Datilografia e telegrafia: memórias da comunicação do passado
Além do dia 24 de maio, elas compartilham a importância para a troca de mensagens entre as pessoas
Imagine um mundo sem os nossos smartphones e computadores. Nesse mundo, não seria possível ligar para uma pessoa do outro lado do planeta com um clique. Fazer uma chamada de vídeo também seria considerado ficção científica. Essa era a realidade das pessoas que viveram antes da década de 1950. Nesta época, para entrar no mercado de trabalho, os jovens cursavam datilografia e telegrafia -- profissões que têm um mesmo dia em comum: 24 de maio.
Para entender um pouco mais sobre esses dois ofícios, a reportagem do Cruzeirinho conversou com o advogado aposentado José Carlos Pereira, de 84 anos. Ele contou que aprendeu o Código Morse -- linguagem utilizada para entender mensagens de telégrafos -- ainda quando estava sendo alfabetizado, em 1945. “Eu tinha oito anos de idade e sabia usar o telégrafo. Eu aprendi com facilidade, mas com o tempo eu esqueci”, buscou na memória.
Telégrafo é um sistema que foi criado em meados do século 18 com o objetivo de transmitir mensagens de um ponto para o outro e foi o principal meio de comunicação a longa distância nos séculos 19 e começo do século 20. Apesar do telégrafo enviar mensagens instantâneas para o receptor, a abrangência era limitada. “Na época, não se tinha esse contato direto que a gente tem hoje com outras cidades. Era através de fio. Durante a guerra inventaram o telégrafo via rádio e isso mudou tudo”, disse o advogado, para quem o homem sempre procurou transmitir informações de forma mais rápida. “A princípio, a humanidade utilizava os mensageiros e os pombos correios. Nós evoluímos para o telégrafo e depois para o telefone. Hoje nós temos essa comunicação ágil em que você fala com quem quiser a hora que quiser, mas o telégrafo foi o precursor disso”, afirmou.
Mais tarde, na adolescência, Pereira fez curso de datilografia. A escola ficava localizada na rua da Penha, no centro de Sorocaba. Por lá, ele aprendeu a utilizar a máquina de escrever com maior rapidez. Mas você sabe como funcionam as máquinas de escrever? Quando o datilógrafo pressionava uma tecla, era ativado um mecanismo que imprimia a letra no papel através da tinta que estava numa fita.
O advogado ainda lembrou que o mercado de trabalho, naquela época, exigia escrita ágil e, de preferência, sem olhar para o teclado: “o prazer daquela época era escrever rápido. Tinham alunos que escreviam 40 palavras por minuto. Esses, conseguiam emprego fácil em escritórios”.
Naquela época, segundo ele, o emprego para o jovem era em cartório, e apesar de ele escrever bem, ele tomou outro caminho. “Na cidade, o jovem ia para o comércio, indústria ou escritórios e repartições
públicas. Para esses cargos em escritórios e prefeituras, precisava do curso de datilografia”, revelou Pereira.
Datilografia Underwood
Quem entende bastante sobre as máquinas de escrever é o Marcelo Buganza, de 54 anos. Ele nasceu, cresceu e trabalhou com a datilografia. Isso porque a sua mãe, Dalvinha Buganza Pereira, manteve a escola Datilografia Underwood na rua da Penha, no centro da cidade, por três décadas. Formou mais de 10 mil alunos em Sorocaba.
“Nesse tempo, minha mãe montou mais escolas de datilografia em São Roque, Piedade, Mairinque, Salto, Itu, Boituva, Porto Feliz. Eu acho que foram umas oito ou dez escolas em toda a região”, recordou Buganza. Isso demonstra um pouco da relevância do curso. Segundo o ex-professor, à época, o mercado de trabalho exigia a certificação em datilografia.
Conforme Buzanga, o ideal não era não olhar o teclado enquanto digitava, e sim escrever o mais rápido possível com o menor número de erros. Esse era o grande diferencial da época.
Depois das máquinas de escrever mecânicas, surgiram as máquinas elétricas e, posteriormente, os computadores, com os quais os caracteres aparecem na tela por meio de um sistema digital. A configuração dos teclados também não foi muito modificada.
Como foi ressaltado por Pereira e Buzanga, os dispositivos usados atualmente, como celulares, computadores, tablets, entre outros, representam a modernidade. “O homem busca constante evolução e todos precisam se adaptar e se atualizar”, concluiu Pereira.
Você conhece o Código Morse?
O Código Morse é um sistema binário de representação de letras e números para transmitir mensagens. Para formar as palavras, basta realizar a combinação correta de símbolos. Além da escrita, utilizando pontos e traços, as mensagens também podem ser transmitidas por meio de intervalos curtos ou longos de som ou luz.
Utilizando o Código Morse, tente desvendar essa mensagem:
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Resposta: O TELEGRAFO CHEGOU NO BRASIL EM 1857 UTILIZANDO O CODIGO MORSE