Motorista que atirou em carro vai continuar preso
O motorista que atirou no carro de um casal em Boituva teve a prisão temporária mantida após audiência de custódia realizada ontem (20) em Itapetininga. Antes disso, ele fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e depois foi encaminhado à Cadeia Pública de Capão Bonito, onde deve permanecer por 30 dias, até a finalização do inquérito policial.
O empresário Adriano Domingues da Costa foi detido na quarta-feira (19) em Alumínio. O acusado estava a caminho da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itapetininga, responsável pelas investigações, para se entregar, quando, durante o trajeto, o carro dele foi interceptado por policiais militares. O caso é investigado como dupla tentativa de homicídio. A esposa de Adriano, que estava com ele no momento dos disparos, e a babá, que também estava no carro, devem ser ouvidas nos próximos dias por videoconferência.
Adriano chegou à DIG de Itapetininga na quarta-feira, por volta das 14h40, acompanhado do advogado. O depoimento do empresário à polícia durou cerca de duas horas. Segundo o delegado Franco Augusto Ferreira, responsável pela investigação, Adriano diz que foi vítima de uma perseguição. “Ele alega que o veículo dele acabou sendo abalroado pelo outro veículo e, em algumas ocasiões, tentou ultrapassar e foi impedido, acarretando nas duas paradas. Na segunda parada é que ele desceu e efetuou os disparos”. Ainda conforme a polícia, a arma utilizada no crime não é de Adriano, que não tem autorização para transportar o objeto, e estava com a numeração raspada.
Violência
A ocorrência foi registrada no dia 14 de junho, na rodovia Castello Branco, em Boituva. Imagens que circularam nas redes sociais mostram o momento em que um homem armado e uma mulher descem de uma Hilux branca e vão em direção a um veículo, onde está outro casal, e faz os disparos. Em outra cena, o casal para novamente e volta a brigar com as vítimas. Outra vez armado, o homem pede para os ocupantes abaixarem os vidros. É possível ouvir a mulher que está dentro do carro falando com uma policial pelo celular e é orientada a não abrir as janelas.
No dia seguinte (15), a Polícia Civil foi ao hotel em que Adriano estava hospedado, em Piraju, e apreendeu o carro do empresário, mas ele não foi encontrado. No domingo (16), um mandado de busca foi cumprido na residência dele, em Mairiporã. Foram apreendidos um cofre, uma arma branca chamada tonfa — usada nas artes marciais — e o seu passaporte. Na ocasião, ele também não foi localizado.
O delegado Franco Augusto Ferreira, da DIG, informou que ainda não tem informação sobre o que havia dentro do cofre, pois o objeto foi aberto na presença de outros delegados e do advogado de Adriano. Já a defesa declara que havia apenas talões de cheques antigos no cofre.
O advogado de Adriano, Luiz Carlos Tucho, declara que o motorista estava com a família no carro, quando foi perseguido e precisou se defender. “O depoimento foi esclarecedor, ele teve a oportunidade de dizer que foi perseguido, que tentaram colocar [o carro dele] para fora da estrada. [Por isso] teve uma reação destemperada — ele admite — e que, depois da reação destemperada voltou a ser perseguido. Estamos aguardando imagens da concessionária que mostram que o casal, que se diz vítima, estourou a cancela do pedágio ainda em uma perseguição para alcançá-lo”. A Polícia Civil informa que ainda não teve acesso a essas imagens.
Em nota, a defesa do casal informou que “as vítimas estão muito abaladas com tudo que aconteceu”.