Como conciliar o quarto do bebê com a rotina de todos na casa
Tatiane Matsuo
Quando nasce o primeiro filho, o zelo na escolha de cada detalhe do quarto é impressionante. Quando chega o segundo em geral vem à tona a praticidade porque já se aprendeu muito com o primeiro. O quarto infantil muitas vezes reflete um sonho real para os pais. Não tem fórmula pronta. Cada papai e mamãe tem necessidades diferentes. Sim, a necessidade deles também importa, pois no dia a dia um quarto bem planejado fará total diferença na rotina de todos na casa. Se não funciona quem perde o quarto são os pais, pois todas as noites vão preferir levar o filho para dormir com eles.
O kit básico de um quarto de bebê é o berço, um trocador, que pode ter uma cômoda junto, um armário e uma poltrona de amamentação ou uma cama de solteiro. Atualmente, os quartos são muito pequenos e por vezes não cabem uma cama de apoio ou um armário, às vezes nem a poltrona de amamentação. O trocador já possui um substituto inteligente que pode ser acoplado ao berço ou à banheira de bebê, isso otimiza muito o espaço. Outra solução interessante é fazer uma cômoda com base de trocador embutida no armário principal, porque no início a cômoda é muito mais utilizada, o armário vai armazenar coisas grandes apenas. A cama também pode ser uma versão retrátil de parede para não ocupar espaço.
Temos de observar também algumas coisas importantes sobre a disposição dos móveis. O berço não deve ficar na corrente de vento entre a porta e uma janela, em geral procuramos o local mais protegido para ele e que de preferência seja possível pegar a criança por dois lados do berço. Uma outra coisa interessante sobre o berço é buscar aqueles que possam virar uma cama infantil depois, com isso já se planeja o quarto para a próxima fase. Escolha marcas de berços que deixem bem claro que seguem as normas técnicas desse produto. E sempre próximo da poltrona ou da cama ter uma mesinha de apoio para mamadeira ou alguma iluminação mais suave, como um abajur também.
Quando os pequenos já começam a crescer, ter espaço livre para as brincadeiras é fundamental. Então, mais uma vez a disposição dos móveis é fundamental. Um dos motivos, além de permitir brincadeiras, é a segurança, evitando quinas vivas de móveis que possam machucar. Pontos de tomadas devem ficar ao máximo escondidos ou protegidos por plugs específicos para isso.
O que mais vemos com o crescimento é que os brinquedos tornam-se infinitos e a casa toda passa a ser um playground. Então, é interessante que guardar os brinquedos faça parte da hora de brincar, ter um móvel planejado para isso, com encaixes para cada tipo de brincadeira estimula a criança a guardar e a faz aprender também. Por isso é interessante que esteja a altura dela, tanto para brincar quanto para guardar depois. Caixas leves, sacos de tecidos coloridos, até uma sapateira de porta pode virar uma ótima solução.
Ultimamente, muitos pais pedem para que o quarto siga o estilo Montessoriano. O conceito foi criado em 1907 pela educadora Maria Montessori. Ele é caracterizado por dar muita autonomia para a criança e desenvolvimento de habilidades psicológicas, físicas e sociais. Os móveis nesse tipo de quarto são posicionados na altura de alcance da criança, a cama montessoriana, por exemplo, é baixa e aberta em parte, assim como prateleiras, cabideiro, mesinhas, para que a criança tenha livre acesso para brincar e guarda. Outra coisa nesse estilo é que o espaço é mais importante do que o volume de brinquedos, inclusive indica que os mesmos sejam revezados e parte deles fique guardada sem acesso visual, assim a criança não fica agitada e vai sempre parecer uma novidade ao rever os brinquedos.
Indicamos que o quarto não tenha excesso de cores vibrantes, como o vermelho ou o laranja, para que isso não estimule os pequenos, mas também não é regra que o quarto tenha de ser sempre em tons pastéis. Uma dica interessante e simples é sair do óbvio e fazer pinturas diagonais na parente, deixando por exemplo parte branca e parte colorida em um triângulo de ponta a ponta, isso já traz um ar divertido. Para não errar nas cores é bacana juntar todos os acabamentos e ver se combinam entre si.
Sempre é importante também pensar nos acabamentos de piso e paredes. Para as paredes usar tinta lavável que são em geral das linhas mais caras, mas vale muito a pena pela facilidade de limpeza devido ao acabamento acetinado. Também pode colocar acabamentos adesivos, há inclusive alguns com revelo e que são levemente acolchoados. Para o piso usar laminado ou vinílico que não escorregam tanto e sua textura não machuca.
Tatiane Matsuo é arquiteta e paisagista.