Sorocaba deve ter alta nos casos de covid-19 e falta de leitos nos próximos 15 dias
As duas próximas semanas da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) devem ser as mais difíceis para a população de Sorocaba e para os profissionais da linha de frente. Essas impressões foram transmitidas nesta quarta-feira (24), em uma videoconferência que reuniu profissionais da área da saúde para discutir os impactos da doença no Estado de São Paulo e traçar um panorama do atendimento hospitalar de pacientes infectados pela Covid-19.
Organizado pelo deputado federal Vitor Lippi (PSDB) e representantes das secretarias municipal e estadual da Saúde, o debate contou com membros de hospitais da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). Atendendo às recomendações contra aglomerações, o debate foi realizado virtualmente.
Representando o governo estadual, a diretora do Departamento Regional de Saúde 16 (DRS-16), Kelly Schettini, comentou sobre o aumento no número de casos confirmados e a necessidade de adesão dos munícipes no combate da doença. “O controle da pandemia depende não só das ações de contingenciamento do Estado como do comportamento da população”, declarou.
Avanço esperado
O diretor técnico da Santa Casa, Fernando Brum, avaliou que o avanço da doença no interior já era esperado, pela proximidade com a capital paulista. Atualmente, a cidade se aproxima do colapso da rede pública de saúde, com 100% de ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI). “É uma fase que Sorocaba vai passar pelas próximas duas semanas com altos índices de contaminação e de procura de leitos hospitalares”, previu o médico.
A falta de profissionais qualificados e o aumento nos preços de insumos utilizados pelos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) foram alguns dos assuntos da noite. “Muitos dos nossos funcionários ficaram doentes e estão afastados. Não é fácil, porque não é todo mundo que consegue trabalhar em uma UTI. Há uma sobrecarga e as pessoas estão exaustas”, refletiu o gestor da Santa Casa de Sorocaba, padre Flávio Jorge Miguel Júnior.
Mais caros
Sobre os preços, o responsável pelo Hospital Adib Jatene, referência no atendimento de Sars-Cov-2 na RMS, Carlos Oliva, disse que alguns medicamentos utilizados no tratamento dos pacientes registraram aumento de 1.800%. “Não há nenhuma justificativa dessa variação pela lei da oferta e da demanda”, criticou o médico.
Além dos representantes de saúde, o encontro virtual foi aberto à participação da imprensa e dos munícipes, que enviaram suas perguntas durante o debate. Cerca de 100 internautas participaram das discussões sobre o tema. (Wesley Gonsalves)