Imigrantes

Artigo escrito por Vanessa Marconato Negrão

Por Cruzeiro do Sul

Metade dos refugiados do mundo são crianças. E por mais que para nós seja difícil conceber uma situação tão absurda, muitas dessas crianças, mais de 170 mil, chegam aos campos de refugiados desacompanhadas, separadas de seus pais por causa de conflitos que acontecem pelos mais variados motivos.

Toda pessoa que é perseguida devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, precisando deixar seu país de origem ao qual não pode ou não quer voltar, se torna um refugiado. A maioria das crianças refugiadas está fora da escola, sem assistência, deixando de aprender coisas novas, deixando de usufruir da própria infância.

É natural que com o número de refugiados aumentando dia a dia, esse assunto tenha chegado aos livros para a infância, um espaço de leitura onde é possível abordar temas que a experiência ainda não trouxe às crianças, mas que são inevitáveis, com gentileza e cuidado. Esse é o caso de “Barco de histórias”, publicado pela Companhia das Letrinhas, que faz um registro dos refugiados.

As ilustrações são abundantes em delicadeza e justas ao texto, que narra a cruzada de um grupo de imigrantes nas desventuras de alcançar uma nova vida. Pelo caminho eles encontram uma forma de se manterem unidos e fortes, se apegando a detalhes. “Aqui é uma xícara. Velha e boa, quentinha como um abraço. Toda manhã, a gente se senta onde quer que esteja. E toma um gole, e outro, e outro.”

Rashin Kheiriyeh, a ilustradora, que nasceu no Irã e já publicou mais de 80 livros nos mais diversos países, faz no livro uma dedicatória comovente. “A todas as crianças sírias refugiadas, inocentes que vivenciaram uma guerra e uma injustiça terríveis ainda muito jovens. Cada um tem sua própria história, e elas navegam em seu barco de histórias como mensageiras da esperança e da paz.”

Vanessa Marconato Negrão é professora e apaixonada por literatura infantil.