A onda de solidariedade também move as crianças

Pequenos dão o exemplo e se mobilizam para ajudar as vítimas das cheias do sul do País

Por Beatriz Falcão

Pequenos dão o exemplo e se mobilizam para ajudar as vítimas das cheias do sul do País

O desastre ambiental que atingiu o Rio Grande do Sul nas últimas semanas deixou inúmeras famílias desabrigadas. Alimentos, roupas, casas, e até mesmo os animais de estimação foram perdidos no meio da enchente. Para esse povo, uma luz de esperança surge da solidariedade, de tanto apoio e doações recebidas de diversas formas e lugares do mundo. As crianças, de modo especial, também expressam empatia às vítimas da tragédia.

A aluna Eloá Silva de Medeiros, de 10 anos, durante uma atividade de redação livre na escola, decidiu escrever sobre os acontecimentos no Estado sulista e reforçar a necessidade de ajuda. “Para arrumar e tudo voltar a ser como antes, precisamos arrecadar toneladas de água, alimentos e remédios”, descreve na atividade.

Os irmãos Vinícius Leite da Costa, de 9 anos, e Lucca Leite da Costa, de 11 anos, separaram roupas em bom estado e doaram para as crianças do Rio Grande do Sul. “É importante se colocar no lugar do próximo! Quando doamos, sentimos um alívio no coração em saber que estamos ajudando”, comenta o mais novo.

Além das doações, Vinícius e Lucca rezam todas as noites pelas pessoas atingidas pelo desastre ambiental. “Eu peço que as vítimas consigam retornar à vida normal, que eles possam encontrar suas famílias para estarem juntos novamente”, conta o irmão mais velho. “É uma tragédia muito séria que aconteceu no Rio Grande do Sul, as pessoas estão recomeçando a vida do zero porque perderam tudo. A nossa ajuda é muito importante, independente de como seja“.

O pequeno Leandro Martins Nogueira Júnior, de apenas 3 anos, vestiu a fantasia do super-herói Hulk, para ficar mais forte e conseguir carregar as doações. “É muito importante e legal ajudar o próximo. Eu dei minhas roupinhas de presente, porque a água pegou as roupinhas deles e levou tudo”, relata.

A empatia também pode se manifestar em forma de carta. O aluno Henrique Moraes Antunes, de 7 anos, escreveu palavras de apoio e desenhou supergatos para deixar a sua mensagem mais linda. “Espero que estejam bem e que tenham mandado bastante doações para vocês. Eu vou apoiar o Rio Grande do Sul até melhorar, porque houve muita destruição sem fim”, disse em sua carta.

E sabe o motivo de toda essa solidariedade e carinho com nossos irmãos do sul? Segundo a psicóloga Alessandra Torres, o sofrimento do outro desperta, na maioria das pessoas, um sentimento de empatia e colaboração, inclusive nas crianças. “A partir dos dois anos, a criança começa a perceber os acontecimentos em sua volta, consegue perceber o outro e entender que existe um mundo além do seu ‘eu’. Todo o comportamento que existe em torno do seu ambiente, a criança imita e aprende com essas atitudes, com isso os sentimentos acabam aflorando também”, explica.

A especialista acrescenta que, muito além de mostrar a atual situação do Rio Grande do Sul, é importante conversar sobre o que está acontecendo, até para não despertar o medo. “Os pais devem explicar que desastres naturais não são comuns, que não é qualquer chuva que vai causar esse estrago. As crianças também devem estar acompanhadas por um adulto enquanto assistem ao noticiário, desta forma, podem conversar e desmistificar crenças imaginárias”, finaliza.

 

Alunos montam ponto de arrecadação

As ações de solidariedade para as vítimas do desastre ambiental do Rio Grande do Sul também chegaram às instituições de ensino de Sorocaba. Na Escola Municipal Doutor Achilles de Almeida, os alunos se sensibilizaram com os acontecimentos recentes e buscam ajudar as crianças do Estado sulista com doações.

O aluno do 8º ano A, Henrique Augusto Nastri Soares, de 13 anos, mobilizou um ponto de arrecadação na escola, tanto de roupa quanto de água e alimentos. “Quando eu vi a tragédia na televisão, gerou um sentimento de tristeza de ver as casas e as ruas completamente inundadas por água, e como muitos lugares estão com ponto de arrecadação, achei interessante ter um na escola”, conta.

“Principalmente para as pessoas do Rio Grande do Sul, que perderam tudo nas enchentes, é importante ajudarmos com a doação de alimentos, roupas, rações para os animais. E peço para quem puder ajudar, que tragam as arrecadações!”, acrescenta Henrique.

Já os alunos do 6º ano, dedicaram seu tempo para escrever cartas de apoio e montar saquinhos de doces para as crianças do sul. A iniciativa nasceu em um grupo de sete amigas. “A nossa ideia de doação surgiu enquanto a professora nos explicava o que estava acontecendo no Rio Grande do Sul. Nós pensamos nas crianças, que estão passando por um momento muito difícil, e queríamos alegrar o dia delas”, explica uma das integrantes do grupo, Ana Júlia Fagundes Camargo, de 11 anos.

“Acredito que a importância de ajudar é deixar a outra pessoa feliz, e também nós ficamos felizes em poder ajudar”, relata Vitória Emanuele de Lima Catto, de 11 anos. “Para eles que não têm nada no momento, estamos dando um pouco de felicidade”.

As meninas ainda contam que a sala inteira ajudou, seja nas doações das balas ou na montagem das cartinhas. Cada aluno escreveu, em média, três bilhetes que serão destinados ao Rio Grande do Sul.