35ª Bienal de São Paulo: Arte por todos os lados

Evento é um verdadeiro convite para crianças e adultos apreciarem a arte em suas mais distintas formas

Por Thaís Marcolino

Obras do marroquino M’barek Bouchichi foram as preferidas dos gêmeos de seis anos

Um lugar para respirar e contemplar a arte em suas diversas expressões. Talvez essa seja uma maneira de explicar, brevemente, o que é a 35ª Bienal de São Paulo. A exposição fica aberta até dezembro e a equipe do Cruzeirinho foi até lá para conferir as obras disponíveis e o que podem encantar os olhos do público.

Localizada no Pavilhão do Parque Ibirapuera, na Vila Mariana, a Bienal conta com três andares com mais de mil obras “espalhadas”. O tema deste ano é Coreografias do Impossível e como grande parte dos participantes é formado por artistas não-brancos, é possível apreciar obras de indígenas, africanos, afro-brasileiros, asiáticos, entre outros grupos étnicos. Mas isso é legal por que a gente pode conhecer, se deparar e estudar ainda mais sobre o País em que vivemos né?

Diferente de um museu, em que se espera que a maioria das peças esteja pendurada em uma parede ou dentro de uma redoma de vidro.

Ao chegar, o público já é impactado com esculturas pequenas e grandes, simples e complexas, de metal e madeira. Ao continuar a caminhada, surpresas e alguns itens “conhecidos” — como repotagens de jornais, inclusive do Cruzeiro do Sul, em um espaço com matérias jornalísticas sobre o Quilombo Cafundó, situado na nossa região, em Salto de Pirapora.

Além das “telas”, tecidos e formas geométricas, para quem prefere obras auditivas, em alguns espaços há telas com fones de ouvido para ouvir a explicações sobre as obras de exposições anteriores. Também é possível ler o QR Code de cada obra para saber mais detalhes.

Na andança, encontramos alguns grupos de escolas visitando a Bienal e também famílias admirando cada peça. Uma delas é a da Mariana Barreto Gonçalves Lima. A artista plástica levou o esposo André Machado e os gêmeos Bento e Otto Barreto Lima, ambos com seis anos de idade. Quando os encontramos, todos apreciavam quadros com pinturas da natureza em que havia muita cor. “Gostei desse porque tinha os tucanos e eu amo animais”, disse Bento. Já seu irmão, um pouco mais envergonhado, contou para nós que é essa foi a primeira vez que esteve num lugar tão grande, que gostou e que depois não via a hora de passear no Parque do Ibirapuera. Passeio bom demais, né?

“Acho importante trazê-los por que acabam criando relações com a própria vida. Eles não vão compreender na essência o que cada obra diz, mas vão relacionar com a própria experiência. Uma das que eles gostaram e expuseram uma opinião foi a dos vasos (do artista marroquino M’barek Bouchichi) de cerâmica. Eles falaram que tem alguns bebezinhos (novos) e velhinhos, então isso que acho importante por fazerem relações e aprenderem coisas além de suas próprias experiências”, analisou Mariana.

“A Bienal os ajuda a entender também que o mundo é muito maior do que eles possam imaginar e com todo mundo é assim. A arte tem diversas camadas de profundidade e cada pessoa vai absorvendo aquilo que ela tem na vida e dentro de seus limites”, concluiu a artista plástica.

35ª Bienal de São Paulo — coreografias do impossível

Curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel
De 6 de setembro a 10 de dezembro de 2023
Ter, qua, sex, dom: 10h às 19h (última entrada: 18h30); qui e sáb: 10h às 21h (última entrada: 20h30)
Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera — Portão 3
Entrada gratuita

Cores e significados que chamam a atenção

Apesar de a Bienal poder ser visitada por pessoas de qualquer idade, tem alguns espaços que prometem prender os olhos da criançada. Veja só essas dicas:

- Tadáskia: a artista carioca traz um painel colorido com desenhos feitos de papel seco e carvão. Também há esculturas feitas de bambu, palha e taboa.

- Ayrson Heráclito e Tiganá Santana: os sons, temperatura e sensação de estar em uma floresta também é uma das experiências mais emersivas da Bienal. Em um “caminho” de bambuzais, a cada passo que se dá, projeções de pássaros, folhas, rios, flores, insetos e povos originários. É uma experiência e tanto para a gente lembrar de preservar as nossas tão belas e incríveis florestas

- MAHKU: Com “telas” grandes e cheias de cor, o Movimento dos Artistas Huni Kuin traz muitas formas, humanas e não humanas e com bastante referência dos povos originários. A obra está entre o primeiro e o segundo piso do Pavilhão.

- Denise Ferreira da Silva: Mexendo com a geometria, a obra da artista brasileira se baseia em uma série de pirâmides que podem ganhar “novas formas”. Cada uma delas configura a presença de um tetraedro, sólido platônico que representa o fogo e compõe Metafísica dos elementos O E/Studio (2023). (Thaís Marcolino)