Para fazer e comer...
Oficina ensina que comida é assunto sério de um jeito divertido
Quando a gente participa do processo e vê que o resultado ficou bom, a sensação de orgulho é muito grande, né? Então, esse sentimento pode vir de diversas formas e em várias atividades do nosso dia a dia, como por exemplo preparar um lanche. O importante é participar, conhecer, literalmente, por a mão na massa.
Se essa descoberta já é fantástica para os adultos, imagina para quem ainda é criança.
E essa não é uma experiência à toa, a descoberta de novas habilidades ajudam no desenvolvimento cognitivo das crianças. Quem diz isso são os médicos. Muitas pesquisas feitas por especialistas comprovam que os estímulos, ainda nos primeiros anos de vida, pode ajudar na formação e na construção de hábitos que ajudarão em novos aprendizados.
A manipulação de alimentos é uma dessas experiências enriquecedoras. E, olha, não precisa ser muito elaborada, com etapas difíceis e espera. A ideia é fazer disso um momento prazeroso de diversão. Quem não gosta de enrolar um brigadeiro, mexer uma massa, lamber a colher no final de uma receita? A explicação é que tudo isso está ligado a alguns dos nossos sentidos: paladar, olfato e o tato. E desenvolvê-los cada vez mais cedo é o melhor. E o que dizer do cheiro de um bolo assado no forno? Da mordida no pão de queijo crocante? Pois é, tudo isso faz parte de uma experiência gastronômica.
A dona Maria Sônia Paixão Almeida, avó da Alice Fernanda Feliciano, de quatro anos, contou que a neta não comia quase nada, era muito seletiva. A pizza, por exemplo, só a massa, além disso, Alice não tinha vontade de experimentar quase nada do que os pais ofereciam. Quando foi na pediatra, a médica foi taxativa e disse que era necessário criar estímulos para a criança, que precisa sentir prazer na prática alimentar, além de ver os adultos comendo os alimentos e a comida também com satisfação.
Na mesma época que receberam o conselho, descobriram uma oficina rápida de comidinhas simples para as crianças que acontece todos os finais de semana em um shopping de Sorocaba. Dona Maria ainda não sabia, mas o incentivo que a neta precisava havia chegado.
Na oficina, Alice já aprendeu a fazer minipizza, cake pops (pirulitos de bolo) e rechear as bolachas com brigadeiro. Tudo isso tem ajudado a menina a explorar possibilidades e conhecer novos sabores. “Ela fica toda feliz e conta o que ela fez e cozinhou”, comemora a avó.
Você lembra que a gente falou lá no início que os estímulos que as crianças recebem tem reflexo no futuro? Pois é exatamente nisso que a Adriana, mãe do João Pedro, pensa ao proporcionar ao filho de cinco anos momentos como esse. Em casa não é diferente, ela conta que sempre que pode, o menino a ajuda nas preparações dos alimentos. “Acho importante esse incentivo, porque assim como eu tive e meus irmãos também, ele vai ganhando mais independência, vai saber se virar sozinho e não ter o hábito de ter tudo pronto. É algo para o futuro, em todos os sentidos”, explicou a tecnóloga em logística, Adriana Muner.
‘Confeitaria Divertida’ é o projeto do Shopping Cidade Sorocaba e acontece todos os finais de semana. Cada mês há um tema, como culinária e dobradura. Para Patrícia Godoy, coordenadora de marketing do shopping, o local não oferece apenas a possibilidade de fazer compras, mas sim experiências, e incluir as crianças nesse processo é fundamental.
A primeira infância
Você lembra que falamos dos estímulos que devem ser recebidos o quanto antes? Tem uma razão para isso. Todas as crianças, até completar os seis anos, estão inseridas nessa primeira fase, a primeira infância. Os conhecimentos adquiridos nesse momento podem influenciar no futuro.
O médico Nobuto Ito Jr é psicomotricista e cuida das relações que temos com os estímulos em cada etapa da vida. Ele contou que a primeira infância é um momento único e que permite aprendizagens para todas as outras fases da vida. A criança reconhece o mundo e aprende através dos sentidos: visão, audição, olfato, tato, paladar. Com o estímulo adequado na primeira infância, é maior o potencial de desenvolvimento e aprendizado em relação a quem não teve essa possibilidade, o que pode, inclusive, impactar na autonomia e no rendimento escolar futuro da criança.
Como se trata de uma aprendizado sobre o ‘mundo’, a introdução alimentar é um período que pode definir todos os hábitos até a fase adulta. “Hoje, nos deparamos com um aumento de crianças com seletividade alimentar, muitas vezes em consequência da não vivência de estímulos sensoriais corretos. Deve-se apresentar à criança diferentes texturas, cheiros e gostos, para que assim ela possa conhecê-los, processá-los e aceitá-los melhor em sua rotina alimentar. Por isso, o auxílio de profissionais especialistas nessa fase para orientação é de extrema importância.”, explicou o médico. Ou seja, tá liberado experimentar novos sabores. (Thaís Marcolino)