‘Reciclando com música’ ensina sustentabilidade às crianças
Projeto roda várias cidades do Estado com mensagem de consciência sobre a reciclagem
Balde, tampinhas de garrafa, latas, carrinho de mão, talheres, panelas, tubos de PVC e garrafas de plástico. Objetos que não parecem ter muita relação entre si, mas que, com algumas modificações e criatividade, são transformados em verdadeiros instrumentos musicais e fazem um sonzão. Os responsáveis por essa “mágica” são da Orquestra de Sucata, um grupo da capital paulista que se apresenta em várias cidades do Estado para levar, acima de tudo, a consciência sobre a reciclagem e sustentabilidade às crianças. O espetáculo se chama “Reciclando com música”.
Com tantas apresentações, Sorocaba também teve seu espaço. Ao longo de algumas semanas, alunos de 15 escolas municipais viram o quanto materiais “incomuns” podem ter um uso tão legal. Entre elas a E.M. Prof. Paulo Fernando Nóbrega Tortello, no Parque das Laranjeiras. Foi nessa unidade que nós também comparecemos e conferimos um verdadeiro show musical e de responsabilidade ambiental.
A banda é formada por nove pessoas, mas a responsabilidade de comandar toda a turma e explicar aos alunos como foram feitos os equipamentos ficou para a professora Do Ré Mi (em alusão as três primeiras notas musicais). Já que a proposta era mostrar algo “diferente”, óbvio que os nomes dos instrumentos não seriam comuns, né?
Pois então sejam apresentados ao panelino (primo do violino feito com algumas partes das panelas) e ao guitatão (uma guitarra com base de latão). Outros equipamentos que não ganharam um nome especial, mas que também foram criados por eles, são o piano de garrafas de vidro, o baixo (feito com um pedaço do instrumento original e um carrinho de mão -- sim, aqueles usados na construção civil), a flauta (com um tubo e tampinhas de garrafa), além do fundo de panelas que fizeram a vez dos pratos de uma bateria e baldes. Lembrando que todos os itens seriam descartados no lixo e, através da iniciativa, ganharam uma sobrevida.
Em meio a uma explicação e outra, muita música rolou. Não teve quem não balançou o corpinho em vários momentos, viu? Animação total; afinal, foram ao menos 10 composições. Uau! A Maria Eduarda Peres da Silva, de sete anos, foi uma das que não parava quieta de tão feliz que ficou com a apresentação. “Foi muito ‘da hora’, gostei muito do guitarrista. Ele corria por todo espaço, dançou, amei”, contou a estudante, ainda eufórica ao final da atividade. “Nunca tinha visto algo assim e achei bem legal. Em casa meu irmão, de 12 anos, usa algumas coisas pra fazer um som e é bem divertido”, complementou a aluna do 1º ano B.
Quem também não deixou de observar a criatividade foi o Enzo Gabriel Duarte Monteiro da Costa, de seis aninhos. “Nunca tinha visto. São instrumentos bem criativos, adorei. O que mais gostei foi a bateria, por que tinha várias coisas e faz um som muito maneiro”, disse o estudante. Assim como a sua colega de sala, Duda, já se aventurou no ramo musical sustentável e fez um chocalho de garrafa pet com arroz para que, na hora de balançar, o grão faça barulho em contato com o plástico. “É simples e muito divertido”, acrescentou o pequeno. Em meio a tantos aprendizados musicais, o que estava por trás era tão ou mais importante: a consciência ambiental. Afinal, não tem como a gente negar que o futuro do nosso planeta está diretamente associado aos hábitos que temos hoje, né?
“É uma aula, um aulão onde nós nos utilizamos da música como ponte, como uma ferramenta pedagógica para chegar até os alunos de uma forma divertida. Nisso trabalhamos o conceito da sustentabilidade, a importância da reciclagem, da reutilização de materiais e da conscientização ambiental. Isto é, mostrando para eles que eu, você, cada um é importante nesse processo da reciclagem e nós precisamos fazer a nossa parte. Nós, da Orquestra de Sucata, fazemos a nossa parte levando espetáculos para as escolas públicas de forma gratuita, através das leis do incentivo à cultura, lei Rouanet e, claro, trabalhando todas as questões. E para mim o espetáculo é algo mágico”, explicou a professora Do Ré Mi, ou melhor, a artista Rosa Alice Noal Casaes.
Ficou curioso? Você também pode conhecer o trabalho da Orquestra de Sucata nas redes sociais do grupo, ou pelo contato (11) 94824-8620, e aprender a construir seus próprios instrumentos musicais feitos de sucata e materiais recicláveis por meio de seus tutoriais no YouTube. Acesse o Instagram @orquestradesucata para acompanhar a programação de espetáculos culturais e participe também!
A iniciativa é patrocinada pela Toyota com realização do Ministério da Cultura, com o apoio da Secretaria de Educação de Sorocaba (Sedu).
‘Fazendo’ música, na prática
Por alguns meses, as turmas do 4º ano A e B da E.M. Prof. Paulo Fernando Nóbrega Tortello tiveram a chance de se aprofundar ainda mais no mundo da música. Depois do “concerto” da orquestra, chegou a vez dos alunos brilharem e mostrar um pouco do que aprenderam com o professor de música, Daniel.
Eles fizeram uma breve apresentação dos instrumentos variados que produziram usando materiais que cada um tinha em casa para a turma e foi super divertido. “Achei muito legal participar da oficina de sucata. No inicio não sabia muita coisa, mas o Daniel começou a ensinar e eu fui pegando mais o jeito. Quando começou a apresentação fiquei bem ansioso, com medo de errar alguma coisa, mas deu tudo certo no final, graças a Deus. Fiz um chocalho com pote de achocolatado. Achei muito legal aprender e apresentar para meus amigos”, contou o estudante Miguel Aparecido da Silva, de 10 anos.
A Lorena de Oliveira Lima, de nove anos, já tem a consciência ambiental de gente grande. Ela disse que gostou muito de ter a consciência que algo destinado a ir para o lixo pode ser reaproveitado como instrumento musical ao ser juntado a outros itens. A pequena apostou em um objeto que não tem um nome específico, mas que foi produzido com uma garrafinha pet pequena com cortes na lateral que, ao raspar, emite um som interessante. “Adoro música e na oficina aprendi a guardar as coisas e reutilizar. Não sabia da importância e vou levar os ensinamentos pra casa. Mas eu já guardo as folhas e uso os espaços que sobra pra desenhar. É bem importante cuidar do meio ambiente, né?”, disse a estudante do 4º ano. (Thaís Marcolino)