Veículos parados exigem cuidados para não deixarem o dono a ‘pé’

Por

Manter em dia a revisão do veículo contribui para não ter surpresas, alertam os mecânicos. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (30/4/2020)

Manter em dia a revisão do veículo contribui para não ter surpresas, alertam os mecânicos. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (30/4/2020)

Quem possui automóvel e está respeitando o isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus, provavelmente, ao sair de casa nos casos extremamente necessários, já se deparou com os pneus murchos, não conseguiu dar a partida no veículo “de primeira” ou, quem sabe, precisou fazer uma recarga emergencial na bateria.

Ainda que parados, sobretudo por mais de uma semana, os carros demandam alguns cuidados especiais que, de acordo com especialistas, são simples, mas não podem ser esquecidos para não ficar “a pé”.

Mecânico de autos há 30 anos e dono de uma oficina na Vila Angélica, na zona norte de Sorocaba, Luiz Rogério de Jesus comenta que a bateria é o primeiro componente a apresentar problemas de falta de carga quando o carro fica parado por muitos dias e, por isso, exige atenção prioritária. “O correto é funcionar o motor do carro pelo menos duas vezes por semana”, recomenda.

O tempo mínimo indicado, segundo ele, é até que a ventoinha do radiador seja acionada -- o suficiente para que o alternador carregue a bateria. Entretanto, acrescenta, o ideal é colocar o veículo na rua por pelo menos uma vez por semana. “Pode ser uma volta curta, no quarteirão. O importante é movimentar o carro. Usar o freio e movimentar a suspensão que é ótimo para o conjunto”, comenta. Nessa voltinha, o proprietário pode aproveitar para calibrar os pneus do veículo que tendem a murchar mais rápido quando parados por muito tempo.

Proprietário de uma oficina mecânica no Jardim Piratininga, zona leste de Sorocaba, que tem supervisão técnica de seu pai e sócio, José Martins Sanches, mecânico há 40 anos, Adriano Martins Bortolini comenta que muita gente tem o hábito de dar a partida e deixar o carro ligado por apenas alguns minutos. “Essa prática é arriscada, pois se o tempo com o veículo funcionando não for suficiente (para carregar a bateria) há uma piora no quadro, pois a carga utilizada para dar a partida no motor não será reposta”, alerta.

Para evitar a descarga total da bateria do veículo que fica por muitos dias estacionado, há proprietários que optam por desligar os cabos de bateria para evitar o consumo residual de energia. Luiz Rogério pondera que essa medida não é aconselhada especialmente nos veículos mais novos, já que podem desconfigurar módulos eletrônicos responsáveis pelo funcionamento do computador de bordo, vidros elétricos e som.

Além da bateria, há outros componentes que merecem atenção para não sofrerem desgaste provocado pela paralisação do veículo por um intervalo grande de tempo. Adriano também recomenda que, se o automóvel tiver ar condicionado, o proprietário ligue o equipamento durante a “volta de manutenção” para movimentar o compressor e o gás com fluido lubrificante em todo o sistema.

Outro elemento bastante sensível à ação do tempo, segundo ele, é o combustível. Ele sugere que, no caso de automóvel “flex”, o proprietário prefira gasolina a etanol, que, nos dias frios que se aproximam, exige menos da partida do veículo e consome menos energia da bateria. “Além disso o etanol é muito agressivo ao sistema de injeção, diminuindo a vida útil da bomba e do medidor de combustível, ainda mais por conta do pouco funcionamento desses componentes”, afirma.

Apesar da queda significativa no preço dos combustíveis nas últimas semanas, reflexo da diminuição do consumo devido à pandemia de coronavírus, Adriano recomenda aos proprietários que evitem manter o veículo parado com tanque cheio para que o combustível não envelheça.

O engenheiro mecânico e especialista em manutenção automotiva, Denis Marum, afirma que a gasolina se deteriora após um mês e isso pode gerar entupimento dos bicos injetores e dificuldade a partida. Já o etanol, se de má qualidade, pode se transformar em açúcares que, misturados com água, tendem a entupir bicos, enferrujar e danificar as roscas das velas. (Felipe Shikama)