Maioria dos professores aprende sozinha sobre uso de tecnologia em sala de aula

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Apenas 44% dos 11.142 alunos ouvidos receberam informações sobre o tema na escola. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (8/8/2016)

Docentes têm interesse em aprender a usar tecnologia na escola, mas essa formação ainda precisa ser aprimorada. Crédito da foto: Pixabay

A maior parte dos professores das escolas brasileiras busca sozinha formação sobre tecnologias. Segundo a pesquisa TIC Educação, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 92% dos professores de escolas públicas[irp posts="4171" ] e 86% de escolas particulares buscam, por conta própria, se informar sobre novos recursos que podem usar no ensino e sobre inovações tecnológicas.

Vídeos e tutoriais on-line são alguns dos recursos usados. O percentual de professores que dizem aprender por esse meio passou de 59% em 2015 para 75% em 2018, percentuais semelhantes entre professores que lecionam em escolas públicas e particulares. Na outra ponta, 26% dos professores de escolas públicas e 15% das particulares dizem receber formação das secretarias de ensino e, enquanto 60%, nas particulares recebem apoio para informações sobre tecnologia dos coordenadores pedagógicos, esse percentual cai para 35% entre os docentes das escolas públicas.

“Os que os dados revelam é que eles têm se interessado pelo uso das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, têm buscado, seja em cursos, seja em tutoriais vídeos on-line, mas a formação formal, que a gente pode dizer que é ofertada pela própria escola e pela rede de ensino, ainda precisa de algum aprimoramento”, diz Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação.

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Na graduação

A pesquisa mostra que a defasagem vem desde a formação inicial, quando os professores estão na faculdade. Pouco mais da metade, 54% dos professores de até 30 anos, disse que cursou uma disciplina na graduação sobre o uso de tecnologias na aprendizagem. A porcentagem cai quando se tratam de professores mais velhos. Entre os de 31 a 45 anos, 48% tiveram uma aula específica sobre o assunto e, entre aqueles com 46 anos ou mais, apenas 34%.

No total, metade dos professores disse que pelo menos participou, na graduação, de cursos, debates ou palestras promovidos pela faculdade sobre o uso de tecnologias em atividades de ensino e aprendizagem; 55% disseram que os professores falavam nas aulas sobre como utilizar tecnologias em atividades de ensino e aprendizagem; e, 38% disseram que realizaram projetos ou atividades para a faculdade sobre o assunto.

Depois que deixaram a faculdade, a formação continuada também deixou a desejar, apenas 30% dos professores das escolas particulares e 21% das escolas públicas participavam, no ano passado, de algum programa de formação para os professores sobre o uso das tecnologias. “A formação de professores é um aspecto relevante para o uso da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Eles acabam sendo mediadores no uso crítico responsável da tecnologia. A conectividade depende dos professores estarem capacidades, de serem formados para o uso desses recursos e para extraírem o máximo desses dispositivos”, diz Daniela.

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Formação de professores

A formação dos professores está entre os itens que constam no Compromisso Nacional pela Educação Básica, documento apresentado pelo Ministério da Educação (MEC) como um plano de ação na educação básica, que vai da educação infantil ao ensino médio.

O MEC pretende concluir também até novembro deste ano a revisão do texto da Base Nacional Comum da Formação de Professores da Educação Básica. O documento orientará a formação de professores em licenciaturas e cursos de pedagogia em todas as faculdades, universidades e instituições públicas e particulares de ensino do país.

Pesquisa

A 9ª edição da pesquisa TIC Educação foi realizada em todo o País com 11.142 estudantes de 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 2º ano do ensino médio. Participaram ainda 1.807 professores de língua portuguesa, de matemática e que lecionam múltiplas disciplinas, 906 coordenadores pedagógicos e 979 diretores. Todos de escolas localizadas em áreas urbanas. Compõem também a amostra 1.433 diretores ou responsáveis por escolas rurais.

As entrevistas e os questionários foram aplicados entre agosto e dezembro de 2018. A pesquisa foi realizada pelo CGI.br por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR.

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Também falta, aos alunos, orientações sobre segurança na internet

Apenas 44% dos 11.142 alunos ouvidos receberam informações sobre o tema na escola. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (8/8/2016)

Dados da pesquisa TIC Educação também mostram que menos da metade dos estudantes de escolas públicas, 44%, receberam orientações dos professores sobre como usar a internet de um jeito seguro. Um percentual ainda menor, 33%, diz que os professores falaram sobre o que fazer se algo os incomodasse na rede.

Ao todo, foram entrevistados 11.142 estudantes de 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 2º ano do ensino médio, em todo o País. A pesquisa mostra que o cenário é diferente nas escolas públicas e nas particulares. Nas privadas, 68% dizem ter aprendido com docentes sobre segurança na rede e 59% terem recebido orientações para agir caso algo os incomode.

A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos estudantes (78%) navega sozinha, em busca de informações sobre tecnologias. O mesmo percentual se informa por vídeos ou tutoriais disponíveis na internet. Entre os estudantes, 76% dizem também se informar com amigos ou parentes. Um percentual menor, 44%, diz se informar com os professores. Por outro lado, a maioria dos professores entrevistados, 67%, diz que estimulam os alunos a debaterem sobre problemas que enfrentam na internet e 61% dizem que promovem debates com os alunos sobre como usar a internet de forma segura.

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O ensino sobre tecnologias esbarra, no entanto, muitas vezes na infraestrutura das escolas, onde faltam computadores e um bom acesso à internet. “A infraestrutura ainda é um desafio para os professores, tanto no que diz respeito à atualização dos computadores, à velocidade de conexão, quanto ao fato de em algumas escolas não haver sequer conectividade que seja suficiente para atender alunos e professores”, disse a coordenadora da pesquisa TIC Educação, Daniela Costa. “Ao invés de usar a sala de informática, que tem horário para usar e que nem sempre tem conexão que funciona, eles usam o próprio celular”. A pesquisa mostra que 51% dos professores de escolas públicas e 44% de particulares tiveram que usar o próprio 3G ou 4G em atividades pedagógicas. (Mariana Tokarnia -- Agência Brasil)