INB coloca à venda material radioativo estocado em Itu

Por Cruzeiro do Sul

Torta II está armazenado em unidade desativada desde 1990

O edital de Oferta Pública de Torta II (Hidróxido de Urânio, Tório e Terras Raras) foi publicado pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), no dia 13 de junho. O objetivo é vender as 15.424 toneladas métricas de material que se encontram armazenadas na Unidade em Descomissionamento, de Minas Gerais e São Paulo, além da Unidade de Estocagem Sítio São Bento, em Itu. Este material, classificado como lixo radioativo, é resultado do processamento químico de monazita na Usina Santo Amaro (USAM), operada pela INB entre as décadas de 1950 e 1990.

‘‘Os interessados devem apresentar sua proposta para a INB em até 90 dias, de acordo com as regras estabelecidas no edital. Será declarada vencedora a proponente que apresentar a maior oferta de preço’’, informou a Indústria Nuclear do Brasil. Essa não foi a primeira tentativa de venda desse material. Há onze anos, em 2013, a INB tentou fazer um contato com uma empresa chinesa, mas a empresa não conseguiu as licenças ambientais para receber os materiais naquele país.

Em Itu, são aproximadamente 3,5 mil toneladas deste material, conforme reportado pelo Jornal de Itu. ‘‘O material está estocado em 7 silos, que são grandes depósitos em forma de piscinas retangulares, construídas em concreto. Os silos ocupam aproximadamente 800 m2 em área isolada de 20 mil m2 da propriedade. O Sítio São Bento possui uma área total de aproximadamente 300 mil m2’’, notificou a INB.

O material é proveniente da Usina Santo Amaro (USAM), que foi desativada no início dos anos 1990. A INB monitora constantemente a área, que é isolada com cerca de tela e devidamente sinalizada. ‘‘A segurança da instalação está de acordo com as normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)’’, afirma o secretário da INB, José Antonio Costa.

‘‘Fechada em 1992, a área da Usina foi descontaminada e liberada para uso irrestrito seis anos depois. Coube então à INB a guarda de 1.179 toneladas de materiais, dentre os quais se encontram Torta II, equipamentos, peças e ferramentas da antiga fábrica’’, acrescentou José.

Composição e utilidade do material

A Torta II é um resíduo proveniente do tratamento químico, realizado em São Paulo, de um minério chamado monazita que é encontrado nas areias mais escuras do litoral brasileiro, principalmente São Paulo, Espírito Santo e na Bahia e que há décadas está armazenado na INB.

A Torta II é composta por hidróxido de urânio, tório e elementos de terras raras, o que a torna um subproduto valioso do processamento de minerais como a monazita. Apesar de seu potencial valor econômico devido aos elementos raros presentes, o material é considerado perigoso devido à sua radioatividade e necessita de cuidados especiais no manejo e armazenamento.