Escotismo educa crianças e adolescentes para a vida
Hoje, dia 23 de abril, é o Dia do Escoteiro; são 11 grupos instalados em Sorocaba
A frase “Sempre alerta!” te lembra alguma coisa? Temos certeza que uma das primeiras coisas -- senão a primeira -- que veio a sua mente foi o lema do escotismo. E porque estamos falando isso? É que dia 23 de abril é comemorado justamente o Dia do Escoteiro. A data foi escolhida pelo inglês Robert Baden-Powell há mais de 100 anos e outra curiosidade é que, nesse mesmo dia, também é celebrado o Dia de São Jorge, patrono do escotismo.
Sabemos que o acampamento é uma das associações mais comuns quando se fala em escotismo, mas o movimento é mais do que isso. Quem participa e atua como voluntário consegue desenvolver a espiritualidade, a cidadania, a proteção ao meio ambiente, o trabalho comunitário, o respeito às diferenças, entre outros. “Os escoteiros trabalham com objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), fazendo com que tenham uma boa base para o futuro”, explicou o comissário do 40º distrito Lis do Interior, João Augusto Corrêa. Além desse grupo, outros 10 estão espalhados por vários bairros de Sorocaba, proporcionando muitas experiências.
O Victor Hugo de Castro Caiombo, de 14 anos, sabe bem disso. O jovem entrou no grupo escoteiro Terra Rasgada, localizado no Éden, em 2016 e, apesar de não ficar muito animado no início, logo pegou gosto e até hoje coleciona uma porção de experiências e memórias. “Uma deles foi quando fizemos a jornada e tivemos que andar muitos quilômetros até nosso acampamento. Num período, paramos no meio do nada para fazer nosso almoço, comemos legumes com calabresa e o pior, na chuva! Apesar disso, foi muito legal e guardo com muito carinho, me ensinou muitas coisas”, contou.
Ele entrou como lobinho, mas agora faz parte do ramo escoteiro. Essa divisão é importante para que, em cada etapa, se tenha as atividades certas para cada faixa etária. Cada ramo tem uma característica: crianças de 6 anos e meio a 10 anos se enquadram como “lobinhos”, em que se trabalha a fantasia. Pessoas entre 11 a 14 anos correspondem à etapa “escoteiro”, que foca na aventura. Escoteiros do ramo “sênior” são os com idades entre 15 e 17 anos e, nessa fase, é um desafio atrás do outro. Por fim, escoteiros com 18 a 21 anos fazem parte do ramo “pioneiro”. Neste nível, os jovens são incentivados a desenvolver um projeto de vida.
Quem passa por um ou mais ramos geralmente compartilha com a família os ensinamentos e o amor pelo escotismo. Mãe, tia e avó dos irmãos Manuela e Miguel, de 6 e 12 anos, respectivamente, participaram de grupos de escoteiro em suas épocas de juventude e, hoje, quem frequenta semanalmente as atividades do grupo localizado no Jardim dos Estados são os pequenos.
O Miguel Kern Sarubo Dorth Domingues começou em 2017 ainda como lobinho e hoje deixa à mostra, com orgulho, os cordões amarelo e verde, representativos do nível Cruzeiro do Sul. “Acho muito legal ser escoteiro, o que mais gosto de fazer são os nós e amarras, porque consigo aplicar em casa. Por exemplo, se duas cordas romperem, eu sei fazer um nó a ponto de juntar. Outra coisa que eu gosto muito de lá é que faço amizades e aprendo que somos como uma equipe”, relatou o jovem de 12 anos.
Assim como seu irmão, Manuela Kern Sarubo Dorth Sinegalia também consegue aplicar muitos aprendizados no dia a dia. “Aprendo que tenho que respeitar as pessoas, sei que há horário para tudo e que não posso fugir, então gosto bastante”, disse a pequena de 6 anos que começou no grupo escoteiro em fevereiro deste ano.
Outro representante que pulou de lobinho para escoteiro recentemente foi o Murilo Pazetti Tomasi, de 10 anos. Ele também teve influência da irmã, que tem 18 anos, para ingressar ao grupo da Vila Santana. O que ele mais gosta são as brincadeiras e aprendizados, como a história de “Mogli, o menino lobo” e cantar as canções. “Adoro essas especialidades e nelas eu posso progredir como ser humano”, explica o estudante, que integra o escotismo há quatro anos.
“Quando vemos um jovem ajudando o próximo é uma sensação de vitória dentro do movimento, porque o escoteiro é isso, um preparo para a vida”, analisa Randal Juliano Gonçalves, diretor administrativo do grupo Terra Rasgada.
Lei escoteira
Assim como na vida, o escoteiro também tem leis para ser seguidas. Elas foram criadas por Baden-Powell e buscam fazer com que as pessoas que participam do movimento sejam boas e que passem isso a frente. Ao todo são dez leis que falam, nesta ordem, que o escoteiro é honrado e digno de confiança; é leal; está sempre alerta para ajudar o próximo e pratica diariamente uma boa ação; é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros; é cortês; é bom para os animais e as plantas; é obediente e disciplinado; é alegre e sorri nas dificuldades; é econômico e respeita o bem alheio; e é limpo de corpo e alma.
Adultos podem ser escoteiros voluntários
Muitas pessoas acreditam que para tornar-se voluntário no escotismo é preciso ter sido escoteiro quando jovem, mas não é assim, não. Você sabia que está tendo fila de espera para a entrada de crianças, principalmente no ramo lobinho? E o motivo é a falta de voluntários. Isso porque eles têm um papel muito importante ao acompanhar e orientar muitas atividades do grupo.
“Estamos em uma campanha para que adultos se transformem em escoteiros e ajudem no dia a dia. Quantos mais adultos voluntários a gente tiver, maior será a capacidade de atendimentos. Então, se você gosta de criança, aventura, de passar os ensinamentos para frente, não deixe de ser um escoteiro voluntário, nós damos todo treinamento necessário para exercer a função que desejar, seja nas atividades ou até no administrativo”, finaliza Randal Juliano Gonçalves.
Para saber mais e também encontrar o grupo escoteiro mais próximo, basta acessar www.escoteirossp.org.br. (Thaís Marcolino, colaborou Inaiê Mendonça)