Lendo e falando melhor com o sussurrofone

Instrumento feito de PVC ajuda na alfabetização de alunos de Piedade

Por Thaís Marcolino

Parecido com um telefone, o brinquedo amplia a própria voz da pessoa em até 10 vezes

Sussurrofone. O nome não é tão simples de falar pela primeira vez, mas é na repetição, tanto da palavra quanto na hora de usar o item, que a simples união de três peças de PVC se transforma em um instrumento que auxilia, e muito, na alfabetização. O método, usado bem mais em terras estrangeiras, tem ganhado admiradores não só no Brasil, mas em nossa região. Em Piedade, uma turminha do 1º ano da Escola Municipal Professora Sylvia Camargo Baldy ganhou alguns exemplares. Os pequenos têm adorado descobri-lo e usá-lo durante o ano.

Mas, afinal, o que é o sussurrofone? Parecido com um telefone -- porque as pontas ficam justamente no ouvido e boca --, o brinquedo amplia a própria voz da pessoa em até 10 vezes, possibilitando que ela própria se escute. A gente o testou lá na hora, e a nossa percepção é de estranheza e satisfação ao mesmo tempo. Só experimentando para saber e entender.

A ideia de levar a novidade para a classe é da professora Michele Meira Silva, de 37 anos. “Vi pela primeira vez nas redes sociais, achei interessante e tive curiosidade. Como estamos trabalhando agora a fluência com eles, veio como uma luva”, contou a mestre com mais de 19 anos na área de educação.

Os alunos não têm um dia específico para usar o brinquedo, e sempre que há alguma atividade de leitura eles podem pegá-lo. Às vezes eles têm até a iniciativa para levar para casa, como é o caso da Sophia Emanuelly Furtado dos Santos, de sete anos. “Já levei pra minha casa e quando contei para os meus pais o que era, eles ficaram assustados quando usaram, mas gostaram, sim”, contou a estudante. “O mais legal nele é que o som aumenta quando a gente fala, aí dá para se ouvir e melhorar. A professora me disse que eu estou lendo melhor, até”, complementou a pequena -- que demonstrou muita empolgação durante a entrevista.

O apoio dos pais nesse processo também ajuda bastante. Além de ser algo bom para o desenvolvimento educacional, a professora não deixa de citar o quanto melhora a relação com a família. “Os pais aceitaram bem. Mando os livrinhos, o sussurrofone, aí eles devolvem com fotos e vídeos, todos amando. Então esse momento foi proporcionando essa interação entre os pais, as crianças e a escola. É legal e divertido”, comentou Michele.

Quem também faz questão de testar o item com a família e recebe um apoio bem grande é o Lorenzzo Emanuel Hermenegildo Pereira, de sete anos. “Meus pais falam pra eu treinar a leitura com ele (sussurrofone) ou não, isso duas vezes na semana. Eu gosto mais de matemática, mas eu leio né, tem que ler”, confessou o garoto. “Quando usei pela primeira vez achei o barulho até alto demais, mas agora eu gosto bastante”, disse.

Como são poucos aparelhos disponíveis em sala, acontece um rodízio na hora de levar pra casa. O Davi Ribeiro de Ferrino ainda espera a sua vez. Enquanto isso, ele aproveita pra usá-lo bastante em sala. “Quando a professora trouxe para mim, até pensei que fosse um telefone, mas não é não. Eu gosto bastante de ler, principalmente as histórias de aventura e perigosas, sou muito corajoso”, assegurou o menino de seis anos.

De maneira quase unânime na sala de aula, o sussurrofone tem ajudado a melhorar a leitura dos alunos. Como também é o caso da Ana Clara Alves de Moraes, de seis anos. “A ampliação do som é o mais legal e percebi que melhorei a leitura, sim”, analisou.

“Na prática a gente percebe que eles vão contando e vão dando essa devolutiva. É muito legal para a gente também. A gente faz sem saber se vai dar certo. E aí o negócio dá certo e a gente fica feliz com o resultado”, finaliza Michele.

Construa você mesmo o brinquedo

Apesar de ser mais comum nas escolas, até por ser usado como ferramenta pedagógica, se a criança e os pais quiserem fazer em casa um sussurofone e treinar os ensinamentos, também é possível. Para isso, é preciso de um pedaço de cano de PVC com seis centímetros de comprimento e duas conexões -- conhecidas como “cotovelos” -- do mesmo material.

Depois é só encaixar as peças, se precisar de uma ajudinha pra fixar, pode colar também. Por fim, é só decorar de acordo com seu gosto.

É fácil, custa pouco e ainda é uma chance de melhorar a fala e aumentar a aptidão da leitura. Não é o máximo? (Thaís Marcolino)