Justiça derruba liminar que suspendia comissão processante contra prefeito

Comissão apura denúncia de supostas irregularidades na contratação de 83 comissionados na Prefeitura de Piedade

Por Cruzeiro do Sul

Justiça derruba liminar que suspendia trabalhos da comissão processante em Piedade

A Justiça derrubou a liminar que suspendia a comissão processante que investiga o prefeito de Piedade, Geraldo Pinto de Camargo Filho, o Geraldinho (MDB), por supostas irregularidades na contratação de 83 servidores comissionados para exercerem cargos na Prefeitura Municipal. A decisão é assinada pelo juiz Jamil Nakad Junior, da 2ª Vara da Comarca de Piedade, que atendeu ao pedido da Câmara Municipal. O processo de cassação contra o prefeito de Piedade foi instaurado pelos vereadores na sessão ordinária de 27 de fevereiro de 2023.

De acordo com a denúncia lida em plenário, a Administração Municipal teria cometido irregularidades em contratações de cargos, exclusivamente, em comissão e agentes políticos na condição de servidores municipais, o que teria gerado aumento de despesa com pessoal.

O Cruzeiro do Sul entrou em contato com a Prefeitura de Piedade a respeito de decisão judicial. Em nota, a atual gestão informa que serão adotadas todas as medidas judiciais cabíveis para salvaguardar os direitos do Poder Executivo, evidenciar a boa-fé e legalidade dos atos, e afastar qualquer possibilidade de excessos.

A Prefeitura de Piedade informa ainda que os 83 servidores comissionados seguem trabalhando para o município. “Antes de serem implementados, todos os procedimentos do Poder Executivo passam, previamente, por análises e estudos. Todos os cargos ocupados foram estabelecidos por meio de legislação e já estavam sendo ocupados durante administrações anteriores”, informa.

Já a Câmara Municipal informou que o processo de cassação contra o prefeito Geraldinho voltará a tramitar assim que os vereadores retornarem do recesso, o que deverá ocorrer no próximo dia 5 de fevereiro.

De acordo com os vereadores, a abertura da comissão processante foi colocada em votação por conta da denúncia e foi aceita pela maioria, ou seja, 7 votos a favor e seis contra, tendo, então, o início dos trabalhos, com a devida notificação do réu pela comissão processante formada, seguindo rito previsto em legislação federal.

“Após algumas tentativas frustradas, a comissão processante se viu obrigada a notificar o prefeito de Piedade por meio do Diário Oficial do Município, uma vez que, nas diversas vezes que foi procurado na Prefeitura, Geraldinho estava ausente ou se recusou a receber o documento”, informa a Câmara.

Após a notificação por meio de edital, o prefeito encaminhou defesa, que foi analisada pela Comissão Processante. Após a análise, a Câmara ratificou a decisão do plenário e iniciaria a fase de coleta de mais provas, momento em que o prefeito ingressou com ação judicial, alegando que não foi devidamente notificado, interrompendo o procedimento administrativo e o prazo legal.

“A alegação não prevaleceu perante a Justiça, uma vez que o Poder Judiciário decidiu que não houve nenhuma irregularidade perpetrada pela comissão processante na condução do processo de cassação, o qual volta a tramitar na Casa”, destaca o Legislativo.

Denúncia

O Cruzeiro do Sul teve acesso à denúncia na íntegra, que destaca que Geraldinho nomeou 83 pessoas entre janeiro e dezembro de 2021, sendo que 69 contratações foram para cargos comissionados e 14 para servidores efetivos em substituição de cargos também efetivos ou comissionados. No entanto, essas vagas não estavam preenchidas nos exercícios de 2019 e 2020, o que teria gerado um aumento de despesa com pessoal.

Também é citada a Lei Complementar 173/2020, que, devido à pandemia de Covid-19, proibiu esse tipo de contratação, especialmente para municípios que decretaram calamidade pública. Cabe destacar que Piedade decretou calamidade pública em abril de 2020. No processo, também consta que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) considerou ilegais as contratações de pessoal realizadas durante a crise sanitária. (Da Redação)