Espetáculo de palhaçaria clássica diverte crianças em Votorantim

Especialistas na arte de fazer rir, palhaços não se apresentam apenas no circo, mas também nas ruas, por exemplo

Por Thaís Marcolino

Quando se trata da arte de fazer rir, os palhaços são especialistas. Mas, diferente do imaginado por muitos, esses artistas não se apresentam apenas no circo, mas também nas ruas, por exemplo. Independente do espaço, o motivo é o mesmo: fazer a pessoa que está assistindo soltar boas gargalhadas e se divertir.

Você sabe como a palhaçaria surgiu? Uma coisa é certa, a arte é milenar. De acordo com os historiadores, há mais de cinco mil anos, no Egito Antigo, algumas pessoas já se enfeitavam com roupas de pele de animais e faziam suas palhaçadas para os donos do reino. Na China, em 256 antes de Cristo, existiu Yu Size, o palhaço da Corte Imperial. Já na Grécia Antiga também era possível encontrar personagens vestidos de maneira “colorida e não comum”, com falas exageradas e tinham contato com quem passasse nas ruas.

A prática ganhou Roma e se espalhou por toda Europa nos séculos seguintes. Aqui no Brasil são vários os palhaços que marcaram época (veja no quadro). Já a palhaçaria clássica tem como característica a apresentação em picadeiro, de duplas, de trazer situações cotidianas aos “palcos”.

Voltando para o mundo atual, entre tantos artistas que levam o riso para o público, está a dupla Bananinha e Pocatelha, interpretados pelos artistas Guilherme Augusto e Guilherme Telli. Eles iniciaram a temporada de apresentações em Votorantim no mês passado, no Ceu das Artes, que fica no Jardim Cristal. Com arranjo musical e atuação de Mika Rodrigues, figurino de Isa Santos e costura de Regina Caetano, o espetáculo  “Superespetacularfantástico”, é contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura (FMC) de Votorantim e traz, em seu enredo, assuntos importantes a serem tratados com o público infantil, como o valor da amizade.

“Para esse espetáculo, usamos como base o livro ‘Palhaços’, de Mário Fernando Bolognesi, pesquisador na área circense, um dos principais do país e esse livro foi colhendo várias cenas do cotidiano e, como é necessário, fizemos algumas adaptações nos discursos para caber a essa época”, explica Guilherme Telli. Além de terem um registro histórico, porque pessoas mais velhas lembram de certas situações também vistas em espetáculos de suas épocas, as crianças acabam conhecimento e criando suas próprias memórias”, complementa o artista que dá vida ao Pocatelha.

Em um pouco mais de uma hora, a equipe mostra que ambos moram nas ruas e se apresentam por ali. Durante a jornada de cidade em cidade, eles encontram um circo sem dono, cuidado pelo músico Mikareta. Ao decidirem se apresentar lá, realizam o sonho de apresentar um show de palhaçaria com personagens diferentes, experimentos com faca e musicais. Mas, em um certo momento, depois de algumas brigas, cada um decide abandonar a parceria e seguir o próprio caminho. O que poderia ser a solução para eles, se tornou motivo de tristeza e, quando resolvem conversar novamente, mesmo sem terem bens materiais, eles perceberam que o mais importante é a amizade que os acompanha por toda vida.

A pequena Mirela Rodrigues, de 7 anos, ficou com os olhos atentos durante toda apresentação. Mas o que mais gostou foram os momentos musicais. “Achei engraçado e adoro o circo, as roupas e claro, os palhaços, é muito legal tudo isso”, relata a estudante que foi à quadra de esportes do Ceu das Artes com a mãe Adriana.

Agora imagina a alegria do Otávio Balieiro, que além de dar muita risada em todo espetáculo, ainda viu seu o pai, Rafael, ajudando e sendo “vítima” de “ataques de facas”? E olha, o pequeno corajoso de 5 anos não teve medo, não. “Amei o papai lá e todas as palhaçadas, mas eu sei que é brincadeira, então foi tudo bem”, disse o estudante.

A Paula, mãe do Otávio, nos contou que o pequeno tem o hábito de frequentar circos e espetáculos culturais. “Ele ama, se desenvolve muito bem, ama tirar foto com os artistas e agora também está fazendo aulas de musicalização. Digamos que é um pequeno artista em desenvolvimento”, disse.

“Assim como as trupes de comédia que viajavam e se apresentavam nas cidades por onde passavam, as apresentações do nosso espetáculo acontecerão em bairros distantes, justamente por serem locais onde a população dificilmente tem acesso à cultura ou apresentam dificuldades para acessar os grandes centros, onde se concentram a maioria dos eventos culturais e todos merecem ter essa experiência que fala de assuntos tão importantes e mostra o quanto a arte é necessária”, finaliza o artista Guilherme Augusto, que dá vida ao palhaço Bananinha.

Ainda dá tempo de dar risada

Achou legal a iniciativa e gostaria de ver ao vivo todas as palhaçadas de Bananinha e Pocatelha? Então uma boa notícia! Eles têm outras apresentações marcadas em Votorantim. No dia 30 de abril, à tarde, eles se apresentarão no bairro Pró-Morar. Já em maio, muitas risadas devem rolar no dia 6 (sábado), na praça Lecy de Campos, a partir das 17h; e no domingo (7), às 16h, no Jardim Serrano.

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Palhaços famosos que fizeram história

Piolin, Carequinha, Atchim & Espirro, Patati & Patatá e Bozo são palhaços que fizeram história no nosso País.

Muito conhecido durante a Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922, Abelardo Pinto, mais conhecido como Piolin, chegou a ser considerado o melhor palhaço do mundo. Sua habilidade era tão grande que o dia do Circo é em alusão ao seu nascimento, no dia 27 de março.

O George Savalla Gomes, ou melhor, o palhaço Carequinha, foi um dos maiores sucessos nos anos 60. Ele fazia muitos programas de televisão, conquistando muitas crianças no Brasil.

Criado nos Estados Unidos, o Bozo (ele mesmo, o palhaço com os cabelos vermelhos posicionados na horizontal) chegou ao Brasil nos anos 80 e foi uma verdadeira febre, tanto que é lembrado com carinho por muitos adultos que, na época, ainda eram pequenas crianças.

Agora indo para as duplas, Atchim & Espirro, formada pelos atores Eduardo dos Reis (Atchim) e Carlos Alberto de Oliveira (Espirro), é uma dupla brasileira de palhaços que fez sucesso na década de 1980 com programas infantis. Seu caminho foi trilhado, mais tarde, por Patati & Patatá, que surgiram nos anos 90. Quem não conhece estes versos: “se você quer sorrir, é com o Patati / se você quer brincar, é com o Patatá / se você quer sorrir e brincar: Patati e Patatá / se você quer sorrir e brincar: Patati e Patatá”? (Thaís Marcolino)