Transporte coletivo de Sorocaba volta a operar, mas só 40% da frota

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Terminais ficaram vazios ontem. Hoje, serviço deve ser restabelecido com menos ônibus e período menor. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (24/3/2020)

Terminais ficaram vazios ontem. Hoje, serviço deve ser restabelecido com menos ônibus e período menor. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (24/3/2020)

A partir desta quinta-feira (26), o transporte coletivo será parcialmente restabelecido, após três dias de paralisação. O impasse chegou ao fim depois de reunião, na tarde desta quarta-feira (25), entre a prefeita Jaqueline Coutinho (PSL) e representantes do Sindicato dos Rodoviários. Segundo o Executivo, houve uma longa negociação, apesar de a Justiça já ter determinado a volta do serviço na terça-feira.

O acordo firmado entre governo municipal e sindicato prevê que 40% da frota de ônibus volte a circular entre 5h e 21h, dando, desta forma, alternativa de locomoção para os trabalhadores de serviços essenciais das áreas da saúde, segurança pública, abastecimento emergenciais e, ainda, tornando-se uma opção para as pessoas doentes que precisam de atendimento médico.

"Trata-se de um momento de urgência vivido pela sociedade por conta da pandemia da Covid-19. Aqueles que trabalham em serviços essenciais não podem sofrer prejuízos neste momento que atravessamos e que tanto precisamos desses profissionais", reforça a prefeita.

A Urbes - Trânsito e Transportes informou que estará avaliando a operação parcial e fará ajustes nos horários de atendimento, conforme o correr do dia.

Outro dia sem ônibus

Apesar da decisão judicial que determinou o retorno da circulação dos ônibus na última terça-feira (24) pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, o TRT de Campinas, o transporte coletivo de Sorocaba permaneceu 100% paralisado até a noite desta quarta-feira (25).

A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Urbes, chegou a informar que acionou a Justiça informando o descumprimento da liminar.

A Urbes também afirmou que esperava que a situação fosse resolvida o quanto antes, "pois as pessoas que trabalham em serviços essenciais, neste momento de calamidade pública, são as mais prejudicadas".

A prefeita chegou a divulgar uma "carta aberta à população de Sorocaba" na qual classifica a paralisação total do transporte coletivo como "ato de radicalismo adotado pelo sindicato da categoria e ilegal, neste momento de calamidade pública, como o que estamos vivendo".

No texto, a chefe do Executivo acrescenta que diante da paralisação de 100% desse serviço essencial à população, "quem mais sofre são os profissionais que precisam do transporte coletivo para ir ao trabalho" e calcula que "são 399 funcionários da saúde pública que dependem do transporte coletivo para ir às UBSs e UPHs, por exemplo".

A Santa Casa de Misericórdia informou que a taxa de absenteísmo só foi menor do que na terça-feira porque os funcionários se programaram e houve líder de setor que se dispôs a buscar os seus subordinados.

Já a Unimed Sorocaba informou que a paralisação dos ônibus impacta diretamente no atendimento. Sem revelar a taxa de faltas nesta terça-feira, a gerente de Recursos Humanos da Unimed, Daniela Sampaio Portela Murbach, admitiu que a empresa precisou acionar um plano de contingência, que consiste em carona solidária e utilização de aplicativos.

O Sindicato dos Rodoviários foi procurado pela reportagem, mas não retornou o contato.

As empresas STU e Consórcio Sorocaba, que operam no sistema de transporte urbano da cidade foram procuradas, mas não atenderam a reportagem. Em ambas as empresas, houve contatos telefônicos nos períodos da manhã e da tarde, mas os atendentes disseram que nenhum integrante da diretoria estava presente ou disponível. Nas duas empresas, a reportagem deixou recado e número de contato, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Desde segunda

Os ônibus deixaram de circular em Sorocaba e outras 42 cidades da região no final da manhã de segunda-feira (23). Os motoristas encerraram as atividades por orientação do Sindicato dos Rodoviários. A entidade determinou a paralisação por 15 dias e alegou que a medida foi tomada por conta do agravamento do quadro de propagação do novo coronavírus.

No dia seguinte, o TRT- 15ª Região determinou o imediato retorno do serviço. A decisão atendeu a pedido de tutela antecipada (liminar) feito pela Prefeitura de Sorocaba, por meio da Urbes.

No despacho, a desembargadora relatora Rosemeire Uehara Tanaka determina a disponibilização de 60% da frota em horários de pico, ou seja, das 5h às 8h e das 17h às 20h, e 40% da frota no restante do dia. Em caso de descumprimento, o sindicato poderá ser multado em R$ 50 mil por dia, valor que pode aumentar se houver violência e prejuízo ao patrimônio público. (Felipe Shikama e Marcel Scinocca)