Um em cada três sorocabanos recebeu auxílio emergencial
Em 2020, um em cada três sorocabanos recebeu ao menos uma parcela do auxílio emergencial paga pelo Governo Federal. A informação é do Ministério da Cidadania. Entre abril e dezembro do ano passado, 196.596 pessoas receberam o benefício em Sorocaba, número equivalente a 33,51% da população do município. Somando todas as parcelas destinadas aos beneficiários de Sorocaba, o valor pago pelo Governo Federal foi de R$ 833,1 milhões.
Desse total, de acordo com os dados, cerca de R$ 120 milhões foram destinados para as 22,8 mil famílias cadastradas no Programa Bolsa Família. Além disso, R$ 92,3 milhões foram pagos aos mais de 20 mil beneficiários do Cadastro Único. E mais de R$ 622 milhões foram pagos aos 152,6 mil sorocabanos elegíveis a receber o benefício pelo Aplicativo Caixa. Outras 237 pessoas também receberem as parcelas do auxílio emergencial por meio de decisão judicial.
Só em dezembro, mais de 162 mil pessoas receberam o pagamento em Sorocaba, de acordo com os dados disponíveis no Portal da Transparência. No último mês de 2020, foram destinados R$ 82.847.028,00 para o pagamento do benefício na cidade. Ao todo, segundo os dados do Portal da Transparência, foram R$ 94.186.924,00 pagos em novembro, R$ 73.582.511,00 em outubro, R$ 110.405.312,00 setembro, R$ 101.581.800,00 em agosto, R$ 114.732.000,00 em julho, R$ 63.031.800,00 em junho, R$ 108.336.000,00 em maio e R$ 80.407.800,00 em abril.
Pagamento de novas parcelas gera expectativa entre beneficiários
A nova rodada do auxílio emergencial começou a ser paga esta semana para os trabalhadores informais. Os sorocabanos que se enquadram na categoria já estão na expectativa de receber o benefício disponibilizado pelo Governo Federal, que deve transferir aproximadamente R$ 44 bilhões a 45 milhões de brasileiros. Neste ano, o auxílio terá quatro parcelas médias mensais de R$ 250, que pode variar de R$ 150 a R$ 375, dependendo da família, e será pago apenas a quem recebia o benefício em dezembro de 2020. Também é necessário cumprir outros requisitos para ter direito à nova rodada.
Como no ano passado, a nova rodada do auxílio emergencial beneficiará os trabalhadores informais, inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), e beneficiários do Bolsa Família. Em Sorocaba, 17.906 famílias, totalizando 52.427 pessoas, estavam cadastradas no Programa Bolsa Família (PBF) no mês de março, conforme informações da Prefeitura de Sorocaba. Uma delas é a da dona de casa Crebiane Guedes Sulino, de 35 anos, que foi aprovada para receber as novas parcelas do benefício. “Eu fiquei feliz, mas na verdade gostaria de estar trabalhando. Ainda não sei quando vou receber, mas esse dinheiro vai ajudar bastante”.
Antes da pandemia, Crebiane trabalhava informalmente em um buffet infantil. Porém, com as medidas de distanciamento social para conter a Covid-19, o estabelecimento precisou fechar as portas e a dona de casa perdeu o emprego. Nos últimos meses, ela e os dois filhos, uma menina de um ano e meio e um menino de 8 anos, estão sobrevivendo com os pagamentos do auxílio emergencial e com a ajuda da Pastoral do Menor. “Está sendo apurado. Fica apertadinho, mas estamos nos virando, graças a Deus”, completa.
No período em que ficou sem receber as parcelas do auxílio do governo, de janeiro a março, Crebiane recebeu doações de cestas básicas e de verduras. “O pessoal está se unindo. Um está dando a mão para o outro. O que está ajudando bastante é a Pastoral do Menor. Deu pra gente se virar e pagar as contas”. Para complementar a renda, nos últimos meses Crebiane decidiu abrir um brechó na garagem da casa, no Jardim Ipiranga. “Comecei a vender roupas usadas para conseguir um dinheirinho. Tem que se virar, ainda mais mãe solteira com duas crianças. Não é fácil, não”, desabafa.
Para impulsionar seu negócio, a dona de casa está fazendo um curso online de empreendedorismo, promovido pela Pastoral do Menor. “É tudo pelo WhatsApp. Eles pagaram R$ 20 de crédito para usarmos a internet pelo celular. É bom que nessa crise, quando as coisas voltarem ao normal, a gente pode ter um certificado para voltar ao mercado de trabalho mais rápido ou até melhorar o próprio negócio”, acredita ao dizer que pretende continuar investindo no brechó. “Vender roupa usada é o que está me tirando do sufoco”, frisa.
Já a Juliana Moitinho dos Santos, de 38 anos, que está há mais de 5 anos sem um registro na Carteira de Trabalho, ainda espera pela aprovação para receber o benefício do governo. Apesar de ter recebido todas as parcelas do auxílio emergencial em 2020, este ano ela ainda não foi contemplada com o pagamento. “A gente atualizou o cadastro novamente, mas até agora não foi aprovado”, explica. Juliana vive na Vila Angélica com o pai de 84 anos e o irmão, que também está desempregado. “A nossa situação agora é complicada, mas sabemos que muitas pessoas também estão sofrendo com a pandemia, com a doença, com a falta de trabalho, com a falta do auxílio, com tudo”, destaca.
Antes da pandemia, Juliana e o irmão trabalhavam informalmente. “A gente fazia alguns bicos, mas com a pandemia dificultou bastante, já não nos chamam para trabalhar.” Atualmente, ela e a família vivem apenas com o necessário. “Ano passado, recebemos o auxílio até dezembro. E isso ajudou bastante na alimentação, no gás, nos remédios e nos gastos de casa”, conta. Apesar de ter economizado bastante nesse período, a família de Juliana não conseguiu guardar uma parte do valor recebido.
Recurso ajuda a manutenção da renda durante a pandemia
Ano passado, ao longo dos nove meses de pagamento do auxílio emergencial, o benefício foi o que ajudou muitas famílias a manterem uma renda durante a pandemia. É o que destaca o professor de economia da Universidade de Sorocaba (Uniso), Renato Vaz Garcia. “Esse auxílio, proposto pelo governo, foi primordial para as famílias que tiveram perdas na renda. Então, ele teve um papel fundamental para as pessoas manterem um nível de subsistência”, frisa ao destacar que o benefício também favoreceu o comércio de Sorocaba e de todo o Brasil: “Foi um recurso importantíssimo”.
E como não temos uma visão positiva sobre a pandemia no curto prazo, destaca Renato, o governo precisa dar um suporte para as famílias de baixa renda. “A economia precisa andar junto com a saúde”. Porém, segundo o economista, esse benefício deve estar dentro dos limites do orçamento, que está cada vez mais apertado. “O governo vai liberar o auxílio novamente, só que agora com um valor reduzido. Já estamos gastando um valor superior ao que poderíamos ter gasto. Mas não tem outra alternativa, é uma questão emergencial”, complementa.
Desta vez, o impacto do novo auxílio emergencial no comércio varejista deve ser oito vezes menor do que no ano passado, conforme previsão da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Pensando nisso, o economista destaca que o auxílio é voltado para a subsistência e há necessidade de a população gastar o dinheiro com responsabilidade. É bom se segurar o máximo possível e poupar o quanto conseguir”, destaca ao dizer que nesse período uma opção é se qualificar para o mercado de trabalho.
E para que a situação, tanto econômica quanto epidemiológica, melhore nos próximos meses, Renato aponta a necessidade de se aplicar medidas mais restritivas. “Enquanto não conscientizarmos todo mundo, não adianta pensarmos em atividade econômica.” Enquanto isso, Renato acredita que a o cenário econômico continuará vivendo períodos difíceis. (Jéssica Nascimento)