Sorocaba não terá vacinação antirrábica
Sorocaba não terá este ano a Campanha de Vacinação Antirrábica. A informação foi confirmada pela Prefeitura da cidade. A última vez que o município teve a campanha foi em 2018, ou seja, há dois anos. Na época, os animais foram vacinados em 33 postos fixos, em novembro e início de dezembro, além de vacinação em áreas rurais.
Questionada, a Secretaria da Saúde (SES) afirma que, atualmente, a vacinação antirrábica somente poderá ser realizada em situações excepcionais. “De acordo com diretrizes do Instituto Pasteur, por conta do desabastecimento de vacinas antirrábica de cães e gatos por parte do Ministério da Saúde, as vacinas serão utilizadas apenas em bloqueios de casos de raiva em cães e gatos. O mesmo órgão também informou que não deverão ser realizadas campanhas de vacinação antirrábica durante o período de vigência da pandemia da Covid-19”, destaca a SES.
Antes do início da pandemia, a explicação para a não realização da campanha na cidade era a falta de vacinas, que são destinadas pelo Ministério da Saúde.
A pasta municipal reconhece que normalmente, a vacinação de cães e gatos é realizada o ano todo, durante a rotina das ações da Divisão de Vigilância Epidemiológica e Zoonoses e em campanhas antirrábicas. “No entanto, desde 2019, o município de Sorocaba não recebe um quantitativo de doses para a realização de campanhas, devido ao desabastecimento nacional das mesmas”, alega a SES.
A não realização da campanha anual preocupa donos de animais de estimação, como cães e gatos, Ongs de proteção e defesa dos animais e também médicos veterinários, sobretudo no caso de donos de animais carentes, e que não têm como pagar pela vacina.
A SES afirma que, segundo orientações do Instituto Pasteur, a falta de vacina antirrábica não exime os responsáveis por cães e gatos de vacinarem seus animais com veterinários particulares, conforme parágrafo 3º do Art. 10 da Lei nº 8354/07. “Vale ressaltar que há uma proibição de uso de verba federal para compra de imunobiológicos, uma vez que o repasse é atribuição do Ministério da Saúde”, aponta.
De acordo com a SES, não há registro de cães e gatos com raiva na cidade nos últimos anos. “Há apenas relatos de um animal na década de 90”, diz.
O Cruzeiro do Sul também questionou o governo estadual a respeito. A Secretaria de Estado da Saúde afirma que, “devido ao risco de transmissão do novo coronavírus em situações que geram aglomeração, as equipes técnicas de saúde estadual e municipais optaram por manter apenas a imunização de rotina, disponível nos serviços de saúde municipais ou estabelecimentos médico-veterinários privados, sendo responsabilidade do tutor ou proprietário zelar pela saúde do animal de estimação. “Tradicionalmente, a ação ocorria entre os meses de agosto e setembro. A campanha poderá ser reprogramada a depender do cenário epidemiológico do novo coronavírus, e qualquer definição será discutida com os municípios e amplamente comunicada à população”, diz.
Desde 1997, o Estado não registra casos de raiva em humanos provocadas pela variante canina, e desde 1998 não há casos caninos e felinos.
Situação preocupa Ongs e donos de animais
A falta da Campanha de Vacinação Antirrábica na cidade preocupa Ongs e donos de animais de estimação.
A presidente da Ong Anjos e Protetores, Eliane Rangel Pulino Consorte afirma que a situação é preocupante porque a raiva mata e não existe cura. Isso porque, geralmente, nos animais a morte ocorre, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas. Já nos humanos a letalidade também é de praticamente 100%. “Quem não tem como pagar pela vacina deixa o animal em risco. Então, a campanha é necessária”, aponta.
Segundo Eliane, a vacina comprado em lojas agro custa entre R$ 20 a R$ 30 reais e o dono mesmo pode aplicar. “Existe também a vacina importada, que é mais cara e geralmente é aplicada na clínica veterinária e o custo é mais alto, cerca de R$ 100”, aponta.
A cozinheira Márcia Cristina de Deus, 48 anos, tem três cachorros, todos adotados, e afirma que a campanha faz falta porque tendo que pagar pesa no bolso. “Estou desempregada e como tenho três animais se tivesse a campanha seria melhor, torço para que volte”, aponta.
Prevenção e atendimento médico
A prevenção da raiva ocorre por meio do controle da doença nos animais domésticos e da profilaxia no ser humano. Assim, as pessoas ou cães e gatos que tiverem contato acidental com morcegos devem ser prontamente encaminhadas para tratamento profilático. Também é imprescindível procurar um serviço de saúde se a pessoa for arranhada ou mordida por um animal mamífero desconhecido.
Não há cura para a raiva e é uma doença quase sempre fatal, que pode provocar paralisia, debilidade e outros quadros motores. (Ana Cláudia Martins)