Morte por dengue é confirmada em 11 municípios da região

Por Thaís Marcolino

Em quatro dias, 48 confirmações de dengue saíram das estatísticas da Prefeitura de Sorocaba. A diminuição ocorre devido a uma revisão da Secretaria da Saúde (SES) que constatou dados duplicados e casos de outros municípios. Com isso, conforme boletim emitido ontem (29), a cidade passa a ter 46.749 casos, ante os 46.797 divulgados no informe de segunda-feira (26).

Em relação às mortes, são 41 vítimas em decorrência da doença no ano. O número ultrapassa a marca de 2015, quando foi decretada epidemia na cidade. Outros sete óbitos seguem em investigação pelo Instituto Adolfo Lutz, responsável pelas análises no Estado.

Na região, conforme o Painel de Monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde, 11 municípios têm mortes confirmadas por dengue. São eles: Boituva (1), Itapetininga (4), Itu (7), Mairinque (2), Piedade (1), Pilar do Sul (1), Porto Feliz (1), Salto (9), Salto de Pirapora (1), São Roque (4) e Votorantim (4). Nessas cidades, o número de casos soma 46.478.

Butantan explica aumento de casos

Em 2024, até agosto, foram notificados 6,4 milhões de casos prováveis de dengue no Brasil, sendo 5 milhões deles confirmados pelo Ministério da Saúde. O número é seis vezes maior na comparação com o do ano todo de 2023, que chegou a 1,6 milhão. Com isso, o Brasil lidera a quantidade de casos da maior epidemia de dengue da história na região das Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas o que explica esse aumento substancial?

De acordo com o médico infectologista e diretor de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan, José Moreira, uma das principais razões para a atual epidemia é a circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus da dengue, uma situação considerada atípica. “Isso significa que há introdução de genótipos novos em uma população que é suscetível a ter a doença, pois ainda não se infectou. Crianças e adolescentes que ainda não tiveram exposição aos tipos 3 ou 4, por exemplo, que não circularam nos últimos anos, ficam mais expostas e são mais suscetíveis à doença grave em infecções secundárias”, explica.

É justamente a variação genética do vírus que representa o maior problema da dengue: quando infectado por um sorotipo, o indivíduo adquire imunidade contra aquele vírus específico. No entanto, em contato com um segundo sorotipo, o paciente tem maior risco de desenvolver a doença grave, devido a uma resposta exacerbada dos anticorpos produzidos na infecção anterior.

O último Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde aponta que, em 2024, todos os estados apresentaram cocirculação dos tipos 1 e 2. Alguns locais tiveram registro dos sorotipos 1, 2 e 3, como Roraima, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Detecções do sorotipo 4 foram registradas em Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. (Com informações da Agência SP)