Alba é quase a mesma da grande maioria: não sente diferença. “Meu celular e chip já são compatíveis com o 5G e quando tem sinal muda automaticamente. Eu uso, mas, sinceramente não vejo tanta diferença. Para mim segue com a mesma velocidade. Se eu tivesse que trocar alguma coisa só para ter essa mais rápida, não ia mudar não”, comentou o eletricista de 38 anos.

Apesar de não haver percepção real de muitas pessoas, os especialistas no assunto garantem que a diferença é exorbitante. “Daria para colocar o 4G como um ciclista de alto desempenho em 40/50 km/h e o 5G como uma aeronave supersônica da Força Aérea Brasileira (FAB), ou seja, que voa mais rápido que a velocidade do som. Outra comparação: na internet atual, baixar um filme demora cerca de 25 minutos, mas com a ‘nova’, o tempo é de segundos”, exemplificou o professor e engenheiro especialista em instalação de internet, Valmir Almenara.

“O 5G viabiliza muito mais a internet das coisas -- uma rede de objetos físicos capaz de reunir e de transmitir dados --, além de aumentar e otimizar o funcionamento de aparelhos conectados à rede mais rápida”, complementou o professor.

A auxiliar e estudante de enfermagem Aline Pires está do lado dos que não veem a hora de ter a conectividade mais veloz. “Acredito que essa nova atualização ainda não chegou para minha operadora, mas pretendo mudar para outra melhor e mais rápida”, disse a jovem, de 24 anos. “Para mim, a tecnologia sempre vai atualizar, por vivermos na era digital, em que precisamos e queremos tudo rápido. A cada dia surgem novas plataformas tecnológicas e de jogos e é lógico que queremos uma internet mais rápida e que alcance longas distâncias. Amo tecnologia”, complementou.

O pensamento mais tecnológico e requerer cada vez mais rapidez nas funções e aplicativos telefônicos faz parte da juventude, porém, de acordo com uma loja de celulares na região central de Sorocaba, pessoas de mais idade também têm buscado informações e aparelhos já homologados com o 5G, apesar do preço -- cerca de R$ 400,00 mais caro.

Eu já tenho 5G?

A implantação do 5G no Brasil teve início em 2022. Entretanto, de acordo com Valmir, os celulares de 2020 para cá já vem com a “nova velocidade”. Os fabricados em anos anteriores comportam apenas 4G.

Para saber se o aparelho já tem a internet de quinta geração, o usuário deve acessar as configurações de rede e verificar se aparece o 5G. Se sim, basta habilitá-lo para que o sinal funcione em áreas aptas. Quando em operação, o símbolo aparece na tela, assim como os demais.

Em relação ao chip, o professor explica que, no geral, não há necessidade de troca. Porém, há operadoras em que, mesmo com o sinal habilitado, a internet fica instável. Por isso, é necessário que cada cliente entre em contato com a operação para sanar tal questão.

Apesar da evolução, Valmir explica que a chegada de uma nova rede não impedirá o funcionamento das demais -- 3G e 4G --, já que a cobertura de Internet não é igualitária em grande parte do País.

Outras informações podem ser fornecidas diretamente pela Anatel, responsável por fiscalizar a implementação do 5G, por meio do site www.gov.br/anatel/pt-br/assuntos/5G. (Thaís Marcolino)