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Cenário pessimista em 2022 parece pouco provável

Escrito por Fernando Calmon

11 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Fábrica de Sorocaba da Toyota
Fábrica de Sorocaba da Toyota (Crédito: DIVULGAÇÃO / TOYOTA DO BRASIL)

Dificuldades de curto prazo são evidentes. O mercado de veículos continuou fraco em outubro e sinaliza dificuldades até o final do ano. Embora as vendas acumuladas nos dez primeiros meses de 2021 tenham crescido 9,5% em relação ao mesmo período de 2020, a projeção da Anfavea indica que este ano se encerrarão com algo entre menos 1% e mais 3%. Os estoques continuam bem abaixo da média histórica, apenas 17 dias em outubro. Volume corresponde a menos da metade do que seria considerado normal nessa época, quando a indústria precisa enviar mais carros às concessionárias para compensar as férias coletivas de fim de ano.

A produção acumulada até outubro está 16,7% maior que a dos 10 meses do ano passado e as exportações, mais 26,8%. Para o ano completo, a previsão da entidade é de crescimento entre 6% e 10% do número de veículos produzidos e de 10% a 16% para o total de unidades exportadas.

O fato é que a escassez mundial de semicondutores (também conhecidos como circuitos integrados ou chips), este ano, tem se revelado bem maior do que se estimava no final de 2020, quando as previsões para 2021 foram divulgadas. A consultoria internacional BCG estima que entre 10 e 12 milhões de unidades em todo o mundo deixarão de ser produzidas este ano. E a consultoria também não vislumbra boas notícias para 2022, pois espera uma quebra da produção mundial de cinco milhões de veículos e a volta à normalidade apenas em 2023.

Afinal, o cenário econômico brasileiro está assim tão ruim? Na produção de veículos ficamos menos mal que a média no mundo. No tocante à inflação, Estados Unidos, maior economia do mundo, e Alemanha, a maior da União Europeia, terão taxas em 2021 de 6% e 5%, respectivamente. Índices três vezes maiores do que as médias históricas; no Brasil, em torno de 2,5 vezes mais.

Será 2022 muito fraco para a nossa economia? Este ano foi marcado por vários leilões de infraestrutura, incluindo portos, aeroportos, estradas, energia e, semana passada, telefonia celular 5G. Pode significar investimentos crescentes em vários setores já a partir do ano que vem. Especificamente a indústria automobilística fez novos anúncios ou mesmo confirmações (R$ 10 bilhões, caso da GM no começo de 2021).

Toyota inicia em janeiro próximo o terceiro turno em Sorocaba, Nissan (RJ) e Citroën (RJ) retomam segundo turno, chinesa Great Wall comprou a fábrica de automóveis da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) para começar a produzir no primeiro trimestre de 2023 (investirá ao menos R$ 1,5 bilhão), Stellantis está aplicando R$ 16 bilhões (2019-2025), Renault R$ 1,1 bilhão (2021-2022) e anuncia esta semana novo aporte. Esses valores não incluem os fabricantes de veículos pesados, que também vão investir.

Semana passada, a Volkswagen confirmou despender de R$ 7 bilhões no quinquênio 2022-2026, na América do Sul. Como a marca tem quatro fábricas aqui, estima-se que mais de 80% desse montante se destinará ao Brasil. A empresa renovará seu portfólio de produtos de entrada com o Polo Track, em 2023. Para isso implantará em Taubaté (SP) a fabricação de sua arquitetura MQB que originou 45 modelos, entre quatro marcas do grupo, em todo o mundo.

Que tal menos pessimismo?

Alta Roda

PRESIDENTE da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, acredita que até o final do ano há chance de aprovação do projeto de lei de autoria da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) para recriar o limite de isenção do IPI para veículos PcD (Pessoas com Deficiência) por mais cinco anos. Talvez aumente de R$ 70.000 para R$ 120.000 o valor de modelos elegíveis para esse programa. Moraes também gestiona para que o Brasil consiga estimular a construção de uma fábrica de semicondutores. Deixaria o País menos exposto em setor tão sensível.

EMPRESA inglesa de seguros Uswitch pesquisou sobre as marcas automobilísticas mais retratadas com posts ou repassadas por meio de quatro das principais redes sociais: Instagram, TikTok, Twitter e Pinterest. Esse índice de popularidade mundial entre 42 marcas apontou as dez primeiras colocadas no resultado consolidado: BMW, Ford, Mercedes-Benz, Honda, Toyota, Jeep, Porsche, Nissan, VW e Audi.

SOLUÇÃO híbrida do Honda Accord tem foco na redução de consumo de combustível. Em avaliação foi possível alcançar mais de 19 km/l em uso misto de cidade e estrada. Embora a tração 100% elétrica só ocorra por apenas um ou dois quilômetros, o sistema e-HEV gerencia muito bem o motor a combustão e os dois elétricos (um deles, gerador). Potência combinada, de 215 cv, não é declarada no Brasil. Desempenho bom para um sedã grande (quase 4,9 m de comprimento), sem chegar a empolgar.

HOUVE repercussão aqui sobre o Tesla Model 3 como o carro mais vendido em setembro, na Europa. Mas deve-se considerar que o modelo ainda não é produzido na Europa e sim na China, onde a escassez de semicondutores é menos grave. Por isso, vários fabricantes europeus tiveram que parar as linhas de produção. Sem carros para vender entre os de maior procura, distorções surgem.

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