Um século de Bauhaus na arquitetura e no design
O movimento Bauhaus completa 100 anos de enorme impacto nas artes e na arquitetura do ocidente europeu, e também dos EUA, Israel e Brasil - para onde se encaminharam muitos artistas exilados pelo nazismo. A Cidade Branca de Tel Aviv, em Israel, que contém um dos maiores espólios de arquitetura Bauhaus em todo o mundo, é Patrimonio Mundial desde 2003. A escola Bauhaus também influenciou imensamente a América do Sul, tendo como seu principal representante o arquiteto Oscar Niemeyer. A jovem capital brasileira, Brasília, foi projetada em 1957 sob as tendências modernas e funcionalistas inauguradas pelo bauhasianismo.
Mas como nasceu e o que foi o movimento?
Foi fundada pelo o arquiteto germânico Walter Adolf Gropius (1883 - 1969), em 1919, em Weimar, teve sua sede em Dessau-Roßlau, ambas na Alemanha.
Criada com a fusão da Academia de Belas Artes com a Escola de Artes Aplicadas de Weimar, a nova escola de artes aplicadas e arquitetura buscava articular arte e artesanato. A esse ideal do artista artesão somava-se a defesa da complementaridade das diferentes artes sob a égide do design e da arquitetura. O termo ‘bauhaus’ - ‘haus’, casa, ‘bauen’, para construi‘ - mostra a idéia de que o aprendizado e o objetivo da arte ligam-se ao fazer artístico, o que evoca uma herança medieval de reintegração das artes e ofícios.
A proposta de Gropius antevia a dimensão estética, social e política de seu projeto. Tratava-se de formar novas gerações de artistas de acordo com um ideal de sociedade civilizada e democrática, em que não há hierarquias, mas somente funções complementares. O trabalho conjunto, na escola e na vida, possibilitaria não apenas o desenvolvimento das consciências criadoras e das habilidades manuais como também um contato efetivo com a sociedade urbano-industrial moderna e seus novos meios de produção.
No complexo de edifícios projetados por Gropius estão as abordagens características da Bauhaus: as pesquisas formais e as tendências construtivistas realizadas com o máximo de economia no uso do solo e na construção; a atenção às características dos diferentes materiais como madeira, vidro, metal e outros; a ideia de que a forma artística deriva de um método, ou problema, previamente definido, o que leva à correspondência entre forma e função, e o recurso das novas tecnologias. É desse período o desenvolvimento de uma série de objetos - mobiliário, tapeçaria, luminária etc. -, produzidos em larga escala, como as cadeiras e mesas de aço tubular criadas por Marcel Breuer (1902 - 1981) e Ludwig Mies van der Rohe (1886 - 1969) e produzidas pela Standard Möbel de Berlim e pela Thonet.
Kandinsky e Klee
Do corpo docente fizeram parte Johannes Itten (1888 - 1967), Theo van Doesburg (1883 - 1931), Wassily Kandinsky (1866 - 1914), Paul Klee (1879 - 1940), László Moholy-Nagy (1894 - 1946), Breuer, Hannes Meyer (1889 - 1954), Van der Rohe, Oskar Schlemmer (1888 - 1943), Joseph Albers (1888 - 1976) e outros. A diversidade dos colaboradores é responsável pelo contato direto da Bauhaus com diferentes tendências da arte européia: o construtivismo russo, o grupo de artistas holandeses ligados ao De Stijl (O Estilo) e os adeptos do movimento de pintura alemã Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade).
O ano de 1928 marca a saída de Gropius e sua substituição pelo arquiteto suíço Hannes Meyer, com uma ênfase mais social em relação ao design, traduzida na criação de um mobiliário de madeira - mais barato, simples e desmontável - e de grande variedade de papéis de parede. Diante das pressões do nazismo sobre Meyer, em 1930 a escola passa a ser dirigida pelo arquiteto Mies van der Rohe. Ela é oficialmente fechada em 1932 e, após uma tentativa frustrada de recomposição em Berlim, encerra suas atividades, por determinação dos nazistas, em 1933. (Dados da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. Disponível em:http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo368/bauhaus)