‘Passarinhando’: o que as aves têm a nos ensinar em seu ‘pedaço’

Atividade no Jardim Botânico de Sorocaba cria conexões entre as crianças e o meio ambiente

Por Vanessa Ferranti

Uma vez por mês, os participantes do Coaves Kids se reúnem em uma área verde diferente da cidade

O bem-te-vi foi um dos primeiros a anunciar a presença. Com o seu canto clássico e popular, chamou atenção em poucos minutos de caminhada. Logo, apareceu o choró-boi e as crianças puderam apreciar o pássaro, marcante por seus curiosos olhos vermelhos. E foi assim, interagindo com a natureza, aprendendo e brincando, que o Clube Infantil de Observadores de Aves, o Coaves Kids, passou mais uma animada manhã de domingo, no final do mês passado. Dessa vez, o grupo teve a oportunidade de contemplar o meio ambiente em uma trilha rodeada por árvores, às margens de um córrego, dentro do Jardim Botânico de Sorocaba. Um trajeto cheio de descobertas e de muito contato com a natureza.

O Coaves Kids é um projeto da Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema) em conjunto com o Clube de Observação de Aves de Sorocaba. A sede do grupo é no parque Água Vermelha, no Jardim Europa; porém, uma vez por mês, os participantes se reúnem em uma área verde diferente da cidade para conhecer novas espécies. O grupo infantil existe há 4 anos e, além do seu objetivo principal -- “passarinhar” -- os encontros possibilitam uma conexão entre as crianças, as famílias e a natureza. “Eles estão em uma fase em que tudo é encantamento e descoberta, então, as aves acabam sendo um chamariz para que eles possam se aproximar da natureza, curtir e interagir, não só com os elementos naturais, mas com as pessoas. Então, o objetivo do Coaves Kids vai para além do principal, que é observar as aves no seu pedaço e a interação delas com a floresta. Lembrando sempre que não existe bicho sem planta e nem planta sem bicho, então, não vai existir ave sem floresta e nem floresta sem ave”, explica Viviane Rachid, professora de educação ambiental e coordenadora do Coaves Kids.

Catharine Borges Lanza, de 10 anos, faz parte do grupo com a mãe e os irmãos. A estudante conta que foi convidada a participar quando estava brincando no parque Água Vermelha e não parou de frequentar os encontros. Para Catharine, uma experiência enriquecedora. “É muito bom, porque enquanto estamos nessa fase de crianças, começamos a aprender que a natureza é algo importante para o nosso dia a dia e conhecer as espécies dos animais, para saber do que eles se alimentam. E é uma coisa que precisamos aprender, porque vai aparecer na escola. Também é legal a gente ver um pássaro e falar ‘olha aquela tal espécie’”.

Já Maria Flor Alves Garcia, de 6 anos, disse que se sente muito feliz em observar os pássaros, principalmente, depois de ter passado tanto tempo em casa por conta da pandemia de Covid-19. “Eu já conheci o Parque da Biquinha, o Zoológico e várias pessoas. Foi bem diferente, porque antes da pandemia a gente ficava muito em casa e a gente não sabia como ia ser depois, por isso, agora eu vou conhecer todos os lugares”. A pequena ainda contou qual é a sua ave favorita. “Gosto do tucano, porque ele tem um bico grande e as cores são lindas”. “Já vi o bem-te-vi e o sabiá”, anuncia o Arthur Antunes, de 8 anos, que integra o projeto há cinco meses.

De acordo com Rachid, no Jardim Botânico de Sorocaba é possível observar, ainda, aves como fim-fim, sabiá, sanhaço, maritaca, choca-barrada, pintassilgo, suiriri-cavaleiro, beija-flor, entre outras. “Os ornitólogos já passaram por aqui e fizeram um levantamento de lista de aves que moram ou estão de passagem, que vem buscar abrigo, alimentação e recurso para fazer o seu ninho. É importante Sorocaba ter um Jardim Botânico e uma área como essa. É um diferencial, porque ele está nascendo, ele está crescendo com a cidade”, destaca.

Para fazer parte do clube infantil, basta acompanhar as redes sociais oficiais da Prefeitura de Sorocaba e ficar por dentro do calendário. A inscrição é realizada no dia do passeio. Podem participar crianças a partir de 6 anos e os pais ou responsáveis podem acompanhar as atividades. (Vanessa Ferranti)