Como seria viver sem energia elétrica?
Hoje em dia precisamos tanto de tomadas, seja para assistir TV, recarregar o celular ou ligar a geladeira, mas se você tivesse nascido antigamente, não saberia do que estamos falando, simplesmente porque elas nem existiam
Em um passado não muito distante, a eletricidade não era uma realidade na vida das pessoas. Até o fim do século 19 não existia energia elétrica no Brasil. Sem esse serviço, a vida era um pouco mais complicada. Já imaginou como seria viver naquela época? No lugar das lâmpadas, tinham velas, lamparinas e lampiões. Do aquecedor, a lareira. Geladeiras ainda não tinham sido inventadas. Banho quente? Só esquentando água no fogão à lenha. Tomadas? Nem sequer existiam. Você conseguiria se adaptar a essa realidade?
Graças aos avanços tecnológicos, vivemos em uma realidade bem diferente, onde a energia se tornou parte de nossas vidas. Hoje, usamos energia elétrica para estudar no computador, acender lâmpadas, carregar o celular, ligar eletrodomésticos e até para se locomover. Mas, para que a eletricidade chegasse a esse patamar, homens e mulheres precisaram se dedicar. Muitos estudos, invenções e experimentos foram realizados no passado por diferentes cientistas. Parte dessa história pode ser conferida no Museu da Energia, que fica em Itu.
Surgimento da lâmpada assustou
De acordo com a historiadora Fernanda Morais, coordenadora de educativo da Fundação Energia e Saneamento, mantenedora dos Museus da Energia de Itu, São Paulo e Salesópolis, durante muito tempo as pessoas utilizaram a iluminação natural (do Sol), e a artificial, como as velas. Nesse tempo, explica, as portas e janelas eram altas para a entrada de luz dentro dos cômodos, que ficavam iluminados por conta da própria arquitetura.
Quando a energia surgiu, lá no final do século 19, Fernanda conta que as pessoas não sabiam como ela funcionava. “O fato de apertar um botão para iluminar a casa era uma novidade. Muita gente associava a energia elétrica a algo misterioso e até a bruxaria”.
Um dos marcos da eletricidade foi a lâmpada, primeiro dispositivo utilizado quando a energia elétrica passou a ser implantada nas casas e nas cidades. De acordo com Fernanda, isso aconteceu no século 20, quando companhias de energia foram formadas por famílias ricas, que investiram na compra de terrenos com a possibilidade de queda d’água para a formação de usinas hidrelétricas. Em Sorocaba, por exemplo, a Light, uma das principais empresas de energia do Estado de São Paulo, chegou em 1911.
De lá para cá, muita coisa mudou. Hoje, a eletricidade está em todos os lugares e faz parte do nosso dia a dia. Se tornou algo tão natural e automático, que não paramos para pensar no quanto ela é indispensável em nossa vida. Afinal, sem energia não temos luz, internet, geladeira, ar condicionado e muitas outras coisas que dependem da eletricidade para funcionar. Mas, no mundo atual, podemos ter uma breve experiência de como seria viver sem energia quando, por algum motivo, acaba a força. Geralmente isso ocorre em dias de chuva forte. Alguma vez já aconteceu na sua casa ou na sua escola?
A Manuela Lipparotti, de 10 anos, já passou por isso algumas vezes. Ela conta que fica entediada nessas situações. “Quando cai a energia, a gente precisa acender velas. É ruim, porque não vemos onde estamos pisando, principalmente à noite. Não dá para fazer nada”. No dia a dia, Manuela usa energia para acender a luz, carregar o computador, o celular e até para ligar o “ring light”, uma espécie de iluminação que usa para gravar vídeos e fazer as lições da escola. Para ela, seria muito ruim viver sem energia. “A energia é muito importante. Sem ela, a gente não iria fazer nada e iríamos viver no escuro”.
Assim como Manuela, o Gabriel Mota, de 10 anos, usa a energia todos os dias e nunca tinha parado para pensar em como seria viver sem eletricidade. “Nunca tinha parado para refletir sobre a energia, porque a gente se dá tão bem com ela que nunca pensei que um dia alguém viveu sem”. Depois de analisar, Gabriel diz que seria possível viver sem energia atualmente. “Mas seria complicado. No começo seria difícil, mas depois iria me adaptar”. Isso porque o garoto usa a energia para fazer tudo, principalmente para usar o computador.
Questão de responsabilidade
Apesar de existirem diferentes opções para a geração de energia, incluindo as renováveis, como eólica, hidrelétrica e solar, precisamos usá-las com responsabilidade. Afinal, temos que agir hoje, pelo amanhã. É o que destaca Fernanda ao dizer que atualmente consumimos energia de forma desenfreada. Apagar a lâmpada e desligar os aparelhos da tomada quando não estão sendo utilizados é uma forma de economizar energia. Você faz isso em casa? “Quando a gente coloca o dedinho na consciência, analisando os nossos costumes, a gente também economiza no bolso. Precisamos mudar os hábitos para proteger o nosso planeta. Não é só sobre fechar a torneira ou apagar a luz. Quando escolhemos consumir aquilo que causa o menor impacto no planeta, contribuímos com a sustentabilidade”, reforça Fernanda.
Os estudantes Manuela e Gabriel concordam com a historiadora ao dizer que economizar energia é fundamental para o nosso planeta. “A gente tem que refletir sobre isso, senão o nosso gasto de energia nunca vai diminuir, só aumentar”, reforça Gabriel, que tenta ao máximo economizar energia em casa. “Meu pai e minha mãe sempre pegam no meu pé”, diz.
Na casa da Manuela, a mesma coisa acontece. “Eu até coloquei um adesivo na tomada do meu quarto para me lembrar de apagar a luz quando sair”, comenta. Afinal, os dois acreditam que se usarmos bem a energia hoje, no futuro teremos também. Quem sabe teremos até opções mais sofisticadas e tecnológicas? E você, como acha que será a nossa vida com a eletricidade no futuro?
Museu da Energia
O Museu da Energia de Itu fica no centro histórico da cidade e está instalado em um sobrado construído em 1847. Nas suas salas, o visitante conta com exposições que abrangem mais de cem anos de história. Lá, é possível fazer uma viagem no tempo, conhecendo a forma como o cotidiano das pessoas mudou junto com a chegada da energia das antigas lamparinas que queimavam óleo até os eletrodomésticos lançados em meados do século XX. Atualmente, o museu está fechado por conta da pandemia de Covid-19, mas no canal Museu da Energia, no Youtube, há vários vídeos sobre a história da energia. Tem até um tour virtual pelo museu. Que demais, não é mesmo? Também há um site onde podem ser encontradas diversas informações: www.museudaenergia.org.br.
Quando passar a pandemia e você quiser conhecer, anota o endereço: rua Paula Souza, 669, Centro, Itu. Telefone (11) 4022-6832. (Jéssica Nascimento)