Exposição sobre Monteiro Lobato aproxima a literatura das crianças
O escritor paulista, criador do Sítio do Picapau Amarelo, é considerado o pai dos livros infantis brasileiros
Você já deve ter ouvido falar na famosa bonequinha de pano, a Emília, não é mesmo? Com uma personalidade forte, tagarela, de cabelos vermelhos e amarelos, a melhor amiga de Narizinho cativou a criançada. A boneca faz parte das histórias do Sítio do Picapau Amarelo, um dos livros mais conhecidos do autor Monteiro Lobato, e que incentivou o hábito pela leitura de diversas gerações.
Crianças e adultos podem conhecer mais sobre o autor de Emília e sua turma na exposição gratuita sobre Monteiro Lobato, na Biblioteca Infantil Municipal Renato Sêneca de Sá Fleury, em Sorocaba, até sexta-feira (29). A atividade preparada pela Secretaria da Cultura (Secult) da Prefeitura de Sorocaba iniciou-se no dia 18 de abril, o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi criada em homenagem ao escritor paulista, considerado o pai da literatura infantil brasileira.
A mostra reúne livros, imagens, reproduções e textos sobre o Monteiro Lobato. O escritor nasceu no dia 18 de abril de 1882, em Taubaté, no interior de São Paulo, e foi o criador de personagens, paisagens e um universo para as crianças, que se enxergaram nos livros e tiveram liberdade ao sonho, à criação e crítica.
A pequena Mariana Fernanda Paes Barreto, de 7 anos, contou à equipe do Cruzeirinho que já está aprendendo a ler com a ajuda de sua mãe. Ela ainda não leu o livro do Sítio do Picapau Amarelo e também não conhecia o Monteiro Lobato, mas já assistiu o filme inspirado na obra e gostou bastante, apesar de ter considerado a Emília uma menina um pouco “estranha”. “Eu assisti o primeiro filme e achei legal, só que a Emília tem um rosto esquisito”, brincou.
A bibliotecária Flávia Tamborra explicou sobre o efeito de Monteiro Lobato para a literatura infantil brasileira. “Eu entendo ele como uma pedrinha que você joga no rio e cria muitas ondinhas. Além de produzir obras originais como o clássico Sítio do Picapau Amarelo, ele conseguiu traduzir muita coisa, adaptar muita coisa que era de fora e ele trouxe para o Brasil. Ele conseguiu disponibilizar isso”, disse.
Com os livros, as crianças aprendem a juntar letras, sílabas e palavras, que se traduzem em frases, parágrafos e capítulos. Mas não é só isso. Para a Flávia, a leitura auxilia a meninada a desenvolver outros olhares sobre a realidade. “A literatura faz com que a criança entre em contato com uma realidade diferente do que ela vive ou até uma realidade parecida. Quando ela tem o contato com outra realidade, ela pode ampliar a visão de que ela pode viver de outras formas. Quando é uma realidade parecida com a dela, pode até entender o modo, o jeito que ela vive. A literatura tem esse papel de fazer você se enxergar em outras situações, ampliar os seus horizontes e poder se desenvolver melhor”.
A Mariana também vê dessa forma. Perguntada se acredita que a leitura é importante, ela confirmou e complementou: “Eu acho que é bom, porque algumas histórias ensinam coisas para a gente”. Seu gosto por livros desde cedo não surgiu sozinho. Ela contou que a mãe sempre leva livros para elas acompanharem as histórias juntas. “A gente leu ontem a noite uma história que tem uma princesinha que se chama Irene. A gente está lendo ainda e eu gostei”, contou, se referindo ao livro “A Princesa e o Goblin”, um conto infantil de George MacDonald.
É assim que os pais podem incentivar a criançada a sair dos aparelhos eletrônicos para folhear um livro, conforme a bibliotecária Flávia. “Não existe fórmula mágica. É o acesso. A partir do momento que você tem o acesso livre, você pode escolher, levar pra casa, está aí o caminho. É disponibilizar, ler com a criança”, informou. Ela ainda lembrou que os pais que frequentam a Biblioteca Infantil junto às crianças costumam trocar os livros toda semana para sempre ler uma história nova para os seus filhos.
A exposição estará aberta à visitação até o dia 29 de abril, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A Biblioteca Infantil Municipal “Renato Sêneca de Sá Fleury” está localizada na Rua da Penha, 673, no Centro. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3231-5723.
Lobato nasceu há 140 anos
José Bento Monteiro Lobato nasceu no dia 18 de abril de 1882, em Taubaté (SP). Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, trabalhou como editor de revista e de livros e abraçou campanhas públicas em favor do desenvolvimento econômico do Brasil.
Foi pioneiro em uma série de ações no País, na primeira metade do século XX, como, por exemplo, ao denunciar a miséria e o abandono da população rural, com a criação da polêmica figura do “Jeca Tatu”, retratando a realidade do campo.
Também foi o primeiro a criar uma literatura infantil brasileira, com personagens, paisagens e universo para as crianças, que se viram nos livros e tiveram plena liberdade ao sonho, à criação, crítica e liberdade, até então nunca disponibilizadas à infância. Monteiro Lobato também foi pioneiro ao utilizar elementos da cultura e do folclore brasileiro, eloquentes e vivos, ampliando o olhar do leitor para a diversidade e riqueza da cultura popular. O Sítio do Picapau Amarelo é sua obra de maior destaque na literatura infantil. (Da Redação, com Secom Sorocaba)
‘Sítio’ é um mundo mágico nas páginas dos livros
A Emília é uma boneca falante feita pela tia Nastácia, e se tornou a melhor amiga de Narizinho, a menina do nariz arrebitado. Ela está sempre tendo idéias maravilhosas e é crítica, tagarela e mandona, com um gênio para lá de forte que causa as maiores confusões. Nasceu muda, mas tomou as pílulas falantes do Dr. Caramujo e desandou a falar.
A bonequinha queria muito fazer parte da nobreza e, por isso, se casou com o Marquês de Rabicó e se tornou Marquesa. Junto com o Pedrinho, que nunca esquece seu estilingue, e Narizinho, que está sempre comendo jabuticaba, a Emília vive várias aventuras. Os inventos e o “pó de pirlimpimpim” do sábio Visconde de Sabugosa também ajudam o grupo a se salvar das confusões.
E você pode acompanhar as aventuras de Emília e seus amigos no Sítio do Picapau Amarelo lendo os livros: “Reinações de Narizinho”, “O Saci”, “O Marquês de Rabicó”, “A Caçada da Onça”, “Novas Reinações de Narizinho” e “O Picapau Amarelo”. (Kally Momesso)