Restaurantes de Sorocaba seguem regras, mas têm movimento fraco no primeiro dia

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Mulher escolhe comida em um restaurante no centro de Sorocaba. Crédito da foto: Vinicius Fonseca (11/8/2020)

Mulher escolhe comida em um restaurante no centro de Sorocaba. Crédito da foto: Vinicius Fonseca (11/8/2020)

O primeiro dia de reabertura dos restaurantes em Sorocaba, conforme o Plano São Paulo do governo do Estado, teve movimento fraco na hora do almoço na região central. Apesar do alívio em poder retomar o atendimento presencial após quase cinco meses atendendo somente nos sistemas delivery e drive thru, gerentes e proprietários desses estabelecimentos ouvidos pela reportagem constataram movimento bem abaixo da média nos salões, na comparação com o período anterior à pandemia.

Eles acreditam que os clientes estão cautelosos. Consequentemente, precisam de mais tempo para constatar o cumprimento dos protocolos sanitários para até restabelecer a confiança para voltar a comer fora de casa.

Espaçamento maior entre as mesas, marcações de distanciamento físico no solo e distribuição de luvas descartáveis, no caso do sistema self-service, puderam ser constatados em dez restaurantes e lanchonetes visitados pela reportagem. Os comércios reabriram as portas nesta terça-feira (11) após quase cinco meses fechados por causa da pandemia de Covid-19.

Apesar de seguir todas as recomendações, o que faltou foi cliente. “Antes da pandemia eu vendia 150 refeições no salão. Hoje teve vinte”, comentou Valter Alexandre Moreira, que há dois anos administra um restaurante na rua Brigadeiro Tobias.

Apesar do movimento ter sido bem menor do que o habitual, a reabertura do salão, com 40% de sua capacidade, foi comemorada, já que, segundo ele, as entregas de marmitex tiveram aumento expressivo durante a pandemia, mas ainda eram insuficientes para cobrir todas as despesas e precisou desligar dois dos cinco funcionários que tinha. “A gente estava bem apreensivo e ansioso pela reabertura. Fizemos várias alterações e precisamos mudar o nosso método de trabalho, tudo mais cauteloso e cuidadoso. Acredito que, com o boca a boca, vai ter melhora [no movimento] nos próximos dias”, assinalou Moreira

Dona de um restaurante na rua 15 de Novembro, Cristina Satie Ohara também atribuiu o baixo movimento desta terça-feira à cautela dos clientes combinada com a falta de informação sobre a reabertura. “Em um dia normal, a gente nem conseguiria conversar a esta hora [por volta das 13 horas]”, destaca, citando que, para adequar às normas de seu estabelecimento ao Plano São Paulo, decidiu guardar parte das mesas e cadeiras na sala menos arejada do imóvel que ficará fechada.

“Nesse horário já era para estar atendendo 15 a 20 mesas, mas até agora só vieram dois”, relatou Emílio Montossa Henrique Filho. Há nove anos, ele é dono de um restaurante na rua Brigadeiro Tobias. “Acho que o pessoal está com medo de por a cara na rua”, completou.

O estabelecimento dele, que funcionava no sistema self-service, reabriu servindo apenas pratos executivos. Segundo ele, tanto o Plano São Paulo quanto o decreto da Prefeitura de Sorocaba deixam dúvidas sobre a permissão ou não do self-service. “Não sei se pode [ter self-service]. Preferir só servir PF [prato feito] e marmitex porque é inviável deixar um funcionário só servir os clientes”, disse.

Já Cláudio Tominaga, proprietário de um restaurante de comida japonesa da rua Dom Pedro II, optou por manter o sistema self-service. Para isso, destacou um de seus 15 funcionários somente para medir a temperatura, além de oferecer luvas plásticas e descartáveis aos clientes que chegavam. “Estamos tomando todos os cuidados, mas parece que o pessoal ainda está bem cauteloso”, comentou.

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Frequentador assíduo do restaurante, o executivo Gerson Certo comemorou a reabertura após inúmeros pedidos por delivery. “Poder entrar, sentar e comer dá um pouquinho de sentimento de volta à vida normal”, comentou.

No entanto, ele reconhece que o clima está bem diferente à normalidade anterior à pandemia quando, diante da lotação, os clientes costumavam dividir as mesas com pessoas desconhecidas. “Sinto que o clima está bem estéril, parece que meio sem vida, artificial”, constatou. (Felipe Shikama)