Dançar é uma arte com muitos benefícios
Quem pratica a atividade aprende disciplina, consciência corporal, coordenação motora e faz muitas amizades
O que é dançar? Muitos dizem que é uma manifestação artística, outros que é a arte de deixar o corpo falar, e para alguns a dança até se tornou uma profissão. Há muitas formas de definir a dança, mas uma coisa é certa: a prática oferece inúmeros benefícios. Desta vez, o Cruzeirinho acompanhou de perto crianças que dedicam um pouco do seu tempo para essa atividade.
A nossa primeira parada foi em um instituto de dança em Votorantim. No sábado, logo pela manhã, quatro alunos já se preparavam para iniciar a aula de balé. Thomas Oliveira Souza Pécora, Melissa Lopes da Silva, Valentina Prado Lau Tonche e Beatriz Oliveira Prati trajavam seus respectivos collants e sapatilhas, e se aqueciam nas barras de apoio antes de iniciar os movimentos no solo.
“Eu comecei a treinar porque achava muito interessante. Sempre me motivei a fazer coisas novas, que antes eu achava impossível, e o balé é uma delas”, conta Bia, de 9 anos, que está na dança desde pequena. “Eu sinto que a dança melhorou a minha postura e concentração”.
A aluna Melissa, de 11 anos, dança há um ano e meio e tem como inspiração grandes bailarinas, como a russa Natalia Osipova e a argentina Marianela Núñez. “Eu sinto que me desenvolvi melhor com o balé e, quando eu crescer, quero ser igual a elas”, revela com um sorriso.
Além das questões físicas, Thomas, de 11 anos, relembra as amizades que a dança lhe trouxe. “Eu sempre achei muito legal e com o balé, ficamos mais posturados e dispostos a fazer novas coisas. Além disso, é muito legal poder conviver com as pessoas com o mesmo propósito”, aponta.
E há também quem pretende transformar a dança em profissão. A aluna Valentina, de dez anos, tem a dança clássica em seu sangue. “A grande maioria da minha família dança e sempre me incentivou. Depois da primeira aula, eu nunca mais parei e, um dia, quero ser bailarina profissional”, conta.
Quem acompanha a evolução dos alunos de perto é a professora Camila Rodrigues, de 28 anos, que acumula seis anos como bailarina profissional e 14 anos à frente das aulas de balé, mas que um dia já esteve no lugar dos pequenos. “Os benefícios são para a vida, muito além do físico, auxilia no desenvolvimento como um todo, até mesmo na socialização. Eu mesma comecei a dançar aos sete anos, meus pais me colocaram no balé porque eu era muito tímida”, relata.
“Muitas mães colocam seus filhos na dança pensando no estético, mas o mais importante é a amizade que eles criam e o respeito, a disciplina tanto com o horário quanto com as demais tarefas”, acrescenta.
Competições e apresentações
Na próxima parada, ainda no balé, a nossa equipe de reportagem conheceu mais uma bailarina mirim, a Lorena Carrocha Fernandes Lima, de nove anos. A pequena dança balé há dois anos e, para ela, a parte mais divertida são as apresentações.
“Meu primeiro contato com a dança foi pela televisão, achei muito bonito e queria aprender. Hoje eu gosto muito de ensaiar e subir no palco, me sinto muito bem dançando”, conta animada. “Eu aprendi muitas coisas novas também, fiz amizades e, além disso, me ajudou na concentração, eu era muito agitada”.
Alícia Doce Yamaoca, de 12 anos, também está acostumada a subir nos palcos e encantar o público com o seu talento. No ano passado, ela participou do Festival de Dança de Joinville e trouxe para casa duas medalhas: uma de ouro pela coreografia “Flores em Dublin” e uma de prata, por “Isla de las Muñecas”.
“Dançar, para mim, é uma forma de demonstrar sentimentos. É libertador”, descreve. “Não costumo ficar muito nervosa nas competições, porque logo esqueço que estou sendo analisada e me divirto muito, principalmente com as minhas amigas. Inclusive, nós já estamos treinando para o Festival de Dança de Joinville deste ano”.
Alícia dança desde os quatro anos e não se lembra muito bem quando começou, somente que foi na escolinha. Hoje, além do balé, treina outras modalidades jazz, street dance, sapateado irlandês e sapateado americano , assim, ela encontrou na dança a sua paixão.
Breaking é ritmo, gingado e cultura urbana
A dança também motivou o interesse de crianças no ambiente escolar, por meio do programa “Eu Pratico Esporte Educacional Escolar”. Com o intuito de aproximar os alunos das atividades esportivas, as instituições de ensino da rede municipal oferecem aulas práticas no contraturno escolar.
“A dança consegue trabalhar tanto a questão educacional, como a questão cognitiva, física e motora”, explica a assistente pedagógica Priscila Diogo. “Enquanto praticam, as nossas crianças desenvolvem a disciplina, postura, ritmos, e até mesmo aprendem com estilos de outras culturas e de outras línguas”.
O projeto possibilitou que os alunos da Escola Municipal Amin Cassar tivessem a oportunidade de conhecer e praticar uma nova modalidade de dança: o breaking. Os movimentos ritmados e com muito gingado da dança urbana foram ensinados por duas professoras especiais: as atletas da seleção brasileira Nathana Venancio e Naiara Xavier, mais conhecida como Toquinha.
Para a estudante Luíza Alves Feitosa, de 10 anos, foi um momento incrível. “Eu danço há um ano, o meu estilo favorito é break porque tem muitas manobras legais. Sinto que meu corpo melhorou muito com a dança, hoje eu consigo fazer muito mais movimentos”, conta.
Na aula, Luíza e seus amigos aprenderam três passos novos do ritmo: o top rock, footwork e freeze. O primeiro apresenta uma sequência em pé com movimentos de mãos e braços para entrar no ritmo da música. O footwork, por sua vez, apresenta coreografias no chão utilizando as mãos, enquanto o freeze mantém uma determinada posição por alguns segundos, para marcar um momento mais dramático da música ou para finalizar uma sequência de movimentos.
Além da dança, o projeto “Eu Pratico Esporte Educacional Escolar” conta com outras modalidades, como: xadrez, judô, basquete, badminton, GPT (Ginástica para Todos), capoeira e futsal.