Coronavírus cria novas formas de cumprimento no mundo
Na Austrália, o ministro da Saúde convidou os australianos a "dar tapinhas ao invés de apertar as mãos". Crédito da foto: Reprodução/Pxhere
Rejeitar uma mão estendida - sem ser rude - evitar beijar e abraçar, ou cumprimentar-se com os pés, são os novos comportamentos sociais que estão sendo adotados em vários países do mundo diante da nova epidemia de coronavírus.
Sylvie Briand, uma importante autoridade da OMS, retuitou um desenho que mostra maneiras alternativas de cumprimentar um ao outro, incluindo o "footshake" (saudação com o pé) e cotovelo com cotovelo.
China
Em Pequim, placas pedem que as pessoas não troquem apertos de mão, mas que unam as próprias em saudação. Nos alto-falantes, recomenda-se fazer o tradicional gesto gong shou, palma no punho, para dizer olá.
Em Wenzhou, uma das cidades mais afetadas, dois policiais rejeitaram, sorridentes, a mão estendida de um jornalista da AFP, preferindo trocar um "toque no cotovelo".
Irã
No Irã, onde o lema "Não aperto sua mão porque te amo" se multiplica, tem se desenvolvido uma maneira de cumprimentar-se entre homens (na República Islâmica não é conveniente apertar a mão entre pessoas de sexos opostos), que consiste em avançar o punho fechado em direção ao outro, que faz o mesmo sem que os dois punhos entrem em contato.
Um vídeo viral nas redes sociais mostra três homens, dois dos quais com máscara e com as mãos nos bolsos, que se cumprimentam alegremente tocando os pés um do outro: o "footshake".
França
Há alguns dias, os jornais aconselham sobre novos comportamentos a serem adotados para substituir os apertos de mão e beijos.
Lembrando que o aperto de mão é relativamente recente, a partir da Idade Média, e também muito ocidental, um especialista em boas maneiras entrevistado por vários meios de comunicação, Philippe Lichtfus, insiste na importância de "olhar" para a pessoa que cumprimenta.
Brasil
O ministério da Saúde recomendou que os brasileiros não compartilhem as bombas de metal usadas para beber chimarrão. O beijo, "mesmo que não seja na boca", também é totalmente desaconselhável.
Nova Zelândia
Várias instituições abandonaram o "hongi", uma tradicional saudação maori na qual duas pessoas tocam o nariz e a testa. A Universidade Politécnica WelTec de Wellington substituiu o "hongi" pelo "waiata", um canto maori, para a cerimônia de boas-vindas aos novos alunos.
Alemanha
Um exemplo dos novos comportamentos sociais e sanitários, o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, recusou-se na segunda-feira a apertar a mão estendida da chanceler Angela Merkel. Os dois riram.
Espanha
A pouco mais de um mês da Semana Santa, no início de abril, os beijos à Virgem podem ser banidos. "É uma das medidas cogitadas", afirmou um funcionário do ministério da Saúde, Fernando Simón.
Durante a Semana Santa, principalmente na Espanha, são realizadas procissões católicas em todo o país, onde milhares de fiéis correm para tocar as mãos e os pés da Virgem ou dos santos para pedir proteção.
Romênia
Na Romênia, o medo do novo coronavírus corre o risco de estragar a celebração do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. O secretário de Estado da Saúde, Nelu Tataru, aconselhou os homens a não beijar as mulheres e apenas oferecer um buquê de flores ou um amuleto da sorte (o "Martisor"), como dita a tradição no início da primavera. "Oferecemos flores, mas não beijos", recomendou.
A poderosa Igreja Ortodoxa autorizou os fiéis a parar de abraçar os ícones nas igrejas e a usar uma colher descartável para a comunhão.
Holanda
Na Holanda, onde agora é proibido dar a hóstia na boca, as dioceses não pensaram em tudo: de acordo com o jornal de referência De Volkskrant, na missa de domingo em uma igreja em Amsterdã, o cesto de oferendas passou de mão em mão, como de costume.
Líbano
"Footshake" também no Líbano, onde um vídeo viral mostra o cantor Ragheb Alama e o comediante Michel Abou Sleiman, alegres, tocando os pés quatro vezes.
Austrália
O ministro da Saúde do estado de Nova Gales do Sul, Brad Hazzard, convidou os australianos a "dar tapinhas ao invés de apertar as mãos". (AFP)