Zoo ganha 3 novos moradores durante pandemia

Por Ana Claudia Martins

Um exemplar de coruja-de-orelha também teve filhote no período em que o parque está fechado para visitas. Crédito da foto: Vinícius Fonseca

O parque municipal está fechado desde 17 de março devido ao coronavírus. Crédito da foto: Vinícius Fonseca

Sem visitação pública, o Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba, ganhou três novos moradores durante a pandemia do novo coronavírus. Isso porque entre os meses de abril e maio deste ano três filhotes nasceram no local: um de lhama, um cervo-do-pantanal e um de coruja-de-orelha.

Segundo a Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba (Sema), desde o início da quarentena e do fechamento do zoológico, por conta da pandemia, não houve nenhuma mudança no comportamento dos animais. Deste modo, a Sema afirma que os nascimentos dos filhotes não estão relacionados com a ausência de público no zoológico, já que as gestações dos animais é longa e o acasalamento das espécies teria ocorrido ainda com o parque aberto.

Conforme a Sema, no dia 31 de maio ocorreu o nascimento de um filhote de lhama, cuja gestação é de 11 meses. “Portanto, a fêmea ficou prenhe muito antes do início da quarentena. Do mesmo modo, o filhote de cervo-do-pantanal, que nasceu no fim de abril, pois a gestação dessa espécie pode chegar a 9 meses. Tivemos ainda o nascimento de um filhote de coruja-de-orelha, o que também ocorreu nessa época do ano, mesmo com a visitação ocorrendo normalmente. Por isso, não foi observada a correlação entre a ausência de visitação e nascimentos de animais”, aponta a pasta municipal.

O filhote de cervo-do-pantanal nasceu no fim de abril. Crédito da foto: Divulgação / Prefeitura

O zoológico municipal está fechado desde o último dia 17 de março por conta de ações de combate ao novo coronavírus na cidade, mas do lado de dentro o trabalho continua com a rotina diária dos animais.

O Quinzinho de Barros é referência na América Latina nas áreas de lazer, pesquisa, educação ambiental e preservação de espécies. Segundo levantamento de março de 2018, o local tinha cerca de 1.145 animais de 290 espécies. E o parque possui uma área total de 136 mil metros quadrados, com lago e vegetação da Mata Atlântica, onde habitam diversos animais, como bugios, bichos-preguiça, saguis, cutias, gambás, garças e pequenas cobras.

O espaço ecológico ainda possui Museu de Zoologia, biblioteca, anfiteatro, quiosques e visitas monitoradas. Conforme a Sema, a média anual de visitantes no zoológico municipal é de 450 mil.

A Sema disse ainda que, no momento, não existe a previsão de atendimento ao público, e que o Parque Zoológico segue estritamente as normas municipais sobre o funcionamento de atividades.

Tranquilidade

Um exemplar de coruja-de-orelha também teve filhote no período em que o parque está fechado para visitas. Crédito da foto: Vinícius Fonseca

Para os ativistas e protetores dos animais, contudo, o zoológico vazio é um ambiente muito mais favorável e propício aos animais, já que a visitação pública seria um fator estressante.

Pelo menos é o que defendem o ativista Honno Cahon, presidente do Instituto Cahon; e a presidente do Conselho Municipal de Proteção e Bem-estar Animal (CMPBEA), Jussara Fernandes. Para eles, o ideal aos animais seria um santuário e não um zoológico.

Porém, a discussão sobre a transformação do zoológico de Sorocaba em um santuário é polêmica e não encontra tanto respaldo entre a população, e fica mais restrito aos defensores da causa animal.

Honno Cahon afirma que o poder público e as pessoas em geral ainda não entendem a questão do estresse provocado aos animais que vivem confinados em zoológicos espalhados pelo mundo. “Infelizmente o debate ainda fica entre os ativistas e o poder público precisa ser provocado por essas discussões para que mudanças nesse sentido possam ocorrer”, diz.

Já Jussara afirma que propôs à Prefeitura de Sorocaba, por meio da Sema, durante a pandemia fazer transmissões ao vivo, por meio das redes sociais, para que o público em geral possa fazer visitas virtuais ao zoológico municipal. “A resposta é que no momento a ideia seria inviável por falta de equipamentos. Em São Paulo o zoológico da cidade fez isso e a ideia agradou o público em geral. É algo para ser pensado e quem sabe implantado mesmo após a pandemia, até como alternativa para a visitação pública”, aponta. (Ana Cláudia Martins)