Kuján, o tamanduá
Por Vanessa Marconato Negrão
Ailton Krenak é uma das minhas leituras mais frequentes, ele é um líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor; considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, sendo reconhecido internacionalmente por suas ações. Krenak participou da fundação da União dos Povos Indígenas e da Aliança dos Povos da Floresta, um movimento que estabeleceu as reservas naturais na Amazônia, algo de importância histórica. Ouvir suas palavras é sempre imprescindível, já que ele representa uma parte do Brasil que foi silenciada por tanto tempo.
Aqui ele narra o conto de “Kuján e os Meninos Sabidos”, uma história que ele ouviu de avó Laurita, que, por sua vez ouviu de avó Bastiana “do tempo em que Deus visitava a aldeia dos humanos”.
Depois de muito tempo ausente, o criador decide voltar à Terra para ver como estão suas criaturas, mas, para não ser descoberto, ele vem na forma de um tamanduá chamado Kuján. Mal chega e já é caçado para ser o prato principal em uma festa na aldeia. Felizmente, Roti e Cati, duas crianças espertas, percebem o que está acontecendo e decidem ajudar. Depois de tanta confusão, o que o criador vai pensar de suas criaturas?
Essa história, contada diversas vezes por Ailton Krenak, agora virou um livro ilustrado para leitores de todas as idades, especialmente as crianças. O livro traz a arte cheia de autenticidade de Rita Carelli, feitas com recortes e colagens. Uma narrativa que nos faz pensar sobre nossas atitudes como humanidade e sobretudo nos aponta algo que já passou da hora de aprender: nunca subestime o que podem as crianças.
Vanessa Marconato Negrão, professora e sócia efetiva titular da Academia Sorocabana de Letras