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Crianças voltam ao tempo das cavernas
Basta juntar um pouco de cola, água e terra para criar um tipo de tinta semelhante àquela que era usada lá no começo da civilização, quando as pessoas ainda viviam nas cavernas e não existia a escrita e nem a leitura. Essa tinta, feita à base de produtos naturais, foi inventada pelos homens e mulheres primitivos para fazer desenhos e pinturas nas rochas. Assim, começaram os primeiros registros do modo de vida do ser humano. E se você pensa que bastava uma chuva para tudo isso se dissolver, que nada! Esses registros -- conhecidos como pintura rupestre -- resistiram ao longo do tempo e podem ser vistos ainda hoje, espalhados por várias partes do mundo, onde as autoridades se preocupam em preservar a história. Em Sorocaba, crianças do 5º ano da Escola Municipal Hélio Rosa Baldy, no Jardim São Guilherme, experimentaram a sensação de viver como nos tempos da caverna. Com a ajuda das professoras Heloize Herrera Sena, 5º D, e Suélen Higuchi Ribeiro, 5º E, elas criaram tintas e produziram diversas pinturas.
As crianças fizeram tintas de quatro cores, usando terra, colorau, açafrão e café. De acordo com as professoras, as cores foram misturadas numa base feita com cola e água. É claro que antigamente não tinha cola, então estudiosos presumem que os primitivos usavam sangue, excrementos e gordura animal, ceras e resinas vegetais, clara ou gema de ovos e saliva humana. Credo!
Geralmente, a pintura rupestre se concentra na representação de animais, plantas e pessoas. Pesquisadores acreditam que possam ilustrar cenas de caça, acontecimentos do cotidiano e expressar valores e crenças.
As crianças, com idades entre 9 e 10 anos, aprenderam, com a atividade, História, Arte e Matemática. Diogo Felype de Oliveira, 10 anos, explicou bem sobre a aula. “Antigamente, os homens das cavernas pintavam as rochas com os dedos e usavam coisas naturais, sangue, terra, colorau, plantas, carvão... Foi importante pra gente aprender como era antigamente. Esse tipo de desenho rupestre foi feito há mais de 50 mil anos. Meu Deus, eles criavam coisas, achei incrível”, disse.
Sua amiga, Gabriele Zampieri, 10 anos, também curtiu. “Claro que estou gostando da atividade”, disse. Ela desenhou um cavalo e contou que para isso usou tinta feita na escola. “Sou amigo da Gabi desde o berçário. Gosto de ver ela cada vez mais alegre. Ela participa de tudo”, ressaltou o Diogo.
Comunicativo, ele ainda disse que outro dia estava aprendendo a evolução dos números e achou muito esquisito saber como era antes.
João Vitor Latorre Bento, 10 anos, disse que as pessoas faziam esses desenhos para se comunicar, “porque antes não existia nem letras e nem números”. “Hoje está mais fácil se comunicar, sabemos ler, escrever, tem telefone. Tem gente que fala várias línguas”, destacou. Em um dos momentos de aprendizado, João Vitor lembra que com o passar dos anos as pessoas foram evoluindo e criaram a escrita. Ele e os colegas aprenderam sobre o alfabeto dos egípcios, dos felícios e demais povos.
Também a Maria Clara Alves Ciaramello, 9 anos, achou legal ter aprendido sobre a pintura rupestre. “Gostei de fazer a tinta natural. A gente nunca fez isso.”
Ana Heloísa Fortunato Prins, 10 anos, observa que a comunicação mudou bastante até os dias de hoje. “Numeral, eles faziam com símbolos como sol, triângulo, quadrado, lua.” Isso foi uma coisa que deixou todos impressionados. “Se tivéssemos de inventar os números, seria muito difícil porque são infinitos”, disseram.
Divididos em grupos, os alunos que estavam fazendo a tinta curtiram bastante a experiência. “É bem legal fazer tinta natural, fazer é mais divertido, a gente aprender mais”, disse Ana Luiza Lima da Costa, 10 anos. Outra turma preferiu desenhar com carvão. “Tinta suja muito, além disso tenho dificuldade em desenhar com os dedos”, disse Manuela Vieira da Silva, 10 anos.
No Brasil, são encontradas manifestações de arte rupestre em todo o território nacional, mas o principal sítio arqueológico onde podem ser vistos esses tesouros da antiguidade é o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. O local é um Patrimônio Mundial da Unesco e tem o maior acervo do continente americano -- e um dos mais estudados. (Daniela Jacinto)
Você também pode
Que tal viver um dia como as pessoas da caverna e também fazer pintura rupestre? Vamos lá:
Materiais:
* Uma folha sulfite
* Um recipiente pequeno
* 100 ml de cola branca
* 100 ml de água
* 4 colheres de produto para dar cor, pode ser pó de café ou terra (marrom), urucum (colorau) para vermelho e o açafrão para amarelo. Você pode usar apenas um ou todos
* Giz de cera ou lápis de cor cinza
Como fazer:
Primeiro despeje a cola na vasilha e depois acrescente a água. Misture bem até ficar com uma textura fina. Depois, basta acrescentar o corante escolhido. Usando os próprios dedos, você pode mergulhá-los na tinta e desenhar na folha animais, plantas ou até mesmo as brincadeiras que você gosta (isso seria um registro do seu cotidiano). No exemplo da foto, as crianças acabaram usando canetinhas para fazer contornos, mas a ideia é que você faça como antigamente, usando os dedos mesmo. Deixe sua pintura secar. Depois que estiver tudo seco, preencha toda a folha com giz de cera ou lápis de cor cinza, para dar um aspecto de desenho na rocha. Amasse bem a folha, depois estique e veja o resultado!