Jogos de várias épocas e diferentes lugares do mundo

Projeto mostra que jogos de tabuleiro também ensinam sobre cultura e mantêm as crianças longe das telas

Por Vinicius Camargo

Valentina escolheu disputar partidas de Dao com o pai

Africa, China, Egito, Estados Unidos, Europa e Índia. Você já imaginou poder jogar jogos desses países e continentes, assim como de vários outros lugares, aqui, no Brasil? Ou, melhor, em Sorocaba? E é jogar de verdade mesmo e não pela internet. Crianças que participaram do projeto “Ludus, Jogos do Mundo”, realizado no último sábado (1º), no Sesc, tiveram essa oportunidade. Elas conheceram e brincaram com joguinhos de diferentes partes do planeta e épocas. Alguns têm 3.400 anos, enquanto outros pode ser que existam há mais de sete mil anos.

Essa atividade foi promovida pela Caravana Lúdica. A própria empresa constrói jogos tradicionais e modernos, com madeira reciclada, a partir de pesquisas. Os participantes têm um momento bem legal para aproveitar com a família, longe das telas. Além disso, descobriram muitas coisas novas, pois os monitores contam as histórias de todos eles. “Os jogos carregam muito dos costumes da época e representam, muitas vezes, o que o povo deles criou”, disse Thiago Maia Attie, de 39 anos, coordenador da iniciativa.

Aqueles de captura representam disputa de poder, guerras. Outros de plantio e colheita mostram como as pessoas faziam para ter comida antigamente. Há, ainda, alguns que retratam mudanças geográficas, como o aumento no número de prédios. E dá para aprender sobre tudo isso na prática, e não somente on-line. A experiência se torna até mais interessante, porque, em contato com os joguinhos, é possível visualizar as questões explicadas. “A internet é boa, é importante, mas não é a única forma da gente adquirir conhecimentos de outros locais”, comentou Thiago.

Do mundo todo

Entre as várias opções disponíveis para a criançada, peão real, da Índia, era uma delas. Conhecido há aproximadamente 400 anos, ele conta com vários peões posicionados dentro de uma espécie de tabuleiro. Uma das peças é giratória e deve ser jogada para tentar derrubar as demais.

Diretamente da China, havia o Dao, parecido com o jogo da velha, mas com quatro casas. Quem escolheu o bilhar de rebote teve um pouco de contato com a Europa. Tradicional nos cafés daquele continente no passado, ele é formado por uma mesa, na qual há retângulos de diferentes cores, e círculos de madeira. Cada retângulo tem uma pontuação, e o objetivo é acertar as “bolas” neles.

Valentina Castilho Silva Nunes, de 6 anos, escolheu disputar partidas de Dao com o pai, o barbeiro Wildner César de Nunes, de 34 anos. A menina teve o primeiro contato com a brincadeira chinesa e achou mais difícil que o jogo da velha tradicional. Mesmo assim, aprendeu rapidamente e até explicou o funcionamento para o pai, pois ele não havia entendido. “Ele estava achando que era dama”, falou. Acostumada a ter esses momentos com a família, ela prefere os games reais aos virtuais. “No celular, a tela é muito pequeninha”, justificou.

Pedro Henrique dos Santos Oliveira, de 9 anos, também gosta do contato com os jogos. Além de achar essas atividades mais divertidas, ele sabe a importância de deixar as telas um pouco de lado, para evitar problemas de saúde. “Ficar muito no celular faz mal para a vista”. Para o menino, o mundo virtual não é capaz de proporcionar a mesma alegria vivenciada no sábado nos duelos de peão real com o pai, o publicitário Fransciso Henrique de Oliveira Junior, de 47 anos. Também não oferece a oportunidade de admirar as cores e a beleza das figuras pintadas à mão no tabuleiro, algo especial para ele.

Já os irmãos Helena e Matheus Azevedo, de 10 e 13 anos, respectivamente, enfrentaram o pai, o servidor público Diogo Orlandin, de 34 anos, no bilhar de rebote. Os jogos comuns sempre foram os favoritos de Helena e, após conhecer novos tipos, o seu favoritismo por eles aumentou. Inclusive, a menina pretendia pesquisar na internet se conseguiria fazer alguns em casa. Ela adorou tanto a recreação em si, quanto descobrir a história do bilhar. E os conhecimentos estavam bem gravados na memória. “Ele é da Europa”, respondeu, quando questionada sobre informações do joguinho. Matheus, por outro lado, confessou que preferia, até então, o videogame. Mas, após participar do projeto Ludus, decidiu passar a brincar mais com os tradicionais também, porque curtiu bastante a experiência.

 

Ainda dá tempo de participar

Se você perdeu a Caravana Lúdica, não se chateie. Ela continua no Sesc Sorocaba até o dia 30 de junho, de forma gratuita. Podem participar crianças a partir de 3 anos. Aos sábados, a atividade acontece das 10h às 13h30, e, aos domingos, das 10h30 às 13h30, sempre no ginásio da unidade. Não é preciso se inscrever antes. O Sesc Sorocaba fica na rua Barão de Piratininga, 555, Jardim Faculdade.