Santa Casa de Sorocaba quer oferecer serviços particulares para levantar verbas
A Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba pretende oferecer alguns serviços pagos, com atendimento particular, como a realização de exames de imagens (raio-x e mamografias), a preços populares. Segundo o presidente do Conselho de Administração da instituição, padre Flávio Jorge Miguel Júnior, a iniciativa, que ainda não tem data para ser efetivada, não significa que o hospital será privatizado.
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Padre Flávio ressaltou que o oferecimento de alguns serviços por meio do atendimento particular (pago) em nada altera ou muda o atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que continua e continuará sendo prestado, de forma gratuita, à população de Sorocaba. “Hoje a Santa Casa possui cerca de 270 leitos para atendimento via SUS e nós não vamos diminuir essa quantidade. Pelo contrário, eu tenho projeto para aumentar para 300 o número de leitos SUS se a Prefeitura de Sorocaba desejar comprar mais leitos na sua Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, diz.
O gestor afirma que a Santa Casa não é um hospital público, mas pertence ao terceiro setor da economia. “Assim como também não é um hospital público o Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) e nem o hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci). Nós fazemos parte do terceiro setor da economia, ou seja, somos privados, porém filantrópicos”. E acrescenta que “o próprio Ministério da Saúde pede e até incentiva que tenha uma parte até 40% privatizada justamente porque o lucro da parte privatizada volta para a própria população em benefícios”, aponta.
De acordo com o padre, a parte privatizada enriquece o SUS porque a tabela é desatualizada. “Como a tabela SUS é fraca, frágil e limitada no nosso país, com a parte privada nós podemos enriquecer. Então, nós vamos até aumentar leitos para o SUS”. O gestor enfatiza que o que serão privatizadas são áreas do hospital que não são utilizadas, onde poderão ser oferecidos serviços de imagens, como exames de raio-x e de mamografia a preços populares. “O lucro com esses exames particulares vão ser revertidos para o próprio hospital e para a própria população”, garante.
Padre Flávio afirma ainda que outro equívoco é achar que tendo uma parte privatizada haveria acepção (escolha, predileção) de pessoas. “Quem vai ser atendido no particular teria mais conforto? Não. Nós estamos fazendo tudo para a Santa Casa ficar bonita para todos, seja aquele que é do SUS ou seja do atendimento privado. Estamos iniciando esse processo, que é permitido e incentivado pelo Ministério da Saúde”, disse.
Mais recursos
Padre Flávio afirma que o dinheiro que a Santa Casa recebe do município, do governo estadual e do federal só pode ser usado para pagar médicos, funcionários, equipe de enfermagem, alimentação, comprar medicamentos, insumos, pagar contas de água e luz, entre outros.
“Eu não posso com o dinheiro do SUS, por exemplo, comprar uma cama hospitalar, trocar chuveiros ou fazer uma reforma no hospital. Por isso que eu tenho que ter uma parte privada, além das campanhas”. Ele cita que a igreja já contribuiu mais de R$ 300 mil e a Associação Salve Santa Casa quase R$ 500 mil no hospital, além de empresários que doaram quase R$ 2 milhões. “Tenho que conseguir recursos através de doações e campanhas ou através de uma parte privatizada, para enriquecer a população do SUS, aqueles que não tem plano de saúde”, diz.
Padre Flávio disse ainda que o processo não necessita de autorização do Ministério da Saúde, mas somente uma comunicação oficial da porcentagem dos serviços que serão privatizados. Ainda não há uma data para o início do oferecimentos dos serviços particulares na Santa Casa. “A gente informa o Ministério da Saúde, mas isso não tira a nossa filantropia, não tira os nossos credenciamentos”, disse. (Ana Cláudia Martins)